DOEAM 13/01/2023 - Diário Oficial do Estado do Amazonas - Tipo 1
estado do amazonas
Número 34.905 | Ano CXXX
www.imprensaoficial.am.gov.br
sexta-feira
13
jan/2023
Guardião da Cultura: Servidor mais antigo do
Teatro Amazonas completa 50 anos de trabalho
C
ontratado em 1973, Raimundo Nonato
Pereira, de 87 anos, filho de um ajudante
de pedreiro e de uma lavadeira, completa
nesta sexta-feira (06/01), 50 anos de dedicação
ao glorioso Teatro Amazonas. Chamado para tra-
balhar como pedreiro, Nonato, como prefere ser
chamado, relembra os momentos que ficaram na
memória nestas cinco décadas de trabalho.
“O primeiro serviço que eu vim fazer foi traba-
lhar na cúpula, colocando e ajustando as telhas.
Um tempo depois, assinaram a minha carteira
aqui no Estado, pela Fundação Cultural do Ama-
zonas”, relembrou.
Durante os 50 anos de trabalho, Nonato já exe-
cutou diferentes funções no Teatro, tais como:
pedreiro, porteiro, bilheteiro, indicador, assistente
técnico e agente administrativo. Hoje, além de au-
xiliar em diversas áreas, atua como cenotécnico,
e está sempre disposto a contribuir com o bom
funcionamento do prédio histórico, e ajudar os
colegas de trabalho.
Memórias
Colecionador de histórias e fatos
marcantes, o servidor revela três
momentos que o surpreenderam
ao longo da carreira profissional.
“Um dos momentos marcan-
tes para mim, foi quando eu co-
loquei uma pedra de mármore
aqui no Teatro. Meu colega que
ia colocar na época, começou a tre-
mer, mas eu peguei o mármore e en-
sinei ele, foi então que meu patrão, que
estava me observando, pediu para que eu
colocasse. Naquela época, um pedreiro ganhava
oito cruzeiros, e ele me ofereceu dez cruzeiros”,
contou emocionado.
Nonato relembrou a visita do ex-presidente do
Brasil, João Figueiredo, que visitou o Teatro Ama-
zonas na década de 80.
“Eles me aprontaram. Colocaram um terno, e
quando o presidente chegou aqui, eu era o único
preto no meio dos brancos. Foi quando o chefe
da segurança do ex-presidente veio na frente e
disse que eu ia recepcionar o então presidente da
República. Ele chegou e me cumprimentou, e eu
fiquei muito feliz”, disse.
Raimundo Nonato também esteve presente na
visita do atual rei da Inglaterra,
rei Charles III, que na época visitou
o Teatro Amazonas como príncipe.
“Ele entrou, quando chegou aqui no palco, fi-
cou sorrindo e chegou até a cantar. Quando ele
viu as senhoras da limpeza, abraçou-as, e todas
choraram. Estavam suadas e com as vassouras
nas mãos. Quando eu vi, fiquei muito alegre com
aquilo”, emocionou-se.
Inspiração
A diretora do Teatro Amazonas, Sigrid Cetraro,
enfatiza que o servidor é exemplo de comprome-
timento e cuidado, além de ser inspiração para
todos que convivem com ele.
“O Nonato é um oráculo para a gente, motivo
de aprendizado e entusiasmo. Toda semana ele
está conosco com muita motivação e alegria. Ele
é sinônimo de comprometimento e interesse de
estar aqui, zelando, olhando e cuidando. Sinto
muito orgulho de estar ao lado de uma pessoa
que tem tanta experiência. É a alegria do Teatro
Amazonas”.
O condutor cultural do teatro, Daniel Mafra,
ressalta que “Nonatinho”, como carinhosamente é
chamado pelos colegas de trabalho, é o atual pa-
trimônio vivo do Estado do Amazonas.
“Nonatinho é sinônimo de afeto, felicidade e
memória. Ele é o nosso patrimônio vivo, alguém
muito importante e amável, que fala do passado
com um amor muito grande. Essa paixão vai pas-
sando de geração em geração”.
Alex Pazuello/Secom
Patrimônio vivo
do Amazonas,
Raimundo
Nonato já
executou
diferentes
funções no
glorioso prédio
histórico
Colecionador de histórias e fatos marcantes, o servidor revela três
momentos que o surpreenderam ao longo da carreira profissional
VÁLIDO SOMENTE COM AUTENTICAÇÃO
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