DOE 28/07/2022 - Diário Oficial do Estado do Ceará
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DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO | SÉRIE 3 | ANO XIV Nº154 | FORTALEZA, 28 DE JULHO DE 2022
isso, constrangedor.
SR. RELATOR DEPUTADO ELMANO FREITAS (PT): O presidente atual?
SR. SOLDADO PM ELTON RÉGIS DO NASCIMENTO (Depoente): É.
SR. RELATOR DEPUTADO ELMANO FREITAS (PT): Vossa Senhoria fazia críticas ao Bolsonaro, então, por isso Vossa
Senhoria não podia fazer porte da diretoria da APS?
SR. SOLDADO PM ELTON RÉGIS DO NASCIMENTO (Depoente): Sim, porque isso iria desagradar aos associados. É meio
sem lógica, mas foi a justificativa que foi dada.
Apesar disso, percebe-se a elaboração de estratégia por parte de seus dirigentes, para buscar separar, apenas formalmente, a atuação da Associação
das ações do grupo político formado a partir dela.
Do depoimento prestado pelo Vereador Sargento Reginauro, disponível às fls. 8.850-9.898, vemos que o Capitão Wagner “passou”, após sua eleição
para o cargo de vereador, a Presidência da APS para o Sargento Reginauro, que alegou que Wagner teria alterado o estatuto para incluir vedação para aqueles
que assumissem cargos de Deputados de continuar na direção da entidade:
SR. VEREADOR SARGENTO REGINAURO SOUSA NASCIMENTO (Convidado): (...) Essa Entidade foi fundada pelo deputado
federal atual, o homem que ameaça o poderio de um grupo político que estámandando no Estado há mais de vinte anos, a maior
oligarquia viva do Estado do Ceará; ele é o fundador dessa Entidade, mas ele deixou a presidência dela porque ele criou no Estatuto
da Casa, ele mesmo, Delegado Cavalcante, colocou lá um artigo: olha, quem assumir cargo de deputado não vai continuar na
presidência. E assim que ele foi eleito me passou a presidência da Instituição.
Verificando-se o Estatuto da APS e suas modificações, contudo, não há em qualquer dispositivo de suas disposições a vedação supostamente incluída
pelo presidente até então, Deputado Wagner.
Além disso, conforme depoimento do atual presidente da Associação Senhor Clayber Barbosa Araújo, disponível às fls. 9.799-9.827, o Capitão
Wagner manteve-se como Presidente Honorário da Associação, desvinculando-se formalmente, mas mantendo o laço de autoridade com a Entidade:
SR. DEPUTADO ELMANO FREITAS (PT): O Capitão Wagner é considerado um Presidente de Honra de APS?
SR. CLAYBER BARBOSA ARAÚJO (Convidado/depoente): Ele era.
SR. DEPUTADO ELMANO FREITAS (PT): Ele era Presidente de Honra?
SR. CLAYBER BARBOSA ARAÚJO (Convidado/depoente): Ele era Presidente de Honra.
Nesse sentido, conforme depoimento do Senhor Soldado da PM Elton Régis do Nascimento, disponível às fls. 11.125-11.171, havia na Associação
três pessoas à frente, que muitas vezes tomavam a decisão e a diretoria só era comunicada, personagens aos quais ele se referia como “santíssima trindade”,
fazendo parte dela, de forma alternada, Capitão Wagner, Sargento Reginauro, Soldado Noélio, e Clayber Araújo, sendo certo que, não existiam decisões
mais importantes dentro da diretoria que não passassem pelo crivo do Capitão Wagner.
Senhor SOLDADO PM ELTON RÉGIS DO NASCIMENTO: eu sempre me referi a determinadas pessoas, normalmente tinham
três pessoas à frente lá na APS, que muitas vezes a decisão já estava tomada, a diretoria só é comunicada. Então, eu me referia a
certos personagens que tinham essa decisão como santíssima trindade (...) num determinado momento quando o Capitão Wagner
foi presidente era ele, Sargento Reginauro, Soldado Noélio, às vezes com a participação do Clayber Araújo, e depois; com a
saída, ficou Sargento Reginauro, Soldado Noélio e Clayber Araújo. Depois tem o Clayber Araújo, David Barbosa e, às vezes, eles
consultavam, enfim, assim, não tinham decisões mais importantes dentro da diretoria que não passassem pelo crivo do Capitão
Wagner, do Deputado Capitão Wagner, embora muitas vezes ele dissesse: Não, eu não quero interferir, mas a gente sabia que
havia essa consulta. isso é fato.
É nesse contexto que chegamos aos eventos que levariam aos motins de 2020, com grupo político estabelecido a partir da atuação institucional da
Associação dos Profissionais da Segurança – APS – que se coloca, em suas palavras, como a principal oposição “à mais duradoura oligarquia política da
história do Ceará, a da família Ferreira Gomes”.
A Associação, nesse conjuntura, passa a mobilizar, em atuação protosindical, os seus associados para os atos que levariam à formação dos motins,
conforme se pode observa das páginas nas redes sociais da Associação dos Profissionais da Segurança – APS – que possuem diversas postagens, disponíveis
às fls. 341-343, por meio do ofício 1263/2021 enviado pelo E. TJCE, convidando seus associados para participar dos eventos, com a participação Deputado
Wagner, do Deputado Soldado Noélio e do Vereador Reginauro, tendo estes destaque nas publicações, com fotos e vídeos mobilizando os associados para os atos:
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