Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Este documento pode ser verificado no endereço eletrônico http://www.in.gov.br/autenticidade.html, pelo código 05152022072700013 13 Nº 141, quarta-feira, 27 de julho de 2022 ISSN 1677-7042 Seção 1 3. Plano proposto Como parte do ecossistema de Semicondutores, a microeletrônica foi escolhida como setor prioritário na Política Industrial, Tecnológica e Comércio Exterior (PITCE). O Comitê da Área de Tecnologia da Informação - CATI, como comitê gestor do Fundo Setorial de Informática, aprovou em dezembro de 2002, o Programa Nacional de Microeletrônica - PNM Design, objeto da Resolução no. 108, de 6 de dezembro de 2002. Em junho de 2005, no âmbito do PNM-Design, foi aprovado o Programa CI-Brasil, que tem por objetivo desenvolver ações para o estabelecimento de um ciclo contínuo de capacitação e implantação, desenvolvimento e consolidação da área de Microeletrônica no País, inserindo assim o Brasil no mercado mundial de projetos de circuitos integrados. Uma das principais ações do Programa CI-Brasil foi apoiar a criação, instalação e atração de empresas de projeto de circuitos integrados, Design- Houses (DHs). Com o intuito de aprofundar as ações da PITCE de Semicondutores, foi sancionada pelo Presidente da República a Lei nº 11.484, de 31 de março de 2007, que estabeleceu um conjunto de medidas para o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Semicondutores - PADIS (com alterações subsequentes), incluindo ações que abrangem todas as etapas de concepção, projeto, desenvolvimento e fabricação destes dispositivos. Para o efetivo sucesso das medidas de desoneração de investimentos em projeto e fabricação de circuitos integrados, foi identificada como chave a disponibilidade em grande quantidade de recursos humanos treinados em um ambiente profissional de nível internacional. Assim, implantou-se o programa de formação complementar de recursos humanos qualificados. O ano corrente acrescentou um agravante neste cenário. A indústria de semicondutores também tem sofrido com a pandemia causada pelo COVID-19 e de maneira dramática para a demanda e a oferta globais. Esta crise gera desafios relacionados à redução da força de trabalho e gestão de custos em curto prazo. De acordo com o relatório McKinsey & Company (Coronavirus: Implications for the semiconductor industry. April 2020), existe uma expectativa que a demanda caia de 5 a 15% neste setor em 2020, se comparada a 2019. As projeções para os mercados finais - comunicação com e sem fio, servidores, PC, aplicações industriais e automotivo - amargam grandes variações, possivelmente pela diversidade de tendências que afetam a demanda por semicondutores e o impacto variável das forças macroeconômicas sobre cada mercado. A pandemia promete alterar consideravelmente o posicionamento destas empresas no mercado, e essas precisarão revistar suas estratégias de negócio para atendimento ao setor. A McKinsey sugere um caminho para recuperação das empresas em sua chegada ao próximo normal que inclui cinco etapas: resolução, resiliência, retorno, reimaginação e reforma. A indústria de semicondutores está habituada a uma dinâmica de mudanças frequentes, este caminho pode levar à renovação com mais cuidado, e certamente serão necessários apoio técnico e recursos. 3.1. Objetivos 3.1.1. Geral : Pretende-se fomentar a pesquisa de ponta em temas e linhas de pesquisa e, como consequência das ações do programa, estabelecer uma relação profícua e duradoura de parceria entre ICTs brasileiras com empresas brasileiras e o ambiente global de inovação, com fins ao aumento da competitividade nacional em P,D&I na ampliação e na criação de competências tecnológicas em diversos setores industriais e de negócios intensivos em tecnologia no setor de Semicondutores, estendendo do setor de comunicações digitais em alta taxa, com resultados diretos para o setor de tecnologias de informação e comunicações - TIC, para o desenvolvimento de equipamentos eletrônicos. 