DOU 07/02/2024 - Diário Oficial da União - Brasil

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6
Nº 27, quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024
ISSN 1677-7042
Seção 1
Para delimitação das áreas aptas ao cultivo da macaúba, em condições de
baixo risco, foram adotados os seguintes parâmetros e variáveis:
I. Precipitação Pluvial: Foram utilizadas
séries de dados de chuva
preferencialmente com 30 anos de dados. Somente em regiões com escassez de séries
de dados de longa duração foram consideradas séries com um mínimo de 15 anos de
dados diários, contabilizando um total de 3.500 séries pluviométricas;
II. Evapotranspiração de referência (ETo): A ETo foi utilizada através de
médias decendiais calculadas pelo método de Hargreaves e Samani, previamente
adaptado e recalibrado para as condições brasileiras.
III. Coeficiente de cultura (Kc): As curvas de Kc, conforme modelo conceitual
FAO - 56, foram geradas para valores decendiais, por meio de um modelo bilogístico
ajustado a partir de valores de Kc iniciais, máximo e final. Os valores decendiais de Kc
foram gerados para cada agrupamento de cultivares. O Kc, utilizado para a determinação
da Evapotranspiração Máxima da Cultura (Etc.) decendial para cada unidade da
federação, são apresentados nas tabelas abaixo:
a. Ciclo de produção:
.
Dec.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
.
Kc
1,08
1,08
1,08
1,08
1,08
1,08
1,08
1,08
1,08
.
Dec.
10
11
12
13
14
15
16
17
18
.
Kc
1,1
1,1
1,1
1,1
1,1
1,1
1,1
1,1
1,1
.
Dec.
19
20
21
22
23
24
25
26
27
.
Kc
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
.
Dec.
28
29
30
31
32
33
34
35
36
.
Kc
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
0,92
1,05
1,05
1,05
b. Implantação da cultura:
.
Dec.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
.
Kc
0,53
0,55
0,57
0,59
0,62
0,66
0,71
0,76
0,81
.
Dec.
10
11
12
13
14
15
16
17
18
.
Kc
0,86
0,90
0,93
0,95
0,97
0,99
1,0
1,0
1,0
IV. Temperatura: Em condições frias, o risco é estimado pela análise da
frequência de ocorrência de temperaturas menores que o limiar de dano, com base na
temperatura em abrigo meteorológico. O limiar de dano definido para cada cultura está
diretamente relacionado à ocorrência de danos diretos com morte de tecidos vegetais,
e indiretos, devido a ocorrência de desordens fisiológicas.
Foram consideradas como período sensível todas as fases em que a
ocorrência deste evento adverso pode impactar a produção. Normalmente desde a
emergência das plântulas, ou do plantio das mudas, no caso de perenes, até a fase
intermediária de frutificação. No caso de grãos, o período sensível cessa quando o grão
atinge o ponto farináceo, mesmo antes da maturidade fisiológica. No caso de frutas, o
período sensível varia conforme espécie e pode estar restrito a fases específicas como
florescimento ou se estender por todo ciclo até o ponto de colheita.
Para o estabelecimento do risco climático da cultura da macaúba no Brasil
não foi considerada a limitação por altas temperaturas em nenhuma.
a. Ciclo de produção: Foi considerado o risco de ocorrência de temperaturas
muito baixas e deletérias à cultura, por meio da probabilidade de ocorrência de valores de
temperaturas mínimas observadas no abrigo meteorológico, ao longo de todo o ciclo,
menores ou igual a 3 °C para a espécie Acrocomia intumescens; menores ou igual a 1 °C para
a espécie Acrocomia aculeata; menores ou igual a 0 °C para a espécie Acrocomia totai.
b.
Implantação da
cultura: Foi
considerado
o risco
de ocorrência
de
temperaturas muito baixas e deletérias à cultura, por meio da probabilidade de
ocorrência de valores de temperaturas mínimas menores ou iguais a 3°C observadas no
abrigo meteorológico, ao longo de todo o ciclo.
