Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Este documento pode ser verificado no endereço eletrônico http://www.in.gov.br/autenticidade.html, pelo código 05152023121900021 21 Nº 240, terça-feira, 19 de dezembro de 2023 ISSN 1677-7042 Seção 1 f) Portaria Normativa nº 9/GAP/MD, de 13 de janeiro de 2016 (Aprova o Glossário das Forças Armadas - MD35-G-01 - 5ª Edição); g) Portaria GM-MD nº 4.034, de 1º de outubro de 2021 (Aprova o Manual de Abreviaturas, Siglas, Símbolos e Convenções Cartográficas das Forças Armadas - MD33-M- 02 - 4ª Edição/2021); h) Instrução Normativa EMCFA/MD nº 3, de 14 de junho de 2022 (Aprova as Instruções para Elaboração e Revisão de Publicações Padronizadas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas - MD20-I-01 - 2ª Edição/2022); e i) Portaria Normativa nº 1.069/MD, de 5 de maio de 2011 (Aprova o Manual de Emprego do Direito Internacional dos Conflitos Armados - DICA nas Forças Armadas - MD34-M-03 - 1ª Edição/2011). 1.4 Conceituações 1.4.1 As conceituações militares comuns a mais de uma FS ou específicas a uma delas estão contidas na publicação da referência "f". 1.4.2 As abreviaturas, siglas, termos e definições que ainda não se encontram nas publicações das referências "f" e "g" estão inseridas ao final da presente publicação. 1.5 Aprimoramento As sugestões para aperfeiçoamento deste documento são estimuladas e deverão ser encaminhadas ao Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), via cadeia de comando, para o seguinte endereço: MINISTÉRIO DA DEFESA Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas Assessoria de Doutrina e Legislação Esplanada dos Ministérios, Bloco Q, 4º andar (Edifício Defensores da Pátria) 70049-900 Brasília-DF adl1.emcfa@defesa.gov.br CAPÍTULO II A SAÚDE OPERACIONAL - MEDICINA OPERATIVA 2.1 Considerações iniciais 2.1.1 O Apoio de Saúde nas Operações Conjuntas no amplo espectro tem papel fundamental para a consecução do Estado Final Desejado (EFD) de todos os níveis de decisão. 2.1.2 A indiscutível importância da dimensão humana nas operações militares, impõe um constante desafio ao Ap Sau na preservação dos recursos humanos. 2.1.3 Um adequado Apoio de Saúde em combate constitui-se em um fator determinante para os Comandantes, em todos os níveis. 2.1.4 O Ap Sau deve ter capacidade de atuar em todos os possíveis cenários de emprego do Poder Militar e deve ser dimensionado para atender às demandas decorrentes tanto de conflitos de alta intensidade como de baixa intensidade. Para tanto, é necessário o planejamento minucioso desse apoio, elaborado por meio de assessoria técnica especializada em todos os níveis, junto com a capacidade de pronta resposta às ameaças existentes ou potenciais. 2.1.5 Ressalta-se que, mesmo no contexto dos conflitos de baixa intensidade, existe a possibilidade do emprego de Armas de Destruição em Massa (ADM) por parte de atores não estatais. Neste caso, a dimensão e as especificidades do Ap Sau, inclusive em relação aos não combatentes, constitui-se em um desafio ainda maior aos responsáveis pelo planejamento e pela condução das operações de apoio médico. 2.1.6 O advento das "novas ameaças", que realça a assimetria existente entre os beligerantes, apresenta, muitas vezes, a presença de atores não estatais nos conflitos. Isso resulta na não observância, em alguns casos, por parte desses atores, dos princípios básicos do Direito Internacional dos Conflitos Armados (DICA), acarretando a necessidade de adequação da proteção individual e coletiva dos recursos empregados, principalmente, nas evacuações médicas. 2.1.7 Um Ap Sau eficiente garante, mesmo em um ambiente operacional prejudicado sob o ponto de vista sanitário, a capacidade de as Forças Componentes (F Cte) durarem na ação. Nesse sentido, a efetividade do Ap Sau tem estreita relação com a integração das capacidades da Saúde Operacional (Sau Op) / Medicina Operativa (Med Op) das Forças Armadas (FA) e da convergência de esforços entre os diversos atores - militares e civis. Para tanto, é necessário o planejamento minucioso desse apoio, elaborado por meio de assessoria técnica especializada em todos os níveis, junto com a capacidade de pronta resposta às ameaças existentes ou potenciais. 