Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Este documento pode ser verificado no endereço eletrônico http://www.in.gov.br/autenticidade.html, pelo código 05152023121900023 23 Nº 240, terça-feira, 19 de dezembro de 2023 ISSN 1677-7042 Seção 1 3.4.2.3 Seleção médica do contingente A seleção médica é a atividade que consiste na avaliação dos recursos humanos inicialmente designados por uma FS, de forma a enquadrá-los em padrões preestabelecidos para determinadas operações. Trata-se de um processo que procura eliminar, ainda nas primeiras fases do planejamento, aqueles que apresentem incapacidades para determinadas atividades e que não possam ser recuperados até o início da operação e/ou que tenham grande probabilidade de apresentar problemas de saúde durante as operações. 3.4.2.4 Proteção da saúde da força 3.4.2.4.1 As enfermidades e ferimentos de combate representam o maior risco à manutenção da capacidade operativa de uma força. As responsabilidades do Ap Sau nas operações incluem prioritariamente, portanto, a conservação e a preservação da saúde geral dos contingentes, mediante a prevenção de doenças e lesões. Nesse contexto, a proteção de saúde de uma Força envolve: a) Prevenção de acidentes; b) Medicina preventiva; c) Saúde Mental e Controle do estresse em combate; d) Equipes de avaliação do estresse em combate; e e) Medicina Veterinária. 3.4.2.4.2 Prevenção de acidentes 3.4.2.4.2.1 Inclui todas as medidas tomadas tanto pelos Comandantes como por cada militar individualmente, a fim de se evitar ou minimizar as consequências da exposição a riscos ocupacionais. 3.4.2.4.2.2 Utilizando-se de princípios da análise de riscos, os planejadores militares médicos, em todos os níveis, deverão avaliar as possíveis causas de acidentes de serviço e propor medidas coletivas e individuais que minimizem tais riscos. 3.4.2.4.2.3 Dentre tais medidas, como exemplo, encontram-se a recomendação para o uso de equipamentos especiais de proteção, qualificações adicionais para militares envolvidos em determinadas tarefas, e a adequação ou aquisição de equipamentos e meios específicos para a sua realização. 3.4.2.4.3 Medicina preventiva 3.4.2.4.3.1 As doenças e ferimentos oriundos de situações que não envolvam o efetivo combate podem se tornar, muitas vezes, uma ameaça maior do que as baixas produzidas pela fricção da batalha. Tais enfermidades podem, então, afetar de forma decisiva o moral e a capacidade operativa de uma FS e, assim, o próprio cumprimento de sua missão. 3.4.2.4.3.2 A medicina preventiva visa, portanto, conservar a operacionalidade das forças militares por meio da manutenção de sua saúde e higidez física e mental. 3.4.2.4.3.3 Dentre as ações previstas na medicina preventiva com vistas a alcançar e manter o bom estado de saúde geral de uma força, destacam-se: a) a implementação de programas e campanhas relacionadas à saúde bucal, nutrição, controle de peso, prevenção e combate ao tabagismo, ao uso de drogas e álcool, educação sexual, controle do estresse e atividades físicas; b) a identificação de riscos e ameaças à saúde geral da tropa causados pelo clima, terreno, doenças endêmicas, condições gerais de higiene na área de operações, como a possibilidade de contaminação da água e de gêneros alimentícios, e riscos relativos à exposição a material radioativo, biológico, químico ou nuclear; c) adotar medidas preventivas concernentes à profilaxia, imunizações, higienização e tratamentos específicos necessários antes do desdobramento das forças; e d) ações de Odontologia Preventiva, incorporando medidas com o objetivo de reduzir ou eliminar potenciais riscos que possam deteriorar a higidez física do combatente para o cumprimento de suas tarefas ou, até mesmo, exigir sua evacuação a fim de realizar tratamentos odontológicos mais especializados. 3.4.2.4.4 Saúde Mental e Controle do estresse em combate 3.4.2.4.4.1 O controle do estresse em combate, no que se refere à proteção da saúde de uma FS, inclui todos os programas e ações desenvolvidas pelos Comandantes militares de forma a prevenir, identificar e gerenciar os sintomas fisiológicos e emocionais encontrados como consequência da exposição ao perigo e às exigências do combate. 