Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras para o exercício findo em 31 de dezembro 2020 (Em milhares de reais - R$, exceto quando especificado de outra forma) 1. CONTEXTO OPERACIONAL: A Ferrovia Transnordestina Logística S.A. (“FTL” ou “Companhia”) é uma sociedade anônima registrada na CVM, com sede em Fortaleza - CE, constituída em 29 de outubro de 2012, com o objetivo de explorar, por concessão onerosa, o serviço público de transporte ferroviário de carga nas faixas de domínio da Malha Nordeste. A malha ferroviária da FTL tem sua origem na privatização da Malha Nordes- te em 31 de dezembro de 1997, pela Companhia Ferroviária do Nordeste S.A – CFN (anterior razão social da Transnordestina Logística S.A. - TLSA), que incorporou os ativos existentes e o direito de concessão da malha ferro- viária da antiga Rede Ferroviária Federal – RFFSA até 2027. Essa concessão previa os trechos ferroviários São Luís - Mucuripe, Arrojado - Cabedelo e Macau – Recife (Malha I). Posteriormente a TLSA empreendeu esforços e investimentos na construção da nova ferrovia denominada Transnordestina, compreendendo os trechos ferroviários Missão Velha - Salgueiro, Salgueiro - Trindade, Trindade - Eliseu Martins, Salgueiro - Porto de Suape e Missão Velha - Porto de Pecém (Malha II). Em 20 de setembro de 2013 foi autori- zada pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) no âmbito do acordo de investimentos, pela Companhia Siderúrgica Nacional – CSN (controladora da FTL), Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. e o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste - FDNE, a Cisão da concessão para exploração e desenvolvimento do serviço público de transporte ferroviário de carga da Malha Nordeste, composta pela Malha I e Malha II, e a Cisão Parcial da TLSA, através das resoluções no 4.041/2013 e no 4.042/2013 e da deliberação no 37/2013. A cisão fez parte de uma proposta de segregação de ativos e passivos da Malha I e Malha II, sendo aprovada pelos acionistas da cindida no dia 27 de dezembro de 2013. A FTL incorporou os ativos e pas- sivos da Malha I. Contrato de concessão: As concessionárias ferroviárias são oriundas, em sua maioria, do processo de desestatização da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. - RFFSA. O modelo adotado no processo de deses- tatização da RFFSA promoveu a celebração de dois tipos de contratos com o poder concedente. Um dos contratos trata da concessão dos serviços de transportes ferroviários de cargas e passageiros onde são estabelecidas as cláusulas para operação e os valores de outorga que devem ser pagos ao poder concedente pela concessionária. O segundo contrato é de arrendamen- to dos bens pré-existentes e operados pela RFFSA (ver nota explicativa nº 10), e trata da vinculação destes na prestação dos serviços ferroviários de transporte. Embora existam dois contratos com formas jurídicas distintas, a essência econômica de ambos é uma só, ou seja, a obtenção do direito de exploração do serviço público de transporte ferroviário de cargas e passagei- ros, assim devem ser tratados como sendo um só. O contrato de concessão é um contrato a executar onde o pagamento da concessão é realizado em par- celas fixas pré-definidas ao longo do contrato, assim como suas obrigações, não existindo a penalidade contratual para a descontinuidade provocada pelo concessionário. Atualmente a FTL possui malha ferroviária operacional que conecta os estados do Maranhão, Piauí e Ceará ao longo de 1.191 quilôme- tros. Os demais trechos ferroviários, que compõem a Concessão nos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, e estão com tráfe- go suspenso, se encontram em processo de negociação para sua devolução junto a ANTT e DNIT. Existe um procedimento administrativo perante a Agência Nacional de Transportes (“ANTT”) que avalia o regular cumpri- mento das obrigações do Contrato de Concessão pela Companhia. Em fun- ção de uma avaliação unilateral, a ANTT informou que a Companhia teria descumprido o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado em 2013 espe- cificamente em relação ao descumprimento da meta de produção de 2013. Neste contexto, em 2020, a ANTT propôs à União a declaração da caducida- de do Contrato de Concessão da FTL e a instauração de processo adminis- trativo no âmbito da Superintendência de Infraestrutura e Serviços de Trans- porte Ferroviário de Cargas – SUFER. A recomendação da ANTT, que foi fundamentadamente contestada pela FTL, não vincula o Poder Concedente, tampouco põe fim à discussão, eis que ainda estão pendentes as avaliações do Ministério da Infraestrutura e da Presidência da República. Além disso, é igualmente possível o reexame judicial da matéria. A Companhia continua suas atividades operacionais, com fundada expectativa de que seja mantida a continuidade das suas operações. Continuidade operacional: Em 31 de de- zembro de 2020, a Companhia apresenta um capital circulante líquido nega- tivo no