V. Ciclo e duração das Fases Fenológicas:
a. Ciclo de produção: O ciclo de produção foi subdividido em quatro fases
sendo elas: Fase I - Pré-Florescimento, com duração média de 30 dias; Fase II -
Florescimento (antese), com duração média de 60 dias; Fase III-Crescimento do fruto,
com duração média de 60 dias; Fase IV - Acúmulo de carboidratos, com duração média
de 90 dias; e
b. Implantação da cultura: O ciclo de implantação foi subdividido em quatro
fases, sendo elas: Fase I - Sobrevivência e pegamento, com duração média de 30 dias;
Fase II - Crescimento inicial, com duração média de 60 dias; Fase III - Aceleração do
crescimento, com duração média de 60 dias; e Fase IV -Estabelecimento pleno, com
duração média de 30 dias.
VI. Capacidade de Água Disponível (CAD):
a. Ciclo de produção: A Capacidade de Armazenamento de Água Disponível
(CAD) para o ciclo de produção foi estimada com base na profundidade efetiva do sistema
radicular (Ze), e a Água Disponível (AD) nas diferentes classes. Foram considerados 6
classes de solos, AD1, AD2, AD3, AD4, AD5 e AD6; com capacidade de armazenamento de
60 mm, 80 mm, 104 mm, 137 mm, 182 mm e 239 mm, respectivamente; e uma
profundidade efetiva média do sistema radicular (Ze) de 150 cm; e
a. Implantação da cultura: A Capacidade de Armazenamento de Água Disponível
(CAD) para a implantação da cultura foi estimada com base na profundidade efetiva do
sistema radicular (Ze), e a Água Disponível (AD) nas diferentes classes. Foram considerados
6 classes de solos, AD1, AD2, AD3, AD4, AD5 e AD6; com capacidade de armazenamento
de 32 mm, 42 mm, 55 mm, 73 mm, 97 mm e 127 mm, respectivamente; e uma
profundidade efetiva média do sistema radicular (Ze) de 80 cm.
Estas informações foram incorporadas ao modelo de balanço hídrico para a
realização das simulações necessárias para identificação dos períodos favoráveis para a
semeadura. Foram realizadas simulações para 36 períodos de semeadura, espaçados de
10 dias, entre os meses de janeiro a dezembro.
Considerou-se apto para a produção e implantação da macaúba, em sistema
de cultivo irrigado, os municípios que apresentaram, em no mínimo 20% de sua área,
com condições climáticas dentro dos critérios considerados.
Notas:
Os resultados do Zarc são gerados considerando um manejo agronômico
adequado para o bom desenvolvimento, crescimento e produtividade da cultura,
compatível com as condições de cada localidade. Falhas ou deficiências de manejo de
diversos tipos, desde a fertilidade do solo até o manejo de pragas e doenças ou escolha
de cultivares inadequados para o ambiente edafoclimático, podem resultar em perdas
graves de produtividade ou agravar perdas geradas por eventos meteorológicos adversos.
Portanto, é indispensável: utilizar tecnologia de produção adequada para a condição
edafoclimática; controlar efetivamente as plantas daninhas, pragas e doenças durante o
cultivo; adotar práticas de manejo e conservação de solos.
2. TIPOS DE SOLOS APTOS AO CULTIVO
São aptos ao cultivo da cultura no estado as seis classes de água disponível
AD1,
AD2,
AD3,
AD4,
AD5
e
AD6, que
podem
ser
estimadas
por
função
de
pedotransferência em função dos percentuais granulométricos de areia total, silte e argila,
conforme especificado na Instrução Normativa SPA/MAPA nº 1, de 21 de junho de 2022.
Limite inferior e superior para seis classes de AD a serem utilizadas nas
avaliações de risco de déficit hídrico do Zoneamento Agrícola de Risco Climático.
