DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO AMAZONAS Manaus, sexta-feira, 30 de abril de 2021 2 C elebrado no dia 23 de abril, o Dia Nacio- nal da Educação de Surdos surgiu como forma de representar a luta da comuni- dade surda pelo direito de ensinar e de apren- der. Na rede estadual de ensino do Amazonas, há 364 estudantes surdos, em escolas inclu- sivas e especiais. Entre eles, a jovem Ludmilla Reis, que conta sua trajetória de superação e inclusão no ambiente escolar. Aluna da Escola Estadual Senador Manoel Se- veriano Nunes, Ludmilla, de 19 anos, descobriu a surdez com apenas um ano de vida. Desde então, sua comunicação passou a ser desenvol- vida por meio da Língua Brasileira de Sinais (Li- bras). Durante a pandemia, a estudante passou a acompanhar as aulas por meio do programa “Aula em Casa”, que realiza a tradução de todos os seus conteúdos para a comunidade surda. “Em casa, eu estou conseguindo ter esse desenvolvimento. É um desafio, eu confes- so, temos algumas dificuldades. Às vezes, por exemplo, eu não compreendo a aula de um determinado professor, mas o intérprete me ajuda a sanar essas dúvidas diretamente com ele, e eu tenho essa maior rentabilidade, com o meu esforço próprio de estudar e sempre pre- ocupada com o meu futuro profissional”, desta- cou Ludmilla. O desafio dos estudantes é compartilhado com os intérpretes, que precisam adaptar seus materiais para proporcionar uma educação in- clusiva. Atualmente, 139 profissionais da rede estadual atuam na educação de alunos surdos. Destes, 11 se dedicam à tradução dos conteú- dos do “Aula em Casa”. “Eu me sinto muito feliz de estar aqui com o projeto ‘Aula em Casa’, levando acessibilidade aos alunos surdos, até porque eles também têm direito à informação, eles estão amparados pela lei e eu penso que a acessibilidade é mui- to importante”, destacou Jorge Luiz, tradutor intérprete do programa há dois anos. Importância do intérprete Segundo dados do Censo do IBGE de 2010, no Brasil, cerca de 2,1 milhões de pessoas es- cutavam muito pouco ou nada, o equivalente à população de Manaus. Nesse cenário, os intér- pretes passaram a ter um papel fundamental para o desenvolvimento pessoal da comunida- de surda, conforme explica a tradutora intér- prete de Libras da Universidade do estado do Amazonas (UEA) e da Secretaria de Estado de Educação, Socorro Iris de Souza. “É muito emocionante sentir o que o in- térprete pode fazer pelo outro, colocar-se na situação do outro. Porque você vai para um ambiente em que você não sabe o que está se passando, mas o surdo pode contar com o intérprete. Em sala de aula, acontece muito isso. Você dar voz para o que ele está expres- sando, isso é muito importante”, afirmou a intérprete. Lei de Libras Em 2002, a Lei nº 10.436 deu à Libras o status de meio legal de comunicação e expressão. Trata-se da principal forma de comunicação para boa parte dos cidadãos surdos. Desde então, escolas, facul- dades, instituições públicas e empresas concessio- nárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir intérpretes para atender a este pú- blico. A lei foi instituída em 24 de abril, que se tor- nou o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais. Dia Nacional da Educação de Surdos: histórias de conquista na inclusão escolar Tradutores intérpretes e estudante da rede estadual compartilham experiências na busca por igualdade e acessibilidade Lucas Silva/Secom Na rede estadual de ensino do Amazonas, há 364 estudantes surdos, em escolas inclusivas e especiais, entre eles a jovem Ludmilla Reis VÁLIDO SOMENTE COM AUTENTICAÇÃOFechar