114 DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO | SÉRIE 3 | ANO XV Nº207 | FORTALEZA, 07 DE NOVEMBRO DE 2023 demonstrar, de forma inequívoca, que o militar tenha praticado a conduta descrita na portaria inaugural. Assim sendo, não há provas contundentes a carac- terizar transgressão disciplinar, posto que o conjunto probatório restou insuficiente para sustentar a aplicação de uma reprimenda; CONSIDERANDO que sendo conflitante a prova e não se podendo dar prevalência a esta ou aquela versão, é prudente a decisão que absolve o réu; CONSIDERANDO que havendo dúvida acerca da certeza da conduta típica, deve prevalecer o princípio in dúbio pro reo, haja vista é vedado um juízo condenatório apenas em suposições/ ilações; CONSIDERANDO que da análise da documentação constante no bojo do presente processo regular, esta carece de elementos de convicção de modo a substanciar a tese da comercialização de arma de fogo e munição, não se vislumbrando diligências viáveis ao aprofundamento da apuração, uma vez que o processo se iniciou a partir de uma interceptação telefônica em que um dos interlocutores faleceu – conforme laudo pericial cadavérico nº 2020.0083040, às fls. 279/282, não havendo outras informações e/ou dados a serem extraídos dos diálogos em questão (áudios de interceptação telefônica 26247822.WAV e 26246039.WAV, às fls. 89/90, constantes no bojo da operação gênesis deflagrada no âmbito do MPCE), a fim de direcionar a persecução disciplinar face a ausência de acervo probatório robusto no sentido de afastar a versão do aconselhado, restando evidenciada assim a insuficiência de provas; CONSIDE- RANDO ainda, que não houve indicação de testemunhas por parte da defesa, bem como da Trinca Processante, inexistindo então, provas que demonstrem a autoria/materialidade da conduta descrita na portaria instauradora em relação ao militar estadual; CONSIDERANDO que não foi possível colher em sede deste Processo Regular as declarações do outro inerlocutor dos pretensos diálogos mantidos com o aconselhado por ocasião das interceptações telefônicas, posto que veio a falecer – conforme laudo pericial cadavérico nº 2020.0083040, às fls. 279/282; CONSIDERANDO os princípios da livre valoração da prova e do livre convencimento motivado das decisões; CONSIDERANDO os assentamentos funcionais às fls. 253/257, extrai-se que o militar em referência possui mais de 25 (vinte e cinco) anos de efetivo serviço prestado à PMCE, com registros de 27 (vinte e sete) elogios, encontrando-se atualmente classificado no comportamento ÓTIMO; CONSIDERANDO que a Autoridade Julgadora, no caso, o Controlador Geral de Disciplina, acatará o relatório da Autoridade Processante (Sindicante ou Comissão Processante), salvo quando contrário às provas dos autos, consoante descrito no Art. 28-A, §4° da Lei Complementar n° 98/2011; RESOLVE, por todo o exposto: a) Acatar, o entendimento exarado no relatório final nº 119/221 de fls. 305/312, quanto ao arquivamento, e absolver o militar estadual 2º SGT PM PAULO ROGÉRIO BEZERRA DO NASCIMENTO – M.F. nº 125.587-1-6, com fundamento na inexistência de provas suficientes para a condenação, em relação às acusações constantes na portaria inicial, ressalvando a possibilidade de instauração de novo feito, caso surjam novos fatos ou evidências posteriormente à conclusão dos trabalhos deste procedimento, conforme prevê o Parágrafo único e inc. III do Art. 72, do Código Disciplinar da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (Lei nº 13.407/2003); b) Nos termos do art. 30, caput da Lei Complementar nº 98, de 13/06/2011, caberá recurso, em face desta decisão no prazo de 10 (dez) dias corridos, dirigido ao Conselho de Disciplina e Correição (CODISP/CGD), contados a partir do primeiro dia útil após a data da intimação pessoal do acusado ou de seu defensor, segundo o que preconiza o Enunciado n° 01/2019-CGD, publicado no DOE n° 100 de 29/05/2019; c) Decorrido o prazo recursal ou julgado o recurso, a decisão será encaminhada à Instituição a que pertença o servidor