. Limite 
inferior
(mm cm-1)
Classes de AD
Limite 
superior
(mm cm-1)
.
0,34
£
AD1
<
0,46
.
0,46
£
AD2
<
0,61
.
0,61
£
AD3
<
0,80
.
0,80
£
AD4
<
1,06
.
1,06
£
AD5
<
1,40
.
1,40
£
AD6
£
1,84*
* amostras de solo com composição granulométrica que eventualmente resulte
em estimativa de AD acima de 1,84 mm cm-1 serão representadas pela classe AD6.
Não são indicadas para o cultivo:
- áreas de preservação permanente, de acordo com a Lei 12.651, de 25 de
maio de 2012;
- áreas com solos rasos,
que apresentam profundidade inferior a
profundidade efetiva usada para representar o sistema radicular desta cultura;
- áreas com várzeas inundáveis ou com baixa capacidade de drenagem
sujeitas a alagamento, ainda que temporário;
- áreas com solos muito pedregosos, isto é, solos nos quais calhaus e
matacões ocupem mais de 15% da massa e/ou da superfície do terreno.
- áreas que não atendam às determinações da Legislação Ambiental vigente,
do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) dos estados.
3. TABELA DE PERÍODOS DECENDIAIS
O Zarc indica os períodos de plantio em períodos decendiais (dez dias). As
tabelas abaixo indicam a data e o mês que corresponde cada período de plantio
decendial.
.
Períodos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
.
Datas
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a 28
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a
30
.
Meses
Janeiro
Fe v e r e i r o
Março
Abril
.
Períodos
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
.
Datas
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a
30
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
.
Meses
Maio
Junho
Julho
Agosto
.
Períodos
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
.
Datas
1º
a
10
11
a
20
21
a
30
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a
30
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
.
Meses
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
4. MATERIAIS DE PROPAGAÇÃO INDICADOS
Devem ser utilizadas no plantio mudas produzidas em viveiros ou unidades de
propagação registrados no Renasem em conformidade com a legislação de sementes e
mudas (Lei nº 10.711, de 5 de agosto de 2003, e Decreto nº 10.586, de 18 de dezembro
de 2020).
5. RELAÇÃO DOS MUNICÍPIOS APTOS PARA O CICLO DE PRODUÇÃO E
PERÍODOS INDICADOS PARA IMPLANTAÇÃO DA MACAÚBA.
A relação dos municípios aptos ao cultivo e os períodos indicados para
implantação da cultura estão disponibilizados no Painel de Indicação de Riscos do
Ministério
da
Agricultura
e 
Pecuária,
no
sítio:
https://mapa-
indicadores.agricultura.gov.br/publico/extensions/Zarc/Zarc.html.
Para consultar o Zarc Macaúba, deve-se acessar o "Zarc Oficial" e selecionar
os campos obrigatórios para obter o resultado da pesquisa, conforme indicado abaixo:
1. Safra: "PERENE";
2: Cultura: Selecionar as opções:
a)
"Macaúba 
(Acromia
aculeata)
Produção", 
"Macaúba
(Acrocomia
intumescens) Produção", "Macaúba (Acrocomia totai) Produção"; para períodos de início
e níveis de risco do ciclo de produção;
b)
"Macaúba (Acromia
aculeata)
Implantação", "Macaúba
(Acrocomia
intumescens) Implantação Sequeiro", "Macaúba (Acrocomia totai) Implantação", para
períodos de implantação da cultura;
3. Cultivo: "Irrigado":
4: Clima: "Não se aplica";
5. Grupo: "Grupo I";
6. Solo: Selecionar a classe de AD desejada;
7. UF: Selecionar uma das Unidades da Federação: "AC", "AL", "AM", "AP",
"BA", "CE", "DF", "ES", "GO", "MA", "MG", "MS", "MT", "PA", "PB", "PE", "PI", "PR", "RJ",
"RN", "RO", "RR", "RS", "SC", "SE", "SP" ou "TO".
