DOEAM 19/04/2023 - Diário Oficial do Estado do Amazonas - Tipo 1
DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO AMAZONAS
Manaus, quarta-feira, 19 de abril de 2023 3
L
evar informação ao maior número de pes-
soas e chegar ao entendimento das comu-
nidades indígenas. Essa é a proposta da
Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do
Estado do Amazonas (Adaf) ao lançar material
informativo sobre a monilíase do cacaueiro e
cupuaçuzeiro traduzido para a língua Baniwa.
A tradução foi realizada pelo técnico de
fiscalização agropecuária Bruno Silva e Silva,
que pertence à etnia Baniwa e nasceu em São
Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros de
Manaus), com grande número de habitantes
indígenas e onde Baniwa, Tukano e Nheengatu
são línguas oficiais. “Mais de 40 mil pessoas, se
não falam, pelo menos entendem essas línguas
aqui”, afirmou.
Bruno acredita que a tradução – que será
impressa em cartazes e folders que serão dis-
tribuídos em visitas às comunidades – deve ter
grande impacto na agricultura da região, con-
siderando a localização do município. “Como
estamos na fronteira da Venezuela e Colômbia,
é bom que todos consigam entender o perigo
dessa doença entrar aqui, além de também ser
uma forma de valorizar nossa língua. Finalmen-
te os órgãos do nosso estado estão desper-
tando e querendo atingir o maior número de
pessoas, principalmente os povos originários”,
destacou.
A monilíase é uma praga de alto poder des-
trutivo, detectada no fim do ano passado, em
plantações não comerciais de cacau e cupuaçu
nos municípios de Tabatinga e Benjamin Cons-
tant (respectivamente, a 1.108 e 1.121 quilô-
metros de Manaus). Desde então, o Ministério
da Agricultura e Pecuária (Mapa), com o apoio
da Adaf, do Instituto de Desenvolvimento
Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado
do Amazonas (Idam) e órgãos parceiros, têm
trabalhado para delimitar a extensão da doen-
ça e combatê-la.
Nesses municípios onde a monilíase foi de-
tectada, a presença de um número expressivo
de indígenas da etnia Tikuna levou a Adaf a ela-
borar, em janeiro, um cartaz informativo sobre
a praga nessa língua, com tradução feita por
uma voluntária do município, Reneia Nery, da
aldeia Umariaçu II.
O impresso foi divulgado junto aos comu-
nitários, com a descrição de como identificar
a monilíase, o que fazer para evitar a dissemi-
nação da praga e como proceder em caso de
identificação dos sintomas da Monilíase em
sua propriedade.
De acordo com o gerente de Defesa Vegetal
da Adaf, Sivandro Campos, a intenção é repetir
essas ações com o material em Baniwa. “O intui-
to é que possamos levar esse material para São
Gabriel da Cachoeira e municípios vizinhos, nas
ações de educação sanitária, juntamente com
as ações de levantamento fitossanitário sobre a
monilíase na região”, contou.
Sivandro relata que a Adaf deu início aos
levantamentos fitossanitários de verificação e
detecção da praga monilíase em outros mu-
nicípios fora da região do Alto Solimões, como
Itacoatiara, Urucurituba e Humaitá (respecti-
vamente a 176, 208 e 590 quilômetros de Ma-
naus), além de planejamento para todo o es-
tado. As medidas visam à solicitação ao Mapa,
o mais breve possível, da mudança de status
fitossanitário de “área sob quarentena” para
“área sem ocorrência” da praga no Amazonas,
liberando, assim, o trânsito de frutos e partes
de vegetais de cacau e cupuaçu para outras
unidades da federação.
O engenheiro agrônomo Acássio Eugênio
acrescentou que está no radar da Adaf também
ampliar o alcance da informação, produzindo
o mesmo material em Tukano e Nheengatu.
“Também planejamos ter essas informações
em áudio, para ser distribuído nas redes sociais
e rádios de São Gabriel da Cachoeira e região”,
finalizou.
Tradução foi realizada
por técnico de fiscalização
agropecuária que pertence
à etnia
Adaf lança material informativo
sobre monilíase em Baniwa
Divulgação/Adaf
São Gabriel da
Cachoeira tem
um grande
número de
habitantes
indígenas e onde
Baniwa, Tukano
e Nheengatu são
línguas oficiais
VÁLIDO SOMENTE COM AUTENTICAÇÃO
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