3.1.2. Objetivos Específicos : a) Tornar o setor de TICs Brasileiro protagonista no fornecimento de tecnologias para o mercado interno e internacional; b) Aumentar a densidade de soluções tecnológicas em TICs de alto valor agregado; c) Ter um maior envolvimento em projetos de P,D&I das empresas de base tecnológicas, startups, pequenas e médias empresas de TICs; d) Incentivar a pesquisa acadêmica realizada de forma sistemática para adquirir novos conhecimentos, visando descobrir novas aplicações; e) Promover a criação de Projetos de P,D&I com vistas a desenvolver novos materiais, produtos, dispositivos ou programas de computador, para implementar novos processos, sistemas ou serviços ou, então, para aperfeiçoar os já produzidos ou implantados, incorporando características inovadoras; f) Popularizar a gestão tecnológica, fomentando à invenção e inovação; g) Incentivar intercâmbio científico e tecnológico, internacional e inter-regional; h)Criar projetos que visem a formação ou capacitação profissional de níveis médio e superior, para aperfeiçoamento e desenvolvimento de recursos humanos em tecnologias da informação e comunicações, para aperfeiçoamento e desenvolvimento de recursos humanos envolvidos nas atividades de desenvolvimento e inovação e, para aperfeiçoamento e desenvolvimento em cursos de formação profissional, de nível superior e de pós-graduação. 3.2. Diretrizes do PNM Design para o avanço e fortalecimento do setor de TIC no País: O domínio deste tipo de tecnologia poderá propiciar o desenvolvimento de outros sistemas avançados para áreas como defesa, aeronáutica e aeroespacial. A absorção parcial ou total desta plataforma tecnológica pelo complexo industrial do setor de eletrônica e telecomunicações brasileiro levará à agregação de valor aos produtos existentes e ao surgimento de novas soluções comerciais, cujos desdobramentos levarão ao adensamento tecnológico da cadeia produtiva na área de TIC, propiciando a exportação de produtos com alto valor agregado. Sob a dimensão sistêmica, projeta-se consolidar o sistema nacional de inovação por meio da ampliação das competências científicas e tecnológicas e sua inserção nas empresas. O fomento ao desenvolvimento de plataformas tecnológicas está alinhado com as diretrizes estruturantes e sistêmicas do Governo Federal. Também há de se considerar que a rápida expansão do acesso às telecomunicações nos últimos anos, associada ao movimento de convergência tecnológica, criou um mercado expressivo para software e serviços de tecnologias de informação. Este mercado só se torna possível havendo infraestrutura de comunicação disponível. Neste contexto, o desenvolvimento tecnológico estruturante busca justamente a criação de equipes e ambiente para o projeto de soluções de plataforma para os setores elencados como estratégicos; como, por exemplo, gerar competência para promover soluções e produtos para a universalização de acesso à internet (inclusão digital). 3.3. Agenda estratégica: Esta proposta para o PPI/PNM Design estabelece as seguintes ações em semicondutores e microeletrônica: § AÇÃO 1: Gestão e execução de projetos de P&D&I - Esta ação visa coordenar os projetos executados no âmbito da PPI/PNM Design das seguintes modalidades: a) Projetos estruturantes - Coordenação de projetos de PD&I estruturantes, em parceria com Universidades, Centros de Pesquisa, ICTs catiadas, cujos resultados visam a evolução da infraestrutura de TICs, podendo incluir Novas infraestruturas, Novos serviços e/ou produtos, aprimoramentos para redução da complexidade no uso (usabilidade), economicidade, e Criação de novos negócios através de Startups. Os resultados dos projetos estruturantes serão usados pela sociedade em geral; b) Projetos de cooperação internacional - Estabelecimento de projetos de cooperação internacional entre Universidades, Centros de pesquisa nacionais, ICTs catiadas, com suas congêneres internacionais, formando consórcios, para executar projetos em PD&I. As instituições brasileiras, nestes consórcios, têm sua parte financiada por recursos deste PPI, enquanto as estrangeiras serão financiadas pelos seus respectivos países; c)Projetos de P&D&I executados por universidades, centros de pesquisa, ICTs catiadas em cooperação com empresas - as universidades, centros de pesquisa nacionais e ICTs catiadas desenvolvem projetos de P&D&I em cooperação com as empresas que aportam recursos no PPI. A entidade coordenadora do PPI/PNM Design poderá intermediar a cooperação entre ambiente acadêmico e empresas e/ou elaborar editais específicos para potencializar os resultados, promover a inovação e levar à criação e implantação de novos produtos e serviços. § AÇÃO 2: Capacitação e aperfeiçoamento em tecnologias de semicondutores e microeletrônica - Esta ação visa a capacitação e aperfeiçoamento