DOU 07/02/2024 - Diário Oficial da União - Brasil

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7
Nº 27, quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024
ISSN 1677-7042
Seção 1
tomando-se em conta melhores rendimentos de biomassas da macaúba (incluindo
massa de frutos) observados em populações naturais de São Paulo e Minas Gerais, os
principais
fatores
abióticos
que
levam a
maior
produtividade
são
a
melhor
disponibilidade de macro e micronutrientes, boa drenagem dos solos dada pela
distribuição do tamanho de partículas, temperatura e altitude.
Objetivou-se, com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, identificar as
áreas de menor risco climático e definir as melhores regiões de cultivo para a macaúba no
Brasil, em sistema de cultivo de sequeiro, visando reduzir perdas de produção e obter
rendimentos mais elevados, bem como definir as melhores épocas para a implantação da
cultura, visando reduzir atrasos no desenvolvimento e mortes de plantas no primeiro ano
de cultivo, classificando em três níveis de risco (20%, 30%, 40%).
O modelo para cálculo do balanço hídrico utilizado no ZARC foi o SARRA
(Systeme d'Analyse Regionale des Risques Agroclimatiques). Este modelo foi usado para
se obter as necessidades hídricas e o Índice de Satisfação da Necessidade de Água para
a cultura (ISNA), que foi definido como a razão entre a evapotranspiração real da
cultura (ETr) e evapotranspiração máxima ou potencial da cultura (Etc).
Ressalta-se que, por se tratar de um modelo agroclimático, parte-se do
pressuposto de que não ocorrerão limitações quanto ao manejo, fertilidade dos solos
ou danos às plantas devido à ocorrência de plantas daninhas, pragas e doenças.
Considera-se o início do ciclo de produção do cafeeiro o processo de
florescimento induzido pela precipitação e/ou reinício das irrigações após um período
de suspensão durante a estação seca, sendo esse considerado o primeiro decêndio da
simulação, 
ao 
que
se 
seguem 
as 
diferentes 
fases
fenológicas, 
incluindo 
o
desenvolvimento reprodutivo e vegetativo.
Para delimitação das áreas aptas ao cultivo da macaúba, em condições de
baixo risco, foram adotados os seguintes parâmetros e variáveis:
I. Precipitação Pluvial: Foram utilizadas
séries de dados de chuva
preferencialmente com 30 anos de dados. Somente em regiões com escassez de séries
de dados de longa duração foram consideradas séries com um mínimo de 15 anos de
dados diários, contabilizando um total de 3.500 séries pluviométricas;
II. Evapotranspiração de referência (ETo): A ETo foi utilizada através de
médias decendiais calculadas pelo método de Hargreaves e Samani, previamente
adaptado e recalibrado para as condições brasileiras.
III. Coeficiente de cultura (Kc): As curvas de Kc, conforme modelo conceitual
FAO - 56, foram geradas para valores decendiais, por meio de um modelo bilogístico
ajustado a partir de valores de Kc iniciais, máximo e final. Os valores decendiais de Kc
foram gerados para
cada agrupamento de cultivares. O Kc,
utilizado para a
determinação da Evapotranspiração Máxima da Cultura (Etc.) decendial para cada
unidade da federação, são apresentados nas tabelas abaixo:
a. Ciclo de produção:
.
Dec.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
.
Kc
1,08
1,08
1,08
1,08
1,08
1,08
1,08
1,08
1,08
.
Dec.
10
11
12
13
14
15
16
17
18
.
Kc
1,1
1,1
1,1
1,1
1,1
1,1
1,1
1,1
1,1
.
Dec.
19
20
21
22
23
24
25
26
27
.
Kc
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
.
Dec.
28
29
30
31
32
33
34
35
36
.
Kc
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
1,05
1,05
1,05
b. Implantação da cultura:
.
Dec.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
.
Kc
0,53
0,55
0,57
0,59
0,62
0,66
0,71
0,76
0,81
.
