Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Este documento pode ser verificado no endereço eletrônico http://www.in.gov.br/autenticidade.html, pelo código 05152023121900024 24 Nº 240, terça-feira, 19 de dezembro de 2023 ISSN 1677-7042 Seção 1 Avançado (PAA) / Unidades Avançadas de Trauma (UAT), Hospital de Campanha (H Cmp), Navios de Recebimento e Tratamento de Baixas (NRTB), Navios de Assistência Hospitalar (NASH), em Operações Ribeirinhas, e Navios Hospitais (NH). Em função das peculiaridades das Operações Anfíbias, são instalados os Postos de Evacuação (PEv), que estão localizados nas Áreas de Apoio de Praia (AApP) e/ou Áreas de Apoio da Zona de Desembarque (AApZDbq), sendo operados pela Seção de Evacuação (SecEv) das Equipes de Destacamento de Praia (EqDP) e/ou Destacamento da Zona de Desembarque (DZDbq). 3.4.2.5.3 O tratamento ocorre em toda Cadeia de Evacuação, cuja configuração inclui as diversas Instalações de Saúde, com diferentes capacidades de atendimento e os meios de transporte de pacientes, em todo o Teatro de Operações/Área de Operações. 3.4.2.5.4 O Tratamento no Apoio de Saúde em operações militares caracteriza- se pelas seguintes tarefas: a) Auto-atendimento (self aid): medidas emergenciais que o próprio ferido deve realizar, se possível, para iniciar o tratamento, particularmente nas grandes hemorragias (auto aplicação de torniquete); b) Primeiros Socorros e Suporte Básico de Vida: são as medidas emergenciais, realizadas a partir do Ponto do Trauma ou em suas proximidades, visando à estabilização do estado clínico da baixa, devendo ser iniciado pelo combatente mais próximo ao ferido; c) Atendimento Pré-Hospitalar Tático Nível III: são as medidas emergenciais realizadas de acordo com protocolos que visam à estabilização do estado clínico da baixa, devendo ser iniciado pelo combatente treinado; d) Atendimento Pré-Hospitalar Tático Nível II: são medidas emergenciais e ações protocolares de maior complexidade, já com procedimentos invasivos que visam à estabilização do estado clínico da baixa. É o primeiro atendimento realizado pelo profissional da saúde ou de forças especiais reinado, inserindo a baixa na cadeia de evacuação ou retornando-a ao combate; e) Atendimento Pré-Hospitalar Tático Nível I: são medidas emergenciais e ações protocolares que visam fornecer Suporte Avançado de Vida, envolvendo manobras médicas invasivas, procedimentos cirúrgicos e administração de medicamentos, destinadas à estabilização clínica e cirúrgica da baixa para que a mesma siga ao longo da cadeia de evacuação, devendo ser realizado por médicos e enfermeiros; f) controle de danos: compreende uma série de medidas para o controle de lesões traumáticas, incluindo a reanimação volêmica com hemotransfusão, transfusão de hemoderivados e cirurgia de controle de danos; g) cirurgia de controle de danos: compreende o tratamento realizado por equipe cirúrgica especializada para estabilizar uma baixa, a fim de salvar sua vida ou membros comprometidos, em função das lesões existentes, sua gravidade e extensão, a fim de possibilitar a sua evacuação para o tratamento definitivo. Compreende uma estratégia cirúrgica onde há uma redução significativa do tempo de cirurgia, sacrificando- se o reparo imediato de todas as lesões a fim de se restaurar os parâmetros fisiológicos e não anatômicos do paciente instável. Nesse contexto, seu objetivo primordial é evitar a ocorrência das complicações fisiológicas que acompanham os traumas graves; h) cirurgia reparadora: consiste em reparar os danos locais produzidos por um traumatismo grave, indo além da correção de seus efeitos generalizados, a fim de evitar a ocorrência de morte ou sequelas residuais; i) assistência odontológica: compreende as medidas destinadas ao tratamento e pronto restabelecimento da saúde dentária, bucal e maxilofacial; j) tratamento de pacientes submetidos a agentes BNQR: envolve as medidas para atendimento inicial, descontaminação, evacuação e hospitalização das vítimas expostas a agentes BNQR; e k) Evacuação Médica (Ev Med): consiste na ação de transportar em meio de transporte dedicado e em condições apropriadas, os pacientes (feridos em combate ou acometidos por enfermidades) às Inst Sau mais adequadas ao seu tratamento. 