montante de R$ 46.084 (R$ 37.751 em 31 de dezembro de 2019) e prejuízo de R$ 38.711 (R$ 57.072 em 31 de dezembro de 2019). Os ingres- sos de recursos na Companhia nos próximos meses, além dos decorrentes de suas atividades operacionais, serão oriundos de adiantamentos para futuro aumento de capital-AFAC e suporte financeiro via contratos de mútuo (ver nota explicativa no 9 – Partes relacionadas). Adicionalmente, a Administra- ção vem efetuando monitoramento permanente e adotando medidas que pos- sam impactar positivamente nas operações da Companhia. Impactos do CO- VID-19: A administração avaliou os impactos ocasionados pela pandemia de COVID-19 nas suas operações e nas demonstrações financeiras com data- -base 31 de dezembro de 2020. Abaixo, seguem elencados por tópicos os pontos que a administração entende serem os mais relevantes a serem repor- tados. a) Risco de continuidade operacional: Em complemento ao parágrafo de continuidade operacional abordado acima, a administração não identifi- cou indícios adicionais que possam depreciar suas condições financeiras e levar a descontinuidade operacional. Em 2020, a Companhia precisou rea- valiar o seu plano de negócios ante ao projetado inicialmente para o ano, ocorrendo uma redução na receita líquida projetada para o exercício de 8,2%. A receita líquida da Companhia foi de R$ 146,1 milhões, quando comparado ao resultado de 2019, apresenta um aumento de R$ 17,6 milhões, para 2021 a receita líquida projetada é de R$ 178,9 milhões. b) Investimen- tos: Inicialmente a Companhia possuía uma previsão de investimentos base- ada no plano quinquenal que objetiva a revitalização de vias e melhoria do resultado operacional da ferrovia. Em 2020, como consequência de um ce- nário com pandemia, o plano de investimento foi reavaliado, priorizando os investimentos essenciais e postergando os demais. O valor de investimentos realizados em 2020 foi de R$ 32,3 milhões e a projeção dos investimentos para 2021 é de R$ 60 milhões. c) Resultado do exercício: Em 2020, ao compararmos o resultado operacional, houve uma redução na receita líquida de R$ 13 milhões, que representa uma redução de 8,2% em relação ao orça- mento previsto inicialmente para o mesmo período. No acumulado do ano, a Nota explicativa 31/12/2020 31/12/2019 FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS Prejuízo do exercício (38.711) (57.072) Ajustes para reconciliar o prejuízo do exercício com o caixa líquido gerado pelas (aplicado nas) atividades operacionais: Depreciações e amortizações 10 49.628 48.597 Variações monetárias e juros - líquido 1.136 (3.561) Juros sobre arrendamentos a pagar 14 e 20 5.061 4.609 Provisões para riscos fiscais, trabalhistas e cíveis 15 4.061 8.191 Apropriação de adiantamentos de receitas (830) (830) Apropriação de seguros 2.095 2.338 Baixa de custo de transação de empréstimo 12 - 74 Perdas estimadas com créditos de liquidação duvidosa 19 208 129 Perdas estimadas em estoques 6 (167) 463 Resultado na baixa de ativo imobilizado 10 9 196 Baixas de impostos a recuperar - 6.690 (Aumento) redução nos ativos e passivos operacionais: Contas a receber de clientes e outros créditos (3.184) 2.194 Estoques (2.974) (9.849) Depósitos judiciais (14.471) (7.341) Impostos a recuperar 5.206 (3.058) Outras contas a receber 38 148 Despesas antecipadas (2.059) (1.889) Partes relacionadas - 14.572 Fornecedores (4.722) (6.116) Adiantamento de clientes (4.809) 1.473 Nota explicativa 31/12/2020 31/12/2019 Arrendamentos a pagar - (3.848) Outras contas a pagar (2.035) (1.880) Partes relacionadas a pagar 17.312 10.049 Impostos e contribuições a recolher 3.196 2.363 Juros pagos sobre empréstimos e financiamentos 12 (222) (1.137) Juros pagos sobre arrendamento 14 (8.480) (5.784) Caixa líquido gerado (aplicado nas) atividades operacionais 5.286 (279) FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO Aquisição de imobilizado 10 e 23 (30.430) (78.597) Caixa líquido aplicado nas atividades de investimento (30.430) (78.597) FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO Adiantamento para futuro aumento de capital 9 7.104 18.104 Obtenção de mútuo com controladora 11.209 95.132 Amortização de financiamentos com o BNDES 12 (6.882) (16.967) Amortização de arrendamentos 14 (5.558) (1.425) Caixa líquido gerado pelas atividades de financiamento 5.873 94.844 AUMENTO (REDUÇÃO) DO SALDO DE CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA (19.271) 15.968 Caixa e equivalentes de caixa no início do exercício 21.810 5.842 Caixa e equivalentes de caixa no final do exercício 2.539 21.810 AUMENTO (REDUÇÃO) DO SALDO DE CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA (19.271) 15.968 Demonstrações dos Fluxos de Caixa para o exercício findo em 31 de dezembro de 2020 (Em milhares de reais - R$ mil) As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras. 59 DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO | SÉRIE 3 | ANO XIII Nº085 | FORTALEZA, 12 DE ABRIL DE 2021Fechar