DOU 09/02/2024 - Diário Oficial da União - Brasil

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14
Nº 29, sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024
ISSN 1677-7042
Seção 1
Para delimitação das áreas aptas ao cultivo da cebola, em condições de baixo
risco, foram adotados os seguintes parâmetros e variáveis:
I. Precipitação Pluvial:
Foram utilizadas séries de dados de chuva preferencialmente com 30 anos de
dados. Somente em regiões com escassez de séries de dados de longa duração foram
consideradas séries com um mínimo de 15 anos de dados diários, contabilizando um total
de 3.500 séries pluviométricas;
II. Evapotranspiração de referência (ETo):
A ETo foi utilizada através de médias decendiais calculadas pelo método de
Hargreaves e Samani, previamente adaptado e recalibrado para as condições brasileiras.
III. Coeficiente de cultura (Kc):
As curvas de Kc, conforme modelo conceitual FAO - 56, foram geradas para
valores decendiais, por meio de um modelo bilogístico ajustado a partir de valores de Kc
iniciais, máximo e final. Os valores decendiais de Kc foram gerados para cada
agrupamento de cultivares. O Kc, utilizado para a determinação da Evapotranspiração
Máxima da Cultura (Etc.) decendial para cada unidade da federação, são apresentados na
tabela abaixo:
.
Decêndio
Ciclo (dias)
.
*80
100
120
140
160
180
200
.
1
0,55
0,51
0,51
0,51
0,51
0,51
0,51
.
2
0,62
0,52
0,52
0,52
0,51
0,51
0,51
.
3
0,75
0,55
0,55
0,55
0,54
0,54
0,54
.
4
0,88
0,62
0,62
0,62
0,59
0,59
0,59
.
5
0,95
0,75
0,75
0,75
0,69
0,69
0,69
.
6
0,98
0,88
0,88
0,88
0,81
0,81
0,81
.
7
0,92
0,95
0,95
0,95
0,91
0,91
0,91
.
8
0,67
0,98
0,98
0,98
0,96
0,96
0,96
.
9
0,45
0,92
1,00
0,99
0,99
0,99
0,99
.
10
0,67
0,98
1,00
0,99
0,99
0,99
.
11
0,45
0,88
0,99
1,00
1,00
1,00
.
12
0,65
0,95
0,99
1,00
1,00
.
13
0,83
0,98
1,00
1,00
.
14
0,61
0,92
0,99
1,00
.
15
0,78
0,96
0,99
.
16
0,59
0,88
0,98
.
17
0,73
0,95
.
18
0,57
0,87
.
19
0,73
.
20
0,58
IV. Temperatura:
Em condições frias, o risco é estimado pela análise da frequência de ocorrência
de temperaturas menores que o limiar de dano com base na temperatura em abrigo
meteorológico. O limiar de dano definido para cada cultura está diretamente relacionado
a ocorrência de danos diretos com morte de tecidos vegetais, e indiretos, devido a
ocorrência de desordens fisiológicas ou indutoras de resposta fenológica indesejada.
É considerado como período sensível todas as fases em que a ocorrência deste
evento adverso pode impactar negativamente a produtividade esperada. Normalmente, a
cebola tem riscos térmicos para frequência de temperaturas mínimas (Tmin) menores que
11°C, em certo período crítico e por um período do ciclo da cultura, podendo induzir o
florescimento precoce/prematuro. Em condições quentes, o risco é estimado pela análise
da frequência de ocorrência de temperaturas maiores que o limiar de dano no abrigo
meteorológico. Na cebola, a ocorrência desta temperatura pode induzir respostas
fenológicas prejudiciais à produtividade quando ocorre em momentos específicos do
ciclo.
Foi considerado o risco de ocorrência de temperaturas muito baixas e
deletérias à cultura, por meio da probabilidade de ocorrência de valores de temperaturas
mínimas menores ou igual a 11°C, observadas no abrigo meteorológico, que podem levar
a indução de florescimento não desejável em momentos específicos do ciclo e o risco de
ocorrência de temperaturas muito altas e deletérias à cultura, por meio da probabilidade
de ocorrência de valores de temperaturas máximas superiores a 34°C, observadas no
abrigo meteorológico, que podem levar à bulbificação precoce em momentos específicos
do ciclo;
V. Ciclo:
As cultivares de cebola para semeadura direta ou transplantio de mudas foram
classificadas em seis grupos de cultivares conforme tabela abaixo.
.
Grupo
Ciclo (dias)
Nº 
médio 
de
dias 
da
emergência 
à 
maturação
ponto de colheita
.
Grupo I
100
80 - 100
.
Grupo II
120
101 - 120
.
Grupo III
130
121 - 130
.
Grupo IV
140
131 - 140
.
Grupo V
160
141 - 160
.