3.4.2.5.5 Desta forma, por meio de um tratamento contínuo e progressivo, englobando a estabilização (controle de danos), procedimento a fim de garantir que o ferido reúna as condições clínicas mínimas exigidas para suportar uma evacuação, o tratamento ambulatorial e a hospitalização, que oferece cuidados essenciais para que o paciente seja recuperado e volte ao serviço na maior brevidade possível ainda no TO/A Op/ZD, as tarefas envolvidas no tratamento médico em operações precedem o chamado Tratamento Definitivo, realizado no TO ou na ZI, quando não é possível recuperar uma baixa com as capacidades disponíveis ou no tempo estipulado como máximo para sua permanência no TO/A Op/ZD. 3.4.2.5.6 Sendo assim, observa-se que o sistema de Ap Sau em Op Cj, que possui no Tratamento sua principal atividade, depende profundamente de rapidez e excelência no atendimento pré-hospitalar e de um sistema de Ev Med bem organizado e eficiente. 3.4.2.5.7 O Ap Sau nas Op Cj é disponibilizado de maneira progressiva por quatro Esc Sau, os quais identificam as capacidades das Inst Sau desde o local do ferimento até o atendimento especializado ou, caso necessário, até o Tratamento Definitivo ou Reabilitação, que constitui o 4º Esc Sau. 3.4.2.5.8 Todos os Esc Sau estão entrelaçados, constituindo um conjunto funcional único denominado Cadeia de Evacuação, na qual o paciente é transferido em direção às Inst Sau mais à retaguarda e, geralmente, mais robustas, de acordo com suas necessidades de tratamento. 3.4.2.5.9 Esta Cadeia de Evacuação é uma estrutura funcional pela qual só podem ser transmitidas ordens e instruções de caráter exclusivamente técnico. 3.4.2.5.10 Como regra geral, à medida que as capacidades de Ap Sau são aumentadas, crescem também a exigências de equipamentos mais sofisticados, efetivos maiores e mais especializados e quantidade de suprimentos, que, por sua vez, demandam mais ações de apoio por parte de outras funções logísticas. 3.4.2.5.11 Nesse contexto, a operacionalização de grandes instalações médicas altamente especializadas muito à frente, próximas à linha de contato, além de problemas de segurança, podem restringir em muito a liberdade de manobra do comandante. No entanto, se a natureza da operação permitir, como comumente encontrado nas operações de paz, instalações médicas mais sofisticadas podem ser posicionadas próximas aos locais onde normalmente ocorrem os ferimentos. Além disso, em tais operações, geralmente os Esc Sau contam com mais equipamentos do que os doutrinariamente previstos àquele nível da Cadeia de Evacuação nas Op Cj. 3.4.2.5.12 Para a efetiva operacionalização do conceito de Cadeia de Evacuação, é necessário que sejam planejadas Inst Sau altamente móveis, concentrando boa capacidade de ressuscitação e estabilização de feridos o mais à frente possível, prontas a se deslocar sempre que a situação tática exija, e conjugadas a meios de evacuação adequados. A modularidade, portanto, é a principal característica a ser buscada ao se planejar as Inst Sau envolvidas no tratamento. 3.4.2.5.13 O tempo máximo em dias que uma baixa pode permanecer em cada Esc Sau e no próprio TO/A Op como um todo é chamado de Norma de Evacuação (N Ev) e será estabelecido pelo Cmt Op assessorado por especialistas da área de saúde de seu Estado-Maior (EM) e da F Log Cte do TO/A Op/ZD (FLTO/FLAO/FLZD). 3.4.2.5.14 Nas Op Cj, uma vez que envolvem meios ponderáveis de duas ou mais FA, o tratamento médico ao paciente pode ser realizado por pessoal de saúde das três FS, em diferentes Inst Sau, ao longo da Cadeia de Evacuação. Tal característica exige um alto nível de padronização do tratamento médico e dos equipamentos de saúde entre as Forças. 3.4.2.5.15 Sendo assim, para a perfeita execução da atividade de hospitalização nas Op Cj, existe a necessidade da criação e manutenção de um abrangente Sistema de Gerenciamento de Baixas, com uma base de informações comum e que inclua as informações acerca do tratamento já realizado nos feridos, gravadas em arquivos padronizados, a disponibilidade de leitos em cada instalação de saúde, por especialidade médica pertencente à Cadeia de Evacuação planejada, e os meios disponíveis para a Ev Med com suas respectivas localizações. 