2.1.8 Saúde Operacional (Sau Op) / Medicina Operativa (Med Op) é toda atividade de saúde realizada em operações militares, tanto em situações de normalidade como em situações de conflito. Inclui-se nas situações de normalidade as operações de paz, as humanitárias, a resposta às catástrofes e crises, além dos ambientes operativos especiais (selva, montanha, caatinga, glacial e a bordo de embarcações, aeronaves, submarinos e viaturas). Assim, compreende-se que Sau Op/Med Op é o conjunto das ações relacionadas com a conservação do potencial humano, nas melhores condições de aptidão física e psíquica, objetivando manter a capacidade operativa de uma Força, no que se refere aos aspectos de saúde. Tem por escopo mitigar os efeitos que enfermidades e lesões possam gerar na eficiência, disponibilidade e moral de uma tropa, contribuindo para o cumprimento de sua missão. Subentende-se que na Saúde Operacional / Medicina Operativa os recursos humanos, os recursos materiais e o sistema de apoio logístico podem encontrar-se restritos, o que requer ações de planejamento e preparo, nos níveis Estratégico, Operacional e Tático, consubstanciadas em conhecimentos epidemiológicos, médicos, tecnológicos e doutrinários. 2.2 Características básicas da Saúde Operacional / Medicina Operativa 2.2.1 A importância do fator tempo - "tempo" é sinônimo de "vida" 2.2.1.1 O conceito do Ap Sau baseado em uma longa Cadeia de Evacuação, constituída de instalações fixas e de grande porte, localizadas normalmente em locais afastados da linha de frente, foi sendo gradativamente abandonado, passando-se ao paradigma de colocar os recursos especializados de atendimento próximos da linha de frente. 2.2.1.2 A constatação da necessidade de mudança se deu, principalmente, pela consagração de dois termos criados e difundidos na década de 1960 por especialistas em trauma e choque: os "10 Minutos de Platina" e a "Hora de Ouro" ("Golden Hour"). 2.2.1.3 "10 Minutos de Platina": ("Platinum 10") corresponde às ações que devem ser tomadas de imediato e que são suficientes para estabilizar uma baixa, de forma a evitar uma maior deterioração do seu estado de saúde. Assim, procedimentos aplicados nos primeiros 10 minutos após a lesão, na maioria dos casos, salvam uma vida. Os procedimentos de Atendimento Pré-Hospitalar Tático (APHT) visam padronizar estas ações e iniciar precocemente o controle de danos. 2.2.1.4 A "Hora de Ouro": refere-se ao tempo no qual, o (s) ferido (s) deve (m) receber os cuidados especializados para o controle de danos, após a ocorrência de um sinistro, para aumentar as chances de sobrevida e diminuir as sequelas. É um padrão que deve ser respeitado durante a abordagem e o salvamento em caso de trauma, e deve ser um guia para o desenvolvimento de habilidades voltadas para a prestação de cuidados em emergências. 2.2.1.5 O planejamento da localização das Instalações de Saúde (Inst Sau) é condicionado particularmente ao fator tempo e à velocidade dos meios disponíveis na Cadeia de Evacuação. Para tanto, é imprescindível que elas sejam desdobradas de forma a atender esse fator, além de contar com meios rápidos, seguros e versáteis para o transporte de feridos. 2.2.2 A mobilidade e a flexibilidade das Instalações de Saúde 2.2.2.1 A configuração física das instalações de Ap Sau desdobradas no campo de batalha está migrando, de estruturas pesadas e ancoradas ao terreno para instalações com maior mobilidade e flexibilidade de transporte e configuração. 2.2.2.2 Nesse contexto, as instalações de Sau Op/Med Op, tais como Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), laboratório de análises clínicas e centros cirúrgicos, devem ser desdobradas modularmente em barracas, configuradas de acordo com as necessidades da Cadeia de Evacuação e adequados a cada tipo de operação. 