de profissionais a fim de desenvolver não apenas habilidades já fundamentadas, mas também novas competências. O impacto potencial dos resultados desta ação se dará em vários setores da economia, tendo em vista que a evolução tecnológica em muitos setores utiliza a integração de sistemas eletrônicos como plataforma tecnológica, promovendo, desta forma, o largo uso de circuitos integrados nos mais diversos produtos. Em particular, setores como de comunicações, tecnologia da informação, IoT ("internet das coisas"), smart grids, educação interativa, entre outros, são intensivos no uso de plataforma eletrônicas integradas específicas. § AÇÃO 3: Suporte à inovação em empresas nascentes de TICs (startups) - Esta ação visa incentivar, apoiar e/ou suportar a criação de startups, principalmente na área de hardware. Em particular, quando se trata de startups de hardware, a solução exige a contratação de mão de obra especializada, projeto físico e lógico da solução, aquisição de insumos e a montagem do hardware. Acrescenta-se a isso, o conhecimento do ciclo de vida do produto hardware, as dificuldades intrínsecas da introdução, manutenção do produto no mercado, gestão da demanda e do processo produtivo, financiamento do capital necessário ao longo do ciclo de vida, gestão de fornecedores até finalmente a retirada de cada produto do portfólio (EOL - End of Life). Este processo faz com que as startups de hardware tenham uma rotina e um ecossistemas diferente das demais. A SBMicro recentemente publicou um estudo sobre ecossistema das Startups de Hardware brasileiras, em que sugere uma série de ações para que o Brasil tenha domínio intelectual de todo o processo envolvido com o projeto e desenvolvimento de hardware, mesmo sobre aqueles que são fabricados fora do país, para que seja competitivo em diferentes mercados e mantenha seu capital intelectual em seu território. 3.4. Rotas tecnológicas para o avanço e fortalecimento do setor de TIC no País: O BNDES publicou recentemente a sua agenda de desafios do desenvolvimento brasileiro no longo prazo (até 2022). Dentre as diversas linhas destacamos as principais diretamente ligadas ao setor de TICs: a) Universalizar as telecomunicações e promover a economia criativa e a sociedade digital; b) Difundir manufatura avançada, promover o emprego qualificado e a eficiência no uso de recursos dos setores de bens de capital e automotivo; c) Apoiar a geração e distribuição de energia renovável e iniciativas de eficiência energética da construção à compra de equipamentos, inclusive a eficiência energética nas cidades; d) Apoiar a transformação digital do setor público: doing business, RedeGov e cidades inteligentes; e) Promover o empreendedorismo; f) Estimular o desenvolvimento do ecossistema de inovação e colaborar para a continuidade do processo inovador; g)Atuar de forma coordenada com o Sistema Nacional de Inovação e apoiar a formulação e estruturação de políticas públicas de inovação; h)Aumentar o apoio a transformação digital para administração pública; i)Promover cidades inteligentes, e-gov; j) Investir em infraestrutura, tratamento de dados e qualificação profissional para promover a transformação para economia do conhecimento; k) Estruturar e investir em fundos com foco em inovação e empreendedorismo; l) Captar recursos para alavancar projetos inovadores. A Internet das Coisas (IoT) também é o tema do momento que estabelece uma rota tecnológica importante para a área de dispositivos semicondutores conforme documento publicado pelo BNDES (Road map tecnológico - versão 2.0 - 2017): a) Sensor nodes de IoT tendem a continuar se valendo de unidades micro controladas (UMCs) como computador principal; a evolução destes deve ser marcada principalmente pela queda de custo em relação ao aumento de capacidade; b) Alguns casos de uso devem demandar um alto desempenho computacional embarcado em objetos inteligentes; c) Profissionais para o desenvolvimento de software embarcado devem ser cada vez mais requisitados pelo mercado. O diferencial destes profissionais provavelmente se dará pela proficiência no uso de projetos de código aberto de referência; d) A grande diversidade de casos de uso de IoT deve estimular inovações em microeletrônica, como SoC customizado, e mecanismos como o MPW (Multi-Project Wafer), com potencial de viabilizar projetos de microeletrônica para IoT em start-ups; e e) Gateways devem ser utilizados para uma grande quantidade de casos de uso, prestando serviços (por exemplo, acesso à rede e segurança) aos dispositivos. 