3.4.2.5.16 Este sistema vai facilitar o acompanhamento do paciente e a prontificação das documentações médicas e dos registros de entrada e saída de baixas das unidades de saúde no TO/A Op. É essencial que esta base de informações comum seja acessível aos interessados por meio dos canais e sistemas de comunicações ativados para cada operação. 3.4.2.5.17 É importante salientar que a evacuação de baixas não necessita seguir, necessariamente, todos e cada um dos Esc Sau. A missão, a situação (particularmente as condições clínicas do ferido e suas necessidades de tratamento) e os meios disponíveis para a evacuação (em especial os aéreos) determinam a necessidade ou não de serem excluídos escalões no atendimento a determinadas baixas. Normalmente, o fluxo de baixas seguirá gradativamente do 1º ao 3º Esc Sau, sendo, então, realizada a evacuação para os hospitais de 4º Esc Sau, quando necessário. No entanto, esta não é uma regra rígida. 3.4.2.5.18 Além da estimativa de baixas diárias para cada fase da operação, a ser realizada durante o planejamento da 1ª Seção do EMCj - Pessoal (D1), assessorada por especialistas da área de saúde do EM do Cmt Op, a disponibilidade e os tipos de meios de transporte a serem utilizados, as distâncias envolvidas e as condições das rotas de evacuação, e o ambiente operacional terão grande impacto na determinação do número, capacidades de atendimento e, consequentemente, tamanho e localização das Inst Sau no TO/A Op/ZD. 3.4.2.6 Triagem Triagem é o processo pelo qual se determina a prioridade para o tratamento e o transporte das baixas, com base na gravidade de seu estado, otimizando eficientemente usos dos recursos disponíveis para a situação tática. Esse conceito será abordado no subitem 3.6. 3.4.2.7 Transporte O Transporte é representado palas atividades de Evacuação Médica (Ev Med). Esse conceito será desenvolvido no subitem 3.8. 3.5 Escalões de Saúde 3.5.1 O tratamento aos feridos deve ser realizado de forma contínua, disponibilizando os cuidados necessários não apenas nas Inst Sau, mas também durante a Ev Med, sendo a condição clínica dos pacientes o principal fator na avaliação do destino da baixa e do tempo necessário para a realização do transporte, tendo forte influência, consequentemente, na escolha dos meios de evacuação das baixas. 3.5.2 A assistência médica será, normalmente, fornecida de forma progressiva por meio de quatro Escalões de Saúde, os quais identificam a capacidade de atendimento aos feridos nas instalações médicas desde o local onde ocorreu o sinistro até um atendimento especializado e finalizando com a reabilitação, quando necessária. 3.5.3 No entanto, é importante ressaltar que algumas lesões ou doenças específicas podem exigir que determinado Esc Sau seja ultrapassado durante a evacuação, por demandarem cuidados especiais urgentes de maior envergadura. 3.5.4 As capacidades de atendimento em cada Esc Sau possuem parâmetros bem definidos. Todavia, os fatores da decisão e/ou outros aspectos, levantados durante o planejamento, podem acarretar a adoção de estruturas de saúde diferenciadas no 2º Esc Sau para atendimento de cada situação. 3.5.5 Sendo assim, aproveitando a flexibilidade oferecida pelas estruturas modulares, os parâmetros que caracterizam as capacidades de atendimento para tal escalão são mais flexíveis, possuindo duas categorias: a) capacidade mínima: em sua configuração mínima, o 2º Esc Sau deverá ser capaz de tratar as baixas que podem retornar rapidamente ao serviço, tendo uma capacidade de retenção de pacientes muito limitada. Além disso, deve ter capacidade de dar a continuidade adequada ao tratamento realizado no 1º Esc Sau aos feridos graves, garantindo a sua estabilização e a rápida evacuação para a retaguarda; e b) capacidade ampliada: adicionadas capacidades médicas selecionadas para o atendimento de características específicas de determinada missão. A presença de capacidades adicionais no 2º Esc Sau será representada pela sigla (Amp). Assim, o 2º Esc Sau (Amp) representa uma unidade médica com o mínimo de capacidades exigidas para uma instalação de 2º Escalão, acrescida de capacidades específicas necessárias para cumprimento daquela missão. 