Dec.
10
11
12
13
14
15
16
17
18
.
Kc
0,86
0,90
0,93
0,95
0,97
0,99
1,0
1,0
1,0
IV. Temperatura: Em condições frias, o risco é estimado pela análise da
frequência de ocorrência de temperaturas menores que o limiar de dano, com base na
temperatura em abrigo meteorológico. O limiar de dano definido para cada cultura está
diretamente relacionado à ocorrência de danos diretos com morte de tecidos vegetais,
e indiretos, devido a ocorrência de desordens fisiológicas.
Foram consideradas como período sensível todas as fases em que a
ocorrência deste evento adverso pode impactar a produção. Normalmente desde a
emergência das plântulas, ou do plantio das mudas, no caso de perenes, até a fase
intermediária de frutificação. No caso de grãos, o período sensível cessa quando o grão
atinge o ponto farináceo, mesmo antes da maturidade fisiológica. No caso de frutas, o
período sensível varia conforme espécie e pode estar restrito a fases específicas como
florescimento ou se estender por todo ciclo até o ponto de colheita.
Para o estabelecimento do risco climático da cultura da macaúba no Brasil
não foi considerada a limitação por altas temperaturas em nenhuma.
a. Ciclo de produção: Foi considerado o risco de ocorrência de temperaturas
muito baixas e deletérias à cultura, por meio da probabilidade de ocorrência de valores
de temperaturas mínimas observadas no abrigo meteorológico, ao longo de todo o
ciclo, menores ou igual a 3 °C para a espécie Acrocomia intumescens; menores ou igual
a 1 °C para a espécie Acrocomia aculeata; menores ou igual a 0 °C para a espécie
Acrocomia totai.
b. Implantação da cultura: Foi considerado o risco de ocorrência de
temperaturas muito baixas e deletérias à cultura, por meio da probabilidade de
ocorrência de valores de temperaturas mínimas menores ou iguais a 3°C observadas no
abrigo meteorológico, ao longo de todo o ciclo.
V. Ciclo e duração das Fases Fenológicas:
a. Ciclo de produção: O ciclo de produção foi subdividido em quatro fases
sendo elas: Fase I - Pré-Florescimento, com duração média de 30 dias; Fase II -
Florescimento (antese), com duração média de 60 dias; Fase III-Crescimento do fruto,
com duração média de 60 dias; Fase IV - Acúmulo de carboidratos, com duração média
de 90 dias; e
b. Implantação da cultura: O ciclo de implantação foi subdividido em quatro
fases, sendo elas: Fase I - Sobrevivência e pegamento, com duração média de 30 dias;
Fase II - Crescimento inicial, com duração média de 60 dias; Fase III - Aceleração do
crescimento, com duração média de 60 dias; e Fase IV -Estabelecimento pleno, com
duração média de 30 dias.
VI. Capacidade de Água Disponível (CAD):
a. Ciclo de produção: A Capacidade de Armazenamento de Água Disponível
(CAD) para o ciclo de produção foi estimada com base na profundidade efetiva do
sistema
radicular
(Ze),
e
a
Água Disponível
(AD)
nas
diferentes
classes.
Foram
considerados 6 classes de solos, AD1, AD2, AD3, AD4, AD5 e AD6; com capacidade de
armazenamento de 60 mm, 80 mm, 104 mm, 137 mm, 182 mm e 239 mm,
respectivamente; e uma profundidade efetiva média do sistema radicular (Ze) de 150
cm; e
a. Implantação da cultura: A Capacidade de Armazenamento de Água
Disponível (CAD) para a implantação da cultura foi estimada com base na profundidade
efetiva do sistema radicular (Ze), e a Água Disponível (AD) nas diferentes classes. Foram
considerados 6 classes de solos, AD1, AD2, AD3, AD4, AD5 e AD6; com capacidade de
armazenamento de
32 mm,
42 mm,
55 mm, 73
mm, 97
mm e
127 mm,
respectivamente; e uma profundidade efetiva média do sistema radicular (Ze) de 80
cm.