PORTARIA SPA/MAPA Nº 2, DE 06 DE FEVEREIRO DE 2024
Aprova o Zoneamento Agrícola de Risco Climático -
ZARC para a cultura da macaúba, em sistema de
cultivo de sequeiro, no Brasil.
O SECRETÁRIO DE POLÍTICA AGRÍCOLA, no uso de suas atribuições e
competências estabelecidas pelo Decreto nº 11.332, de 1º de janeiro de 2023, e
observado, no que couber, o contido no Decreto nº 9.841 de 18 de junho de 2019, na
Portaria MAPA nº 412 de 30 de dezembro de 2020, na Instrução Normativa SPA/MAPA
nº 1, de 21 de junho de 2022, publicada no Diário Oficial da União de 22 de junho de
2022, do Ministério da Agricultura e Pecuária, resolve:
Art. 1º Aprovar o Zoneamento Agrícola de Risco Climático para a cultura da
macaúba, em sistema de cultivo de sequeiro, no Brasil conforme anexo.
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor em 1º de março de 2024.
NERI GELLER
ANEXO
1. NOTA TÉCNICA
A palmeira macaúba, também conhecida como bocaiúva, macaíba, coco
babão, grugru, drude, coco xodó e mbocayá, representa um grupo de palmeiras de
ampla ocorrência natural na América Tropical e Subtropical. As principais espécies de
interesse comercial são Acrocomia aculeata, Acrocomia totai e Acrocomia intumescens.
A palmeira macaúba Acromia aculeata caracteriza-se pela permanência da base das
folhas senescidas junto ao caule, enquanto a Acromia totai e Acromia. intumescens
apresentam estipes desprovidos destes remanescentes foliares e podem ser ou não
espinescentes. O caule intumescido é uma especificidade da Acromia intumescens. A
macaúba está em processo de domesticação e seus principais ativos são os óleos de
polpa e amêndoa. O grande interesse na macaúba reside da possibilidade de cultivos
organizados, fora das áreas de floresta úmida tropical, e a produção em sistemas
integrados com lavoura, pecuária e até mesmo outras espécies arbóreas, além da
produção de grandes volumes de outras biomassas que se adequam para a estruturação
de biorrefinarias.
A macaúba apresenta um único estipe que pode alcançar de 15 a 20 m de
altura, com folhas pinadas de 4 a 5 m que conferem aspecto plumoso à copa.
Caracteriza-se por seu ciclo supra anual que pode durar de 12 a 14 meses para
completar o ciclo entre o florescimento e a maturação dos frutos. As inflorescências são
monóicas e estão contidas em espatas que abrem de julho a março, a depender da
região de ocorrência. As flores unissexuais são dispostas em ráquilas. A reprodução
pode se dar por autopolinização ou por sistema cruzado, sendo que besouros são os
principais agentes polinizadores. O início da abertura das espatas (antese) parece estar
bastante relacionado também com o início das chuvas. Por exemplo, no Brasil Central
a floração ocorre de agosto a meados de dezembro, com o pico entre a metade de
outubro e novembro. Os frutos são deiscentes e a abscisão ocorre de outubro a janeiro
em áreas do cerrado central do Brasil e de janeiro a abril no interior do Nordeste.
A macaúba, dada a sua variabilidade genética e plasticidade para se adaptar
a 
diferentes 
condições 
edafoclimáticas, 
pode 
crescer 
em 
amplas 
faixas 
de
disponibilidade de água, temperatura e tipos de solo. Encontram-se plantas ocorrendo
naturalmente em regiões com índices pluviométricos entre 500 e 3000 mm/ano e com
períodos de estiagem e com altitudes ao nível do mar até 1200 m.
Em termos de temperatura, a espécie Acromia totai é encontrada em
grandes populações em áreas com históricos de geadas recorrentes, entretanto, de
maneira geral observa-se o crescimento da palmeira entre 15 a 35 °C. No entanto,

                            

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