para o imediato cumprimento da medida imposta; d) Da decisão proferida pela CGD será expedida comunicação formal determinando o registro na ficha e/ou assentamentos funcionais do servidor. No caso de aplicação de sanção disciplinar, a autoridade competente determinará o envio imediato a esta Controladoria Geral de Disciplina da documentação comprobatória do cumprimento da medida imposta, em consonância com o disposto no Art. 34, §7º e §8º, Anexo I do Decreto Estadual nº. 33.447/2020, publicado no D.O.E CE nº 021, de 30/01/2020, bem como no Provimento Recomendatório nº 04/2018 – CGD (publicado no D.O.E CE nº 013, de 18/01/2018). PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE E CUMPRA-SE. CONTROLADORIA GERAL DE DISCIPLINA – CGD, em Fortaleza, 26 de outubro de 2023. Rodrigo Bona Carneiro CONTROLADOR GERAL DE DISCIPLINA DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E SISTEMA PENITENCIÁRIO *** *** *** O CONTROLADOR GERAL DE DISCIPLINA, no uso das atribuições que lhe confere o Art. 5º, inciso I, da Lei Complementar n° 98, de 13 de junho de 2011 c/c Art. 32, inciso I da Lei nº 13.407, de 21 de novembro de 2003 e, CONSIDERANDO os fatos constantes da Sindicância Administrativa registrada sob o SPU n° 190206937-1, instaurada sob a égide da Portaria nº 659/2020 - CGD, publicada no DOE CE nº 006, de 08 de janeiro de 2021, visando apurar suposta prática de ameaça e lesão corporal ocorrida no dia 28/02/2019, nesta Capital, por parte dos militares ST PM ADRIANO MARQUES MARTINS, SD PM JUSCELINO FERREIRA FIRMO JÚNIOR e SD PM MARCOS IURY RESENE CHAVES; CONSIDERANDO que a alínea “e” do § 1º do inc. II do Art. 74 da Lei nº 13.407/2003 dispõe que a prescrição da transgressão disciplinar compreendida como crime se verifica nos mesmos prazos e condições estabelecidos na legislação penal, especialmente no Código Penal ou Penal Militar; CONSIDERANDO que, na hipótese descrita na exordial acusatória, a conduta imputada ao acusado se equipara, em tese, ao delito de ameaça (Art. 147, do CP), cuja pena máxima em abstrato é de até 06 (seis) meses, e de lesão corporal (Art. 129, do CP), cuja pena máxima em abstrato é de até 01 (um) ano; CONSIDERANDO que, conforme estabelecido no Art. 109, inc. V, do CPB, o delito cuja pena máxima não exceda a 02 (dois) anos, prescreve no prazo de 04 (quatro) anos, hipótese em que se enquadra o suposto delito de lesão corporal, que possui maior pena; CONSIDERANDO que em consulta ao e-SAJ do TJCE, verificou a existência do processo nº 0209160-25.2020.8.06.0001, procedimento instaurado para apurar suposto crime de lesão corporal por ocasião de intervenção policial, que tramita na 8ª Vara Criminal da comarca de Fortaleza/CE, aguardando remessa dos autos em favor do Juízo da Auditoria Militar, conforme requerimento ministerial. Dessa maneira, verifica-se a inexis- tência de causa interruptiva da prescrição in casu; CONSIDERANDO que a prescrição, instituto com natureza jurídica de direito material, opera verdadeira perda do direito de punir por parte da Administração e é matéria de ordem pública, que pode, por tal razão, ser reconhecida em qualquer fase processual; CONSIDERANDO que já transcorreram mais de 04 (quatro) anos, levando-se em conta todas as suspensões do prazo prescricional, verificando-se assim a consumação da prescrição administrativa; RESOLVE, por todo o exposto, acatar em parte a fundamentação exarada no Relatório Final nº 325/2022 (fls. 313/338), haja vista a incidência de causa extintiva da punibilidade, consubstanciada no reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva disciplinar estatal, nos termos do inc. II, c/c § 1º, alínea “e”, do Art. 74 da Lei nº 13.407/03 – Código Disciplinar da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará, assim, por consequência, arquivar a presente Sindicância Administrativa instaurada em face dos SERVIDORES ST PM ADRIANO MARQUES MARTINS – M.F. nº 099.829-1-4, SD PM JUSCELINO FERREIRA FIRMO JÚNIOR – M.F. nº 587.646-1-2 e SD PM MARCOS IURY RESENE CHAVES – M.F. nº 587.436-1-5. PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE E SE CUMPRA. CONTROLADORIA GERAL DE DISCIPLINA – CGD, em Fortaleza/CE, 26 de outubro de 2023. Rodrigo Bona Carneiro CONTROLADOR GERAL DE DISCIPLINA DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E SISTEMA PENITENCIÁRIO *** *** *** PORTARIA CGD Nº922/2023 - O CONTROLADOR-GERAL DE DISCIPLINA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 3.