Estas informações foram incorporadas ao modelo de balanço hídrico para a
realização das simulações necessárias para identificação dos períodos favoráveis para a
semeadura. Foram realizadas simulações para 36 períodos de semeadura, espaçados de
10 dias, entre os meses de janeiro a dezembro.
VII. Índice de Satisfação das Necessidades de Água (ISNA): A partir das
simulações foram obtidos os valores médios do ISNA para cada data de simulação de
semeadura. O modelo estimou os índices de satisfação da necessidade de água (ISNA),
definidos como sendo a razão existente entre evapotranspiração real (ETr) e a
evapotranspiração máxima da cultura (Etc.) para cada fase de interesse da cultura e
para cada estação pluviométrica.
Procedeu-se a análise frequencial das séries de resultados anuais para a
verificação da frequência de ocorrência de anos-safra com valores de ISNA abaixo do
limite crítico para a cultura em cada fase de interesse.
O evento adverso fica caracterizado quando o ISNA de uma determinada
safra ficou abaixo do limite crítico. Posteriormente, os valores de ISNA correspondentes
aos percentis de 20%, 30% e 40% de risco foram georreferenciados por meio da
latitude e longitude e, com a utilização de um sistema de informações geográficas (SIG),
foram espacializados por meio de um estimador espacial geoestatístico (krigagem
ordinária) para a determinação dos mapas temáticos de risco.
a. Ciclo de produção: Foi considerado o risco de deficiência hídrica severa ao
não atingir o limite mínimo do Índice de satisfação das necessidades de água (ISNA)
que deve ser igual ou superior a 0,50, 0,60, 0,65 e 0,12, respectivamente para as Fases
I, II, III e IV, para a espécie Acrocomia intumescens; 0,60, 0,60, 0,65 e 0,20, para a
espécie Acrocomia aculeata; 0,60, 0,60, 0,65 e 0,40, para a espécie Acrocomia totai.
b. Implantação da cultura: Foi considerado o risco de deficiência hídrica
severa ao não atingir o limite mínimo do Índice de satisfação das necessidades de água
(ISNA) que deve ser igual ou superior a 0,60 nas Fases I e II, e 0,49 na Fase III.
Considerou-se apto para a produção e implantação da macaúba, em sistema
de cultivo de sequeiro, os municípios que apresentaram, em no mínimo 20% de sua
área, com condições climáticas dentro dos critérios considerados.
Notas:
Os resultados do Zarc são gerados considerando um manejo agronômico
adequado para o bom desenvolvimento, crescimento e produtividade da cultura,
compatível com as condições de cada localidade. Falhas ou deficiências de manejo de
diversos tipos, desde a fertilidade do solo até o manejo de pragas e doenças ou escolha
de cultivares inadequados para o ambiente edafoclimático, podem resultar em perdas
graves de produtividade ou agravar perdas geradas por eventos meteorológicos
adversos. Portanto, é indispensável: utilizar tecnologia de produção adequada para a
condição edafoclimática; controlar efetivamente as plantas daninhas, pragas e doenças
durante o cultivo; adotar práticas de manejo e conservação de solos.
2. TIPOS DE SOLOS APTOS AO CULTIVO
São aptos ao cultivo da cultura no estado as seis classes de água disponível
AD1, AD2, AD3,
AD4, AD5 e AD6,
que podem ser estimadas
por função de
pedotransferência em função dos percentuais granulométricos de areia total, silte e
argila, conforme especificado na Instrução Normativa SPA/MAPA nº 1, de 21 de junho
de 2022.
Limite inferior e superior para seis classes de AD a serem utilizadas nas
avaliações de risco de déficit hídrico do Zoneamento Agrícola de Risco Climático.
. Limite 
inferior
(mm cm-1)
Classes de AD
Limite 
superior
(mm cm-1)
.