3.4.2.4.4.2 O fator psicológico tem sido apontado como um dos mais importantes no combate, podendo, inclusive, ser decisivo para a vitória ou a derrota de uma FS. 3.4.2.4.4.3 Alguns casos de estresse em uma tropa são típicos da própria fricção do combate e estão intimamente ligados às ações do inimigo, principalmente em decorrência do uso de armas de fogo de emprego coletivo. Outros, no entanto, são decorrência do próprio ambiente operacional, como frio e fadiga. 3.4.2.4.4.4 Contudo, muitos potenciais fatores causadores do estresse podem ser fruto de problemas de relacionamento interpessoais vivenciados dentro das unidades, ou problemas particulares dos militares, originados longe do campo de batalha e exacerbados pelo afastamento da família. O apoio do Serviço Social e de Psicologia das Forças Singulares, analisando cada caso de forma individualizada é considerado um fator de sucesso para a manutenção da saúde mental dos militares expostos. 3.4.2.4.4.5 Atualmente, com o acesso da tropa à internet e à telefonia no Teatro de Operações/Área de Operações, a influência das questões familiares tende a se tornar ainda mais forte, requerendo uma atenção especial do profissional da saúde e uma maior interação com o setor de Serviço Social e de Psicologia das Forças Singulares, assim como os setores responsáveis pelo gerenciamento de Recursos Humanos. 3.4.2.4.4.6 Os serviços religiosos das FS também podem exercer papel importante na moral e na saúde mental da tropa. 3.4.2.4.4.7 Nesse contexto, as atividades relacionadas ao controle do estresse envolvem uma rigorosa seleção por ocasião do recrutamento, acompanhamento contínuo durante todo o serviço militar e, especialmente, antes, durante e depois do desdobramento de uma Força em operações. Para tanto, é necessária a presença de equipes de saúde devidamente capacitadas para esse acompanhamento, até mesmo quando mais próximas da frente de combate nas operações militares. 3.4.2.4.4.8 A manutenção da saúde mental do combatente, para ser atendida, necessita de ações preventivas coletivas e individuais e de tratamento, e podem ser divididas em quatro categorias: a) 1ª: ações gerais: são aquelas voltadas para toda a tropa presente no TO/A Op/ZD; b) 2ª: ações seletivas: direcionadas a determinadas unidades, grupos ou militares específicos cujos riscos de exposição ao estresse em combate estão acima dos demais; c) 3ª: ações pontuais: são aquelas destinadas a militares que apresentem sinais de alterações de comportamento típicas do estresse em combate e às unidades nas quais a eficiência em combate tenha sido comprometida pela exposição contínua ao risco ou a condições de combate extremamente adversas; e d) 4ª: tratamento: tem como objetivo fornecer o tratamento médico especializado aos militares que foram afastados de suas atividades devido aos sintomas do estresse em combate, e recuperá-los de forma a que possam retornar ao serviço com a maior brevidade possível. 3.4.2.4.4.9 Nesse contexto, o trabalho dos Cmt Op em estreita ligação com elementos médicos especializados em saúde mental, desde o início do planejamento das operações, é fundamental para: a) identificar unidades ou frações com maior risco ao estresse em combate e promover instruções voltadas ao incremento da capacidade de resiliência da tropa ao estresse; b) planejar o devido suporte às famílias dos militares na Zona do Interior (ZI), divulgando as ações voltadas para este apoio em todas as unidades no TO/A Op/ZD; c) planejar instruções direcionadas aos comandantes de unidades, subunidades e pequenas frações, com foco na identificação precoce dos sinais de estresse em combate em seus subordinados; e d) promover ações voltadas para a manutenção da saúde geral da força, como programas de "arejamento", rodízio de unidades na linha de frente e atividades recreativas e desportivas. 