Grupo VI
180
> 160
As cultivares de cebola para plantio de bulbinho foram classificadas em um
grupo de cultivar, com ciclo médio de 80 dias e número médio de dias da emergência à
maturação ponto de colheita £ 80;
VI. Capacidade de Água Disponível (CAD):
A Capacidade de Armazenamento de Água Disponível (CAD) para a cultura da
cebola foi estimada com base na profundidade efetiva do sistema radicular (Ze), e a Água
Disponível (AD) nas diferentes classes. Foram considerados 6 classes de solos, AD1, AD2,
AD3, AD4, AD5 e AD6; com capacidade de armazenamento de 12 mm, 15,9 mm, 20,7 mm,
27,3 mm, 36,3 mm e 47,7 mm, respectivamente; e uma profundidade efetiva média do
sistema radicular (Ze) de 30 cm.
Estas informações foram incorporadas ao modelo de balanço hídrico para a
realização das simulações necessárias para identificação dos períodos favoráveis para a
semeadura. Foram realizadas simulações para 36 períodos de semeadura, espaçados de 10
dias, entre os meses de janeiro a dezembro.
VII. Índice de Satisfação das Necessidades de Água (ISNA):
A partir das simulações foram obtidos os valores médios do ISNA para cada
data de simulação de semeadura. O modelo estimou os índices de satisfação da
necessidade de água (ISNA), definidos como
sendo a razão existente entre
evapotranspiração real (ETr) e a evapotranspiração máxima da cultura (Etc.) para cada
fase de interesse da cultura e para cada estação pluviométrica.
Procedeu-se a análise frequencial das séries de resultados anuais para a
verificação da frequência de ocorrência de anos-safra com valores de ISNA abaixo do
limite crítico para a cultura em cada fase de interesse.
O evento adverso fica caracterizado quando o ISNA de uma determinada safra
ficou abaixo do limite crítico. Posteriormente, os valores de ISNA correspondentes aos
percentis de 20%, 30% e 40% de risco foram georreferenciados por meio da latitude e
longitude e, com a utilização de um sistema de informações geográficas (SIG), foram
espacializados por meio de um estimador espacial geoestatístico (krigagem ordinária) para
a determinação dos mapas temáticos de risco.
Foi considerado o risco de deficiência hídrica severa ao não atingir o limite
mínimo do Índice de satisfação das necessidades de água (ISNA) que deve ser igual ou
superior a 0,70 na fase I e na fase III.
VIII. Risco de Excesso Hídrico: Foi considerado o risco de ocorrência de excesso
de chuva ou excesso hídrico deletério à cultura, por meio da probabilidade de ocorrência
de precipitação acumulada maiores que 130mm na fase final de maturação e na
colheita;
Na fase de implantação da cultura quando feita por meio de semeadura direta
ou plantio de mudas foi considerado o risco de ocorrência de excesso de chuva ou
excesso hídrico deletério à cultura, por meio da probabilidade de ocorrência de
precipitação acumulada maiores que 150 mm na fase final de maturação e na colheita e
na fase de implantação da cultura por meio de bulbinhos 210 mm.
IX: Critérios Auxiliares:
O cultivo da cebola em áreas onde já tenha sido identificada a ocorrência de
podridão branca (Stromatinia cepivora Berk. sin. Sclerotium cepivorum) é considerado de
ALTO RISCO, independente do decêndio de plantio considerado. O patógeno pode causar
danos em todas as fases de crescimento da planta. A germinação dos microescleródios é
favorecida por temperaturas de 10 a 20°C; fora desse intervalo fica mais lenta e é
inviabilizada acima de 35°C. É uma das principais doenças em cebola e pode causar perdas
totais de produção. O patógeno pode sobreviver por longos períodos de tempo no solo e
não há medidas efetivas de controle da doença. Dessa forma, a ocorrência da doença em
locais de cultivo pode inviabilizar a produção de cebola.
Considerou-se apto para o cultivo da cebola, em sistema de cultivo de
sequeiro, os municípios que apresentaram, em no mínimo 20% de sua área, com
condições climáticas dentro dos critérios considerados.
Notas:
Os resultados do Zarc são gerados considerando um manejo agronômico
adequado para o bom desenvolvimento, crescimento e produtividade da cultura,
compatível com as condições de cada localidade. Falhas ou deficiências de manejo de
diversos tipos, desde a fertilidade do solo até o manejo de pragas e doenças ou escolha
de cultivares inadequados para o ambiente edafoclimático, podem resultar em perdas
graves de produtividade ou agravar perdas geradas por eventos meteorológicos adversos.
Portanto, é indispensável: utilizar tecnologia de produção adequada para a condição
edafoclimática; controlar efetivamente as plantas daninhas, pragas e doenças durante o
cultivo; adotar práticas de manejo e conservação de solos.
As lavouras irrigadas não estão restritas aos períodos de plantio indicados nas
Portarias para sequeiro, cabendo ao interessado observar as indicações: do ZARC
específico para a cultura irrigada (quando houver); ou da Assistência Técnica e Extensão
Rural (ATER) oficial para as condições locais de cada agroecossistema.