3.5. Objetivos e Desafios Tecnológicos: Os objetivos prioritários a serem alcançados por meio de projetos estruturantes a serem financiados com recursos do PPI/PNM Design são: a) Buscar e incentivar a participação de empresas com perspectivas de desenvolvimento e crescimento em ambiente local, bem como universidades, instituições de pesquisa científica e tecnológica (ICTs) credenciadas ao Comitê de Área de Tecnologia de Informação (CATI), cuja produção científica tenha relação com os temas definidos, mantendo uma base de empresas e universidades com potencial de estabelecimento de parceria e execução de projetos em conjunto e com temas alinhados com a estratégia do PPI/PNM Design para a área de TICs; b) Atrair empresas para investir no PPI/PNM e estabelecer parcerias entre instituições acadêmicas e de pesquisa (ICTs), com o objetivo de aproximar a academia e o setor produtivo, levando inovações tecnológicas em Semicondutores e microeletrônica a gerar riquezas, mercados e potencial competitivo brasileiro em nível internacional na área de TIC; c) Selecionar projetos em linhas temáticas em concordância com as diretrizes do PPI/PNM Design; d) Elaborar e coordenar chamadas entre o Brasil e parceiros internacionais, contribuindo não só para a internacionalização dos resultados dos projetos de P,D&I, mas também em intercâmbio de pesquisadores e de conhecimento, assim como no amadurecimento na gestão de projetos com escopo internacional; e e) Fomentar projetos de inovação em parceria com empresas nascentes de TIC (startups). Os desafios prioritários a serem superados por meio de projetos estruturantes a serem financiados com recursos do PPI/PNM Design são: a) Fomentar e coordenar parceria entre academia e indústria, visando a elaboração e execução de projetos para desenvolvimento de soluções para problemas em comum através da elaboração de projetos e investimento privado no PPI; b) Promover parcerias entre instituições nacionais e internacionais através das chamadas coordenadas, bem como incentivar a participação da indústria na execução dos projetos; c) Formação de equipes mistas, compostas por alunos de graduação, mestrado, doutorado, os quais podem atuar nas universidades ou nas empresas, incentivando que funcionários venham a se capacitar em nível de mestrado ou doutorado; d) Disseminação de resultados em âmbito nacional e internacional: um grande desafio é disseminar os resultados não apenas academicamente, mas também em áreas como indústria e governo, os quais possam ter interesse nos resultados e soluções elaboradas no contexto dos projetos; e) Definição de linhas temáticas de acordo com as diretrizes do PPI/PNM Design; f) Impulsionar a inovação no setor de TICs através do desenvolvimento de semicondutores e microeletrônica; e g) Coordenação eficiente dos projetos desenvolvidos dentro dos programas. 3.6. Linhas temáticas de P,D&I: Pretende-se no âmbito do PPI/PNM Design atender as demandas de maior necessidade da indústria nacional de forma transversal pelas razões enumeradas no item Desafios Tecnológicos, incluindo as demais áreas prioritárias do CATI. Neste contexto, deverão ser desenvolvidas as seguintes linhas temáticas de P&D&I: a) P&D em materiais semicondutores e microeletrônica - estudo e desenvolvimento de novos materiais semicondutores avançados, processos de crescimento e deposição de filmes finos e ultrafinos, estudo de interfaces, estudo de dispositivos e novas estruturas semicondutoras, projeto de circuitos integrados, tecnologias de encapsulamento (packaging), estudo e desenvolvimento de processos de microeletrônica, tecnologias de teste de circuitos integrados etc; b) Capacitação e aperfeiçoamento de pessoal - desenvolver mecanismos para a manutenção do curso de treinamento na formação de projetistas de circuitos integrados, desenvolver novos cursos de treinamento em tecnologias de encapsulamento e teste de dispositivos semicondutores, processos de microeletrônica. Fomentar e ampliar as atividades das escolas e das oficinas de microeletrônica; e c) Inovação em empresas nascentes de TICs (startups) voltadas para hardware - Apoiar programas de criação e fomento de empresas nascentes na área de hardware. Definir programas específicos para o fomento de startups de hardware.Fechar