3.4.2.4.5 Equipes de avaliação do estresse em combate 3.4.2.4.5.1 Cabe ao Comandante Operacional solicitar o apoio de elementos especializados em psiquiatria, de modo a prevenir e identificar as possíveis causas do estresse, ou mesmo repará-las, por meio de tratamento especializado, buscando restituir as baixas rapidamente ao serviço. 3.4.2.4.5.2 O Comando Conjunto (C Cj), quando considerar que as características da missão ou do ambiente operacional assim exigirem, poderá prever a implementação das Equipes Conjuntas de Avaliação Psicológica (ECAP) no TO/A Op/ZD, a fim de contribuir para o controle da saúde mental e do estresse em combate. 3.4.2.4.5.3 A tarefa de tais equipes, ao serem desdobradas no TO/A Op/ZD com material e pessoal especializado, é realizar uma análise global dos potenciais fatores causadores de estresse na Força e conduzir avaliações das condições psicológicas nas unidades pertencentes ao Comando Conjunto (C Cj), sugerindo ações aos seus comandantes, quando necessário. Dentre as atividades desenvolvidas pelas ECAP, destacam-se: a) planejar e conduzir entrevistas e realizar a aplicação de questionários específicos; b) estabelecer uma base de dados fundamentada em suas avaliações e nas realizadas pelas próprias unidades; c) enviar, tempestivamente, recomendações aos comandantes de unidades acerca da necessidade da implementação de políticas ou ações de combate ao estresse; e d) promover instruções aos elementos especializados no combate do estresse pertencentes às F Cte, bem como aos Comandantes e líderes de fração. . Tarefa Propósito . Implementar planos e programas de controle do estresse em combate. Prevenir e minimizar as reações causadas pelo estresse em combate. . Realizar a avaliação das necessidades específicas de cada unidade relativas ao controle do estresse em combate. Fornecer aos comandantes uma avaliação global de sua unidade, considerando as múltiplas variáveis que podem afetar a liderança, o desempenho, o moral da tropa e sua eficiência em combate. . Promover instruções específicas voltadas ao incremento da resiliência da tropa ao estresse, particularmente em unidades com maior potencial à exposição a eventos traumáticos. Auxiliar na transição de unidades e/ou militares expostos a eventos traumáticos, permitindo uma recuperação pós-trauma mais rápida e eficiente. . Realizar triagem e avaliação de militares que apresentem desajustes comportamentais, a fim de identificar problemas neuropsiquiátricos. Verificar a existência de pessoal cujo estado mental ofereça riscos a si mesmo, a outros militares, ou que coloque em risco a operação e fornecer tratamento adequado, com a maior brevidade possível, para o pessoal diagnosticado com comprometimento da saúde neuropsiquiátrica. . Conduzir atividades voltadas à manutenção da saúde mental da tropa, como "arejamentos" e o rodízio de unidades com maior exposição ao risco. Fornecer descanso adequado e prevenir problemas comportamentais advindos do estresse acumulado pela rotina em combate. . Aplicar protocolos, diretrizes e avaliações psicológicas e do Serviço Social visando à readaptação dos militares de retorno aos lares e à convivência familiar. Traçar uma estratégia de readaptação do militar e dos familiares, a fim de prevenir a manifestação de conflitos, devido as mudanças que ocorrem em ambos os atores, após afastamentos desta natureza. Tabela 1: resumo das principais tarefas e propósitos do controle do estresse em combate 3.4.2.4.6 Medicina Veterinária 3.4.2.4.6.1 A Medicina Veterinária envolve as ações relacionadas à assistência e ao tratamento da saúde animal gestão ambiental, inspeção e controle de qualidade de alimentos e água, defesa alimentar, bioproteção, bioterrorismo, além do controle de vetores e animais peçonhentos, animais sinantrópicos, incluindo ações na área de inteligência em saúde e no campo da defesa BNQR. 3.4.2.4.6.2 Um apoio adequado de Medicina Veterinária é parte vital na proteção da saúde da força, reduzindo a vulnerabilidade da tropa a doenças e lesões não ligadas ao efetivo combate. É necessário, portanto, que os planejadores militares levem em consideração seus fatores no planejamento do Ap Sau como um todo. 3.4.2.4.6.3 Caso alguma FS disponha de capacidade (profissionais da área em questão com conhecimento em planejamento militar), prestará assessoramento técnico nos planejamentos estratégico e operacional, bem como prestar apoio às outras Forças com pessoal e material nas Op Cj, quando necessário. 