°, I e IV, e art. 5.º, I, da Lei Complementar n.° 98, de 13 de junho de 2011, e CONSIDERANDO as informações contidas no SISPROC nº 2308534618, no qual consta que, no dia 22 de outubro de 2023, foi lavrado auto de prisão em flagrante delito em desfavor do Policial Penal VICTOR MATEUS THE TÁVORA pela prática, em tese, dos crimes previstos nos artigos 33 e 35, da Lei nº 11.343/2006, e no artigo 317, do Código Penal; CONSIDERANDO que, de acordo com o procedimento policial referido, durante a realização de uma operação no interior da unidade prisional de Pacatuba/CE, um cão farejador teria se aproximado do Policial Penal Victor Mateus The Távora e sinalizado a existência de algo suspeito; CONSIDERANDO que, durante a abordagem, o mencionado policial penal teria retirado dos bolsos um pacote de maconha e outro de cocaína, contendo, respectivamente, cerca de 102 e 54 gramas; CONSIDERANDO que, em sede de inquérito policial, os policiais penais ouvidos declararam que, na ocasião, o policial abordado informou que havia recebido o valor de R$1.000,00 (mil reais) para colocar, no interior da unidade, a droga destinada ao preso João Paulo Bandeira; CONSIDERANDO que, em seu interrogatório, o Policial Penal Victor Mateus The Távora admitiu ter negociado com o preso João Paulo Bandeira o pagamento da quantia de R$1.000,00 (mil reais), contudo disse ter recebido apenas R$500,00 (quinhentos reais), pois o restante seria pago após a entrega da droga; CONSIDERANDO que o Policial Penal Victor Mateus The Távora afirmou que já havia recebido, no mês de agosto, R$800,00 (oitocentos reais), também para colocar droga para dentro da citada unidade em benefício do preso João Paulo Bandeira; CONSIDERANDO que a conduta do Policial Penal Victor Mateus The Távora configura, em tese, as faltas disciplinares previstas no artigo 6º, I, III e X, e no artigo 10, V, VI, e X, todos da Lei Complementar nº 258/2021; CONSIDERANDO que a conduta objeto de apuração não preenche, a priori, os pressupostos legais para aplicação de mecanismos tais como ajustamento de conduta, mediação e suspensão do processo disciplinar, previstos nos artigos 3º e 4º da Lei nº 16.039, de 28/06/2016, que dispõe sobre a criação do Núcleo de Soluções Consensuais, que estabelece que a solução consensual no âmbito das atividades desenvolvidas por esta CGD poderá ser atendida quando inexistir: enriquecimento ilícito; efetiva lesividade ao erário, ao serviço ou aos princípios que regem a Administração Pública; dolo ou má-fé na conduta do servidor infrator; crime tipificado em lei quando praticado em detrimento do dever inerente ao cargo ou função, ou quando o crime for considerando de natureza grave, nos termos da legislação pertinente, notadamente, os definidos como crimes hediondos e assemelhados; e conduta atentatória aos direitos humanos fundamentais e de natureza desonrosa, e que não tenha sido condenado por outra infração disciplinar nos últimos 5 (cinco) anos. RESOLVE: I) Instaurar PROCESSO ADMINISTRATIVO–DISCIPLINAR e baixar a presente portaria para apurar a conduta do Policial Penal VICTOR MATEUS THE TÁVORA, M.F. nº 430.953-6-6, em toda a sua extensão administrativa, ficando cientificado o acusado e/ou defensor legal que as decisões da CGD quanto a este Processo Regular serão publicadas no Diário Oficial do Estado do Ceará, de acordo com o art. 34º, § 2º do Decreto nº 33.447, publicado no DOE 021, de 30/01/2020, que aprova o Regimento Interno do Conselho de Disciplina e Correição dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário da CGD; II) Determinar o AFASTAMENTO PREVENTIVO do Policial Penal VictorFechar