2.3 A importância da blindagem no transporte de feridos 2.3.1 Nos combates da atualidade, especialmente ao observarmos as chamadas "novas ameaças", existe uma forte tendência à predominância dos conflitos de baixa intensidade. Destacando, dentre as características deste tipo de combate, aquelas que afetam de forma mais incisiva a Sau Op/Med Op, podemos citar: a) os combates ocorrem, geralmente, em áreas urbanas e densamente povoadas; b) os inimigos enfrentados não correspondem, em sua maioria, a exércitos regulares e uniformizados, representantes de um Estado nacional; seus elementos são, assim, de difícil identificação e se encontram normalmente diluídos em meio à população civil; c) existe uma maior probabilidade da ocorrência de ataques terroristas, atentados e da atuação de franco-atiradores; d) a presença de armamentos proibidos em convenções, tratados e no próprio DICA, a exemplo de alguns tipos de minas terrestres e de bombas caseiras de alta letalidade, é cada vez mais observada, aumentando o número de politraumatizados e amputações no campo de batalha; e e) ausência do cumprimento às regras da guerra, no tocante à proteção conferida aos símbolos da Cruz Vermelha Internacional quando ostentados pelo pessoal, em viaturas e nas Instalações de Saúde. 2.3.2 Devido a tais fatores, tornou-se indispensável uma adequação da doutrina de Ap Sau, particularmente quanto ao estabelecimento da Cadeia de Evacuação e dos meios empregados para o transporte entre seus elos. 2.3.3 O uso de ambulâncias blindadas, o mais à frente possível no combate, possibilita um atendimento adequado ao ferido durante os minutos iniciais do trauma e confere proteção a ele e a equipe de saúde embarcada, além de prover uma maior velocidade na evacuação. 2.4 A Saúde Operacional / Medicina Operativa e as Operações Conjuntas 2.4.1 As operações militares de grande envergadura exigem cada vez mais o emprego ponderável de meios e pessoal pertencentes a mais de uma FS. Nesse cenário, para se obter maior eficiência nas Op Cj, existe a necessidade de integração das ações das FA por meio da compatibilização de seus procedimentos. 2.4.2 Se por um lado a operação de forma integrada pode aumentar a eficiência do serviço médico pela soma das capacidades e possibilidades na área de saúde próprias de cada FS, por outro, traz consigo um grande número de desafios cuja superação torna-se crucial para o sucesso do emprego conjunto. 2.4.3 Meios de comando e controle incompatíveis, equipamentos com baixa taxa de interoperabilidade e sistemas de informações (técnicas, inteligência e logísticas) sem capacidade de integração, entre outros fatores, podem resultar no aumento do tempo de resposta às demandas que se apresentem. Tal aspecto, quando se trata de Ap Sau, pode significar a perda de vidas humanas. 2.4.4 O Ap Sau deve buscar a interoperabilidade em todos os níveis pela adoção de uma doutrina e protocolos de atendimento comuns, respeitando-se as especificidades de cada FS, e pela padronização de equipamentos, sistemas e procedimentos, além da realização rotineira de exercícios conjuntos na área da Sau Op/Med Op. 2.4.5 Nesse contexto, os seguintes fatores deverão ser considerados no Ap Sau nas Op Cj: a) inserção no Sistema de Comando e Controle (C2); b) integração entre as equipes médicas envolvidas das FS; c) política de evacuação das vítimas (meios disponíveis, Cadeia de Ev a c u a ç ã o ) ; d) disponibilidade de meios para realização de Evacuação Aeromédica (EVAM); e) disponibilidade de equipes especializadas em resgate em áreas de risco; f) conforto e segurança das equipes e pacientes; g) apoio de material de saúde (suprimento e manutenção), incluindo sangue e hemoderivados; h) compatibilidade dos equipamentos de saúde; i) meios de Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC), com capacidade de Telemedicina; j) reconhecimentos especializados; k) imunização, quimioprofilaxia e disponibilização de equipamentos de proteção