3.4.2.4.6.4 Nesse contexto, a fim de avaliar as ameaças relativas a doenças endêmicas zoonóticas e transmitidas por vetores, garantindo a saúde humana e a eficácia do trabalho realizado por animais empregados nas operações, trabalho este reconhecido como um incontestável fator multiplicador de força, a presença de veterinários o mais breve possível na A Op deve ser considerada no planejamento das Op Cj. 3.4.2.4.6.5 O desdobramento oportuno de médicos veterinários é fundamental para a segurança na alimentação, garantindo a qualidade e a salubridade dos alimentos consumidos. 3.4.2.4.6.6 Dentre as responsabilidades dos oficiais médicos veterinários no planejamento e execução das Op Cj, destacam-se: a) preparar o Conceito de Operação da área de Medicina Veterinária, inserido no conceito mais amplo concebido para o Ap Sau nas Op Cj; b) assessorar os chefes das células de planejamento do Ap Sau no tocante às políticas, estruturação do serviço de Medicina Veterinária, apoio às forças e prioridades para o uso de recursos veterinários; c) realizar um levantamento epidemiológico e fornecer recomendações acerca de procedimentos para controle de doenças transmitidas por vetores, contaminantes ambientais, bem como zoonoses, e informações gerais a respeito de aspectos higiênico- sanitários que possam ser relevantes na prevenção de doenças, na produção ou obtenção de fontes de alimentação ou água local, além dos riscos relacionados ao bioterrorismo; e d) planejar, coordenar e fiscalizar as ações das equipes veterinárias nas operações, incluindo-se: 1) vigilância sanitária das fontes de alimentação e água, das etapas de recebimento ou captação, armazenamento, confecção e distribuição, a fim de garantir a higidez da tropa, incluindo ações no exame e vigilância na certificação da qualidade da água tratada. Deverá também planejar e realizar auditorias de saneamento nas diversas unidades operacionais desdobradas no terreno; 2) estabelecimento dos padrões e níveis de tratamento veterinário para os animais pertencentes à Força, incluindo-se o apoio cirúrgico. Nesse sentido, é fundamental a ligação com instituições de serviço veterinário civis no TO/A Op/ZD que possam apoiar, com suas instalações, as atividades de medicina veterinária do C Cj; 3) assessoramento aos chefes das células de planejamento do Ap Sau acerca de doenças animais que possam afetar a repatriação de equipamentos militares à ZI, em coordenação com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e prover orientação acerca da descontaminação de tais equipagens; 4) investigar reclamações de denúncias acerca de lesões ou morte da população animal da A Op decorrentes das operações militares. Nesse contexto, é fundamental o conhecimento e difusão das normas existentes no TO/A Op/ZD referentes à proteção da vida animal, bem como da cultura do povo local; e 5) orientar e instruir os participantes que integram as atividades logísticas de suprimento de alimentos e água no tocante às medidas de segurança e defesa alimentar, em todas as etapas da cadeia produtiva, assim como conduzir visitas técnicas nas instalações relativas à etapa da cadeia das F Cte desdobradas no TO/A Op/ZD. 3.4.2.5 Tratamento 3.4.2.5.1 O tratamento é a principal atividade do Ap Sau nas operações, destinando-se a devolver ao combatente as condições psicofísicas que o capacitem a retornar, o mais breve possível, às suas atividades normais, e envolvendo equipes multidisciplinares (médicos, enfermeiros, veterinários, dentistas, farmacêuticos e outros). 3.4.2.5.2 Esta atividade desde o Ponto do Trauma (PTr), local onde ocorreu o sinistro e no qual normalmente não há uma estrutura médica montada, até as instalações de saúde específicas, englobando os Postos de Socorro (PS), Postos de AtendimentoFechar