0,34
£
AD1
<
0,46
.
0,46
£
AD2
<
0,61
.
0,61
£
AD3
<
0,80
.
0,80
£
AD4
<
1,06
.
1,06
£
AD5
<
1,40
.
1,40
£
AD6
£
1,84*
* amostras de solo com composição granulométrica que eventualmente
resulte em estimativa de AD acima de 1,84 mm cm-1 serão representadas pela classe
AD6.
Não são indicadas para o cultivo:
- áreas de preservação permanente, de acordo com a Lei 12.651, de 25 de
maio de 2012;
- áreas com solos rasos,
que apresentam profundidade inferior a
profundidade efetiva usada para representar o sistema radicular desta cultura;
- áreas com várzeas inundáveis ou com baixa capacidade de drenagem
sujeitas a alagamento, ainda que temporário;
- áreas com solos muito pedregosos, isto é, solos nos quais calhaus e
matacões ocupem mais de 15% da massa e/ou da superfície do terreno.
- áreas que não atendam às determinações da Legislação Ambiental vigente,
do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) dos estados.
3. TABELA DE PERÍODOS DECENDIAIS
O Zarc indica os períodos de plantio em períodos decendiais (dez dias). As
tabelas abaixo indicam a data e o mês que corresponde cada período de plantio
decendial.
.
Períodos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
.
Datas
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a 28
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a
30
.
Meses
Janeiro
Fe v e r e i r o
Março
Abril
.
Períodos
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
.
Datas
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a
30
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
.
Meses
Maio
Junho
Julho
Agosto
.
Períodos
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
.
Datas
1º
a
10
11
a
20
21
a
30
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a
30
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
.
Meses
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
4. MATERIAIS DE PROPAGAÇÃO INDICADOS
Devem ser utilizadas no plantio mudas produzidas em viveiros ou unidades
de propagação registrados no Renasem em conformidade com a legislação de sementes
e mudas (Lei nº 10.711, de 5 de agosto de 2003, e Decreto nº 10.586, de 18 de
dezembro de 2020).
5.RELAÇÃO DOS MUNICÍPIOS APTOS PARA
O CICLO DE PRODUÇÃO E
PERÍODOS INDICADOS PARA IMPLANTAÇÃO DA MACAÚBA.
A relação dos municípios aptos ao cultivo e os períodos indicados para
implantação da cultura estão disponibilizados no Painel de Indicação de Riscos do
Ministério 
da
Agricultura 
e 
Pecuária, 
no
sítio: 
https://mapa-
indicadores.agricultura.gov.br/publico/extensions/Zarc/Zarc.html.
Para consultar o Zarc Macaúba, deve-se acessar o "Zarc Oficial" e selecionar
os campos obrigatórios para obter o resultado da pesquisa, conforme indicado
abaixo:
1. Safra: "PERENE";
2: Cultura: Selecionar as opções:
a)
"Macaúba 
(Acromia
aculeata)
Produção", 
"Macaúba
(Acrocomia
intumescens) Produção", "Macaúba (Acrocomia totai) Produção"; para períodos de início
e níveis de risco do ciclo de produção;
b) "Macaúba (Acromia aculeata)
Implantação", "Macaúba (Acrocomia
intumescens) Implantação Sequeiro", "Macaúba (Acrocomia totai) Implantação", para
períodos de implantação da cultura;
3. Cultivo: "Sequeiro":
4: Clima: "Não se aplica";
5. Grupo: "Grupo I";
6. Solo: Selecionar a classe de AD desejada;
7. UF: Selecionar uma das Unidades da Federação: "AC", "AL", "AM", "AP",
"BA", "CE", "DF", "ES", "GO", "MA", "MG", "MS", "MT", "PA", "PB", "PE", "PI", "PR",
"RJ", "RN", "RO", "RR", "RS", "SC", "SE", "SP" ou "TO".

                            

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