3.5.6 1º Escalão de Saúde - 1º Esc Sau 3.5.6.1 Compreende os procedimentos realizados desde o Ponto do Trauma até o primeiro atendimento médico. 3.5.6.2 O tratamento ao ferido terá início ainda no ponto de trauma, quando as condições de segurança assim permitam e será realizado pelo combatente mais próximo em condições de prestar o socorro ou pelo próprio ferido. Ainda em área segura próxima à Linha de Contato (LC), pode ser estabelecido um Ponto de Coleta de Feridos (PCF), local onde ocorrerá a atuação de um militar especializado (técnico de enfermagem ou socorrista). O objetivo do primeiro atendimento é prover um tratamento inicial, na maior brevidade possível, às maiores ameaças à vida, baseado no protocolo Tactical Combat Casualty Care (TCCC), priorizando: M (Massive hemorrage): controle de hemorragias massivas; A (Airways): desobstrução e manutenção das vias aéreas; R (Respiration): manutenção da respiração e tratamento do pneumotórax; C (Circulation): identificação e combate ao choque; H (Hypotermia/Head injury): prevenção da hipotermia e lesões da cabeça. P: prescrição A: analgesia F: feridas F: fraturas 3.5.6.3 O primeiro atendimento pelo profissional médico ao ferido no 1º Escalão de Saúde será prestado nos Postos de Socorro, instalações orgânicas, desdobradas na zona de ação dos elementos de emprego das F Cte localizados na Zona de Combate (ZC) ou na Enfermaria de Combate em meios de superfície da Marinha do Brasil. São atribuições dos Postos de Socorro/Enfermaria de Combate: a) prover o tratamento médico inicial dos feridos e iniciar o controle de danos, com ênfase em: - Tratar hemorragias, prevenir e iniciar o tratamento do choque (incluindo reanimação volêmica e hemotransfusão); - Garantir a permeabilidade definitiva das vias aéreas; - Tratar hemorragias e prevenir o choque; - Tratar as lesões potencialmente fatais; - Realizar manobras de reanimação e suporte avançado de vida; - Prevenir a hipotermia; - Tratar a dor; - Evitar complicações respiratórias e renais causadas pelo aumento da acidez do sangue (acidose metabólica); e - Prevenir alterações na coagulação do sangue (coagulopatia dilucional), pelo uso excessivo de soluções venosas. b) estar em condições de realizar o resgate de feridos quando necessário, auxiliando as tropas a frente; c) executar a triagem de feridos; e d) estabilizar, controlar e preparar o paciente para a evacuação. 3.5.6.4 Abordagem inicial do ferido 3.5.6.4.1 É importante ressaltar que, a fim de garantir os preceitos dos "10 minutos de Platina" e da "Hora de Ouro" na abordagem inicial dos feridos, todos os combatentes deverão estar capacitados a realizar os primeiros socorros em si e em seus companheiros até a chegada dos Combatentes Socorristas (Cmb Soc), que, embora não pertençam aos Quadros de Saúde, deverão possuir treinamento adicional em Atendimento Pré-Hospitalar Tático Nível III (APHT III) e Suporte Básico de Vida (SBV). O uso do Torniquete, por todos os militares envolvidos em combate, é fator essencial para a garantia da sobrevida dos feridos. Todos os militares em operações devem portar um Kit de Primeiros Socorros Individual (KPSI) com materiais necessários ao atendimento inicial, conforme protocolo TCCC, já citado. 3.5.6.4.2 É recomendável que todos os combatentes recebam treinamento básico em APHT e, ao menos um Combatente Socorrista, por Grupo de Combate, por Estação de Combate, por equipe ou fração equivalente, possua capacitação adicional em SBV, sendo que suas funções primárias no grupo permanecem inalteradas. A função primordial dos Combatentes Socorrista será, portanto, fornecer um primeiro atendimento ao ferido de forma eficiente e oportuna, enquanto se aguarda a chegada do profissional de saúde. 3.5.6.4.3 O atendimento inicial dos feridos, iniciado no Ponto do Trauma, tem continuidade no Posto de Coleta de Feridos, o qual deverá contar com militares capacitados em Atendimento Pré-Hospitalar Tático Nível III (APHT III), incluindo os Cabos de Saúde do Exército, Técnicos de Enfermagem da FAB e da MB, além dos Socorristas dos Reparos de Controle de Avarias, nos meios de superfície da Marinha. Tais especialistasFechar