DOEAM 01/12/2022 - Diário Oficial do Estado do Amazonas - Tipo 1
DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO AMAZONAS
Manaus, quinta-feira, 01 de dezembro de 2022
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A
Unidade de Saúde Indígena do Polo Be-
lém do Solimões (Alto Rio Solimões) foi
a primeira do Amazonas a receber soro
antiofídico para o manejo adequado nos aci-
dentes ofídicos com maior rapidez. No dia 17
de novembro, foi enviada uma remessa de 350
ampolas de soro pela Fundação de Medicina
Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).
A ação é parte do projeto “Descentralização
do tratamento anti veneno nos acidentes ofídi-
cos na Amazônia Brasileira: gerando evidências
sobre a segurança”, liderado pelo diretor de En-
sino e Pesquisa da FMT-HVD e pesquisador do
Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema
(IPCCB/FMT-HVD), Wuelton Monteiro.
“Os soros que foram enviados servem para o
tratamento de acidentes botrópicos, ou seja, os
causados por jararacas, que representam 95%
de todos os envenenamentos por serpentes
registrados no Amazonas. O soro foi doado ao
projeto pelo Instituto Butantan e é sufi ciente
para tratar em torno de 70 a 80 pacientes”, ex-
plica Monteiro.
Como parte do
projeto,
anterior-
mente, foram reali-
zados treinamentos
para os profi ssionais
médicos e enfermei-
ros dos sete Distritos
Sanitários Especiais
Indígenas
(DSEI)
do Amazonas, bem
como de profi ssio-
nais de saúde de mu-
nicípios do interior
do Estado. O projeto
está implementando
um protocolo sim-
plifi cado de manejo
deste tipo de aci-
dente por profi ssionais locais, possibilitando
a diminuição de tempo para a administração
de antiveneno, o que impacta diretamente na
sobrevida das vítimas.
“Existe o planejamento para que no futuro
mais 13 polos também iniciem a realização do
tratamento destes pacientes. Deve-se destacar
que, atualmente, este tipo de tratamento está
disponível em hospitais na sede dos municí-
pios, o que prejudica o acesso de populações
indígenas e ribeirinhas”, salienta o pesquisador.
Os pesquisadores enfrentam desafi os rela-
tivos à realidade geográfi ca da região amazô-
nica. De acordo com Monteiro, a demora até a
administração do soro
é o principal fator de
risco para que o aci-
dente se agrave, o que
pode levar ao óbito ou
a sequelas, como am-
putação do membro
picado. Além disso,
outro fator limitante
é o armazenamento
adequado do produto.
“Os soros são produ-
tos imunobiológicos,
e precisam ser trans-
portados e armazena-
dos necessariamente
numa temperatura de
2 a 8 graus.”
O envio e recebi-
mento das ampolas
foi acompanhado por
Altair Seabra, professor
de Saúde Indígena da
Universidade do Esta-
do do Amazonas (UEA)
e aluno doutorando do
Programa de Pós-gra-
duação em Medicina
Tropical (PPGMT/UEA).
Seabra fi cará na Unida-
de de Saúde Indígena
por uma semana para
acompanhar os primei-
ros tratamentos.
Projeto
Há cerca de 3 anos a
equipe de pesquisa se
dedica à esta propos-
ta. Antes do início das
capacitações dos pro-
fi ssionais de saúde locais, o grupo validou um
guia de tratamento dos acidentes ofídicos, com
contribuições de especialistas de todo o Brasil.
Cerca de 15 pessoas participam do proje-
to, entre pesquisadores, alunos de mestrado
e doutorado e técnicos, além de gestores do
Ministério da Saúde, da Fundação de Vigilância
em Saúde do Amazonas - Dra. Rosemary Costa
Pinto (FVS-RCP/AM), do Instituto Butantan e da
Universidade de Duke, nos Estados Unidos. O
projeto é fi nanciado pelo Ministério da Saúde,
pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Esta-
do do Amazonas (Fapeam) e pelo National Ins-
titutes of Health (NIH), nos Estados Unidos.
O protocolo simplifi cado de
manejo, em localidades mais
isoladas, impacta diretamente na
sobrevida das vítimas
Divulgação/FMT-HVD
Pedro Bisneto/Divulgação
Projeto viabiliza envio de soro antiofídico
para Unidade de Saúde Indígena do AM
Os soros enviados
servem para
o tratamento
de acidentes
causados por
jararacas, que
representam
95% dos casos no
Amazonas
VÁLIDO SOMENTE COM AUTENTICAÇÃO
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