DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO AMAZONAS Manaus, quarta-feira, 22 de dezembro de 2021 2 E ra uma vez uma menina da etnia Baniwa. Ela nasceu na cidade de São Gabriel da Cachoei- ra (a 852 quilômetros de Manaus), um lugar cercado por natureza e habitado, em sua maio- ria, por indígenas de várias etnias. Ilze foi criada com mais seis irmãos e cresceu observando as dificuldades enfrentadas pelo seu povo. Ao con- cluir o Ensino Médio, decidiu realizar o sonho de ser médica e, assim, ajudar a comunidade onde vivia. Em 2014, Ilzinei da Silva se inscreveu no ves- tibular da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e conquistou uma das vagas para o curso de Medicina. A partir daí a vida virou uma locomotiva. Já casada com Osvaldo Pontes, egresso da UEA do curso de Química, a caloura batalhou e com- pletou a graduação. Osvaldo Pontes diz que a formação pela UEA foi uma grande conquista para o casal e para o povo Baniwa. “A conheci em 2011, e desde aquela época, era muito di- fícil alguém da nossa cidade vir para Manaus, devido ao alto custo. Eu vivi um pouco o sonho dela durante esses anos. Ela é a primeira médi- ca Baniwa da nossa região. Um orgulho muito grande”, comentou. Atualmente, Ilze é oficial médica temporária do Exército brasileiro e atua na região em que nasceu. “Voltei para ajudar a minha gente. Vou me espe- cializar em ginecologia e socorrer as mulheres, que tanto necessitam de um parto humanizado. Sou grata à UEA por ter me dado a oportunidade de mudar a minha vida e a de tantas outras pesso- as que vivem em São Gabriel”, disse. Zona Franca e a UEA Ilze está com quase nove meses de gravidez, à espera do segundo filho, Davi. De passagem por Manaus, ela e o marido, que também é Baniwa, visitaram a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e foram recebidos pelo supe- rintendente, general Algacir Antônio Polsin, e pelo adjunto, Manoel Amaral Filho, que conheceram a história do casal e ficaram sensibilizados. “Por meio dessa ligação entre a Zona Franca, a UEA e a população indígena, temos a condição de ter uma profissional com capacidade para dar atenção a seus parentes no próprio idioma deles. Além disso, mais do que o atendimento de saúde, eu vejo como um exemplo de vida de que a po- pulação dos lugares mais distantes tem condições de se capacitar e dar retorno à sua comunidade, graças à UEA e ao modelo da Zona Franca”, enfa- tizou Polsin. Ao falar sobre o modelo da Zona Franca, o su- perintendente adjunto da Suframa, coronel Ma- noel Amaral Filho, reafirmou a importância da for- mação profissional da população indígena para as comunidades e povos presentes em todo o Ama- zonas. “É a mostra viva de que o modelo pensado em 1967 traz benefícios para a região como um todo”, destacou. Para o Reitor da UEA, Cleinaldo de Almeida Costa, o exemplo da médica Baniwa vem no momento mais importante da Instituição. “Co- memoramos 20 anos da nossa UEA em 2021 [...] A presença da UEA no interior é de suma importância para a preservação e constante desenvolvimento da região. Que alegria saber que a Dra.Ilse está fazendo a diferença e atuan- do na melhoria da qualidade de vida de nossos irmãos indígenas”, concluiu. Ilze: a primeira médica da etnia Baniwa formada pela UEA Arquivo/Ilze Em 2014, Ilzinei da Silva se inscreveu no vestibular da Universidade do Estado do Amazonas e conquistou uma das vagas para Medicina Ilzinei da Silva é oficial médica temporária do Exército brasileiro e atua onde nasceu, em São Gabriel da Cachoeira VÁLIDO SOMENTE COM AUTENTICAÇÃOFechar