DOEAM 25/05/2021 - Diário Oficial do Estado do Amazonas - Tipo 1

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Manaus, terça-feira, 25 de maio de 2021
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D
epois de mais de 30 anos longe da es-
cola, o carpinteiro piauiense Carlos Bar-
bosa de Medeiros voltou à sala de aula 
para concluir o Ensino Médio. A retomada nos 
estudos o levou aos primeiros passos na pes-
quisa científica, e ele quer ir além. “A gente não 
vive sem a Ciência, é ela quem segura o mun-
do”, enfatiza o estudante.
Carlos é aluno da Educação de Jovens e Adul-
tos (EJA), na Escola Estadual (EE) Cacilda Braule 
Pinto, na zona leste de Manaus. Ele conta que 
sempre teve vontade de seguir estudando e 
conseguiu voltar no ano passado, incentivado 
pelas duas filhas universitárias.
Mesmo se sentido deslocado por estar acima 
da média de idade dos colegas, o estudante se 
dedicou em tudo, inclusive no projeto “Quimi-
camente falando: transformação  da lingua-
gem cotidiana em linguagem científica, como 
aprendizagem significativa para a Educação 
de Jovens e Adultos (EJA)”, defendido no Pro-
grama Ciência na Escola (PCE), da Fundação 
de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas 
(Fapeam), no ano passado.
“Eu quis aumentar meus conhecimen-
tos, e a pesquisa em si me surpreendeu 
muito. A minha parte foi sobre os frutos 
da região Norte e foi muito educativa. 
Eu tinha essa vontade e curiosidade de 
estudar. No meu tempo de moleque já 
eram divididas as classes, e quem estu-
dava era quem tinha posses, então essa 
era uma lacuna que faltava preencher”, 
confessa Medeiros.
Carlos conta que conseguiu bolsa par-
cial de estudos para cursar Pedagogia, 
Serviço Social e Psicologia em universidades 
privadas da capital, mas vai prestar o vestibular 
novamente após concluir a EJA e ter o certifica-
do de Ensino Médio para apresentar na matrí-
cula da universidade.
“Se eu continuar lúcido, do jeito que estou, 
quero estagiar e trabalhar com Educação. Às 
vezes, as pessoas se acham velhas demais, têm 
medo, e o meu conselho é para expulsar esse 
medo e ir atrás, ficar entre os jovens,  aprender”, 
avalia o estudante.
Adaptação
A professora de Química Alyne Ribeiro foi 
quem incentivou Carlos a participar do projeto. 
Ela diz que é necessário que o docente perceba 
o público da EJA, composto por alunos jovens, 
recém-saídos do ambiente escolar, e também 
por pessoas mais velhas, que estão sem o con-
tato com estudo há muito tempo.
“Muitos deles, a maioria, na verdade, infe-
lizmente teve que abrir mão dos estudos, por 
conta do trabalho. A bagagem deles, de histó-
rias, mesmo com as dificuldades deles, é cheia 
de força de vontade. O tempo deles é diferente 
do nosso. Eu sinto que estou ensinando meu 
pais, que estão nessa faixa etária. Eu fiquei en-
cantada com o seu Carlos, ele foi fantástico em 
todas as etapas”, aponta a professora.
PCE
O Programa Ciência na Escola (PCE) é um 
programa criado pela Fapeam, desenvolvido 
em parceria com as secretarias de educação 
estadual e municipal, que visa ampliar a difu-
são de pesquisa científica e inovação tecno-
lógica por professores e estudantes. Este ano 
o programa teve recorde em submissões de 
propostas.
De volta à escola após mais de três décadas, 
Carlos teve incentivo da professora de 
Química Alyne Ribeiro para participar de 
projeto do PCE 
Incentivado por professora, ele e 
outros dois colegas abordaram 
temas de Química no Programa 
Ciência na Escola
Lincoln Ferreira/Seduc-AM
Aos 67, aluno da rede estadual na EJA dá 
primeiros passos na pesquisa científica
VÁLIDO SOMENTE COM AUTENTICAÇÃO

                            

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