2. TIPOS DE SOLOS APTOS AO CULTIVO
São aptos ao cultivo da cultura no estado as seis classes de água disponível
AD1,
AD2,
AD3,
AD4,
AD5
e
AD6, que
podem
ser
estimadas
por
função
de
pedotransferência em função dos percentuais granulométricos de areia total, silte e argila,
conforme especificado na Instrução Normativa SPA/MAPA nº 1, de 21 de junho de
2022.
Limite inferior e superior para seis classes de AD a serem utilizadas nas
avaliações de risco de déficit hídrico do Zoneamento Agrícola de Risco Climático.
. Limite 
inferior
(mm cm-1)
Classes de AD
Limite 
superior
(mm cm-1)
.
0,34
£
AD1
<
0,46
.
0,46
£
AD2
<
0,61
.
0,61
£
AD3
<
0,80
.
0,80
£
AD4
<
1,06
.
1,06
£
AD5
<
1,40
.
1,40
£
AD6
£
1,84*
* amostras de solo com composição granulométrica que eventualmente resulte
em estimativa de AD acima de 1,84 mm cm-1 serão representadas pela classe AD6.
Não são indicadas para o cultivo:
- áreas onde já tenha sido identificada a ocorrência de podridão branca
(Stromatinia cepivora Berk. sin. Sclerotium cepivorum), independente do decêndio de
plantio considerado.
- áreas de preservação permanente, de acordo com a Lei 12.651, de 25 de
maio de 2012;
- áreas com solos que apresentam profundidade inferior a 50 cm ou com solos
muito pedregosos, isto é, solos nos quais calhaus e matacões ocupem mais de 15% da
massa e/ou da superfície do terreno.
- áreas que não atendam às determinações da Legislação Ambiental vigente,
do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) dos estados.
3. TABELA DE PERÍODOS DE SEMEADURA
O Zarc indica os períodos de plantio em períodos decendiais (dez dias). As
tabelas
abaixo indicam
a
data
e o
mês
que
corresponde cada
período
de
plantio/semeadura decendial.
.
Períodos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
.
Datas
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a 28
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a
30
.
Meses
Janeiro
Fe v e r e i r o
Março
Abril
.
Períodos
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
.
Datas
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a
30
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
.
Meses
Maio
Junho
Julho
Agosto
.
Períodos
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
.
Datas
1º
a
10
11
a
20
21
a
30
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
1º
a
10
11
a
20
21
a
30
1º
a
10
11
a
20
21
a
31
.
Meses
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
4. CULTIVARES INDICADAS
Ficam indicadas no Zoneamento Agrícola de Risco Climático, as cultivares de
cebola registradas no Registro Nacional de Cultivares (RNC) do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, atendidas as indicações das regiões de adaptação, em
conformidade com as recomendações dos respectivos obtentores/mantenedores.
N OT A S :
1. Informações específicas sobre as cultivares indicadas devem ser obtidas
junto aos respectivos obtentores/mantenedores.
2. Devem ser utilizadas no plantio sementes e mudas produzidas em
conformidade com a legislação brasileira sobre sementes e mudas (Lei nº 10.711, de 5 de
agosto de 2003, e Decreto nº 10.586, de 18 de dezembro de 2020).
5. RELAÇÃO DOS MUNICÍPIOS APTOS AO CULTIVO E PERÍODOS INDICADOS
PARA SEMEADURA
NOTA: Para culturas anuais, o ZARC faz avaliações de risco para períodos
decendiais (10 dias) de semeadura e assume que a emergência ocorra, majoritariamente,
em até 10 dias após a semeadura. Para os casos excepcionais em que a emergência
ocorrer com 11 ou mais dias de atraso em relação a semeadura, deve-se considerar como
referência o risco do decêndio em que ocorreu a emergência.
A relação dos municípios aptos ao cultivo e os períodos indicados para
implantação da cultura está disponível no Painel de Indicação de Riscos do Ministério da
Agricultura 
e
Pecuária, 
no
sítio: 
https://mapa-
indicadores.agricultura.gov.br/publico/extensions/Zarc/Zarc.html
Para consultar o Zarc Cebola, deve-se acessar o "Zarc Oficial" e selecionar os
campos obrigatórios para obter o resultado da pesquisa, conforme indicado abaixo:
1. Safra: "OLERÍCOLA";
2: Cultura: Selecionar as opções:
a) "Cebola" para implantação da cultura com semeadura direta ou transplantio
de mudas;
b) "Cebola Plantio com Bulbinho" implantação da cultura com plantio de
bulbinhos;
3. Cultivo: "Sequeiro":
4: Clima: "Não se aplica";
5. Grupo: Selecione o grupo em que a cultivar esteja agrupada;
6. Solo: Selecione a classe de AD desejada;
7. UF: Selecione uma das Unidades da Federação: "PR", "RS" e "SC";

                            

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