individual para as equipes empregadas na missão, além das medidas gerais de proteção contra vetores de doenças; e l) equipes especializadas em APHT. 2.4.6 As seguintes condicionantes deverão ser consideradas no Ap Sau Conjunto: a) padronização de condutas: consiste no uso de protocolos certificados para atendimento de saúde, fazendo com que, em momentos de aumento acentuado da demanda por serviços médicos, a qualidade do tratamento não seja degradada; b) triagem de pacientes: é o processo pelo qual se determina a prioridade do tratamento de pacientes, com base na gravidade de seus estados de saúde e na necessidade de intervenções críticas, assegurando-lhes o acesso aos cuidados imediatos, preferenciais, oportunos e em locais adequados. A utilização de métodos padronizados de triagem visa à otimização do tempo e dos recursos disponíveis, garantindo que pacientes graves, que possam ser salvos, sejam inseridos rapidamente na Cadeia de Evacuação, com a devida prioridade no atendimento; e c) apoio de saúde escalonado: a assistência médica deve ser oferecida progressivamente, com complexidade crescente, desde o atendimento básico até o tratamento especializado e a reabilitação, ao longo de quatro escalões de saúde ou níveis de apoio: - 1º Escalão de Saúde: compreende os procedimentos realizados desde o Ponto do Trauma até o primeiro atendimento médico; - 2º Escalão de Saúde: Inst Sau intermediária, normalmente atuando em apoio a forças de nível correspondente a Brigada; - 3º Escalão de Saúde: dispõe de capacidades cirúrgicas, para atendimento de emergências e de internação; e - 4º Escalão de Saúde: Tratamento Definitivo ou Reabilitação. d) evacuação médica contínua: os pacientes devem ser transportados em condições apropriadas para as Instalações de Saúde mais adequadas ao seu tratamento, ao longo da Cadeia de Evacuação, durante toda a operação, sem interrupção do tratamento. CAPÍTULO III ORGANIZAÇÃO DO APOIO DE SAÚDE NAS OPERAÇÕES CONJUNTAS 3.1 Generalidades 3.1.1 O Ap Sau nas FA é prestado por intermédio de órgãos de saúde pertencentes ao Ministério da Defesa, à Marinha do Brasil, ao Exército Brasileiro e à Força Aérea Brasileira e engloba os ramos da Saúde Assistencial e da Saúde Operacional. 3.1.1.1 Saúde Assistencial é o conjunto de ações realizadas para garantir a manutenção da saúde individual dos componentes das FS. Seu foco é a medicina preventiva - manter a higidez física do combatente - por meio de exames de rotina e inspeções de saúde programadas. Engloba, ainda, atividades voltadas à recuperação da capacidade laborativa dos militares. 3.1.1.2 Saúde Operacional é o conjunto das ações relacionadas com a conservação do potencial humano, nas melhores condições de aptidão física e psíquica, objetivando manter a capacidade operativa de uma Força, no que se refere aos aspectos de saúde. Tem por escopo mitigar os efeitos que enfermidades e lesões possam gerar na eficiência, disponibilidade e moral de uma tropa, contribuindo para o cumprimento de sua missão. 3.1.2 Nas Op Cj, por meio da aplicação de uma doutrina comum, as capacidades relativas à Saúde Operacional (Sau Op) /Medicina Operativa (Med Op) de cada FS são integradas, de forma que, sem prejudicar o Apoio de Saúde necessário às Forças Componentes, prestem apoio à operação como um todo sob um comando centralizado. 3.1.3 A presente publicação tem como foco o Ap Sau em Operações Militares, em especial as Conjuntas, não englobando as atividades ligadas essencialmente à Saúde Assistencial. Nesse contexto, sobressai o aspecto da interoperabilidade dos meios de saúde das FS e a importância do desdobramento de um efetivo sistema de Ap Sau de forma progressiva e escalonada nas operações. 3.1.4 A organização do Ap Sau nas Op Cj será baseada nos seguintes parâmetros: a) necessidades logísticas e operacionais conjuntas e as específicas de cada F Cte; b) organização da Sau Op / Med Op de cada FS; c) condicionantes impostas pelo planejamento nos diversos níveis de cada operação;Fechar