Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. Este documento pode ser verificado no endereço eletrônico http://www.in.gov.br/autenticidade.html, pelo código 05152024052700006 6 Nº 101, segunda-feira, 27 de maio de 2024 ISSN 1677-7042 Seção 1 42. Os produtos planos de aço inoxidável, doravante simplesmente, aços inoxidáveis, são ligas de ferro (Fe) e cromo (Cr) com um mínimo de 10,5% de Cr. Outros elementos metálicos também integram estas ligas, como níquel (Ni), carbono (C), silício (Si), manganês (Mn), fósforo (P) e enxofre (S), mas o Cr é considerado o elemento mais importante na composição destes produtos porque é o que dá aos aços inoxidáveis uma elevada resistência à corrosão. 43. Nos aços inoxidáveis, dois elementos se destacam: o cromo, sempre presente, por seu importante papel na resistência à corrosão, e o níquel, por sua contribuição na melhoria das propriedades mecânicas. 44. Simplificadamente, pode-se dividir os aços inoxidáveis em dois grandes grupos, quais sejam, os da série 300 e os da série 400. Os da série 300 são os aços inoxidáveis austeníticos, aços não magnéticos com estrutura cúbica de faces centradas, basicamente ligas Fe-Cr-Ni. A série 400 é a dos aços inoxidáveis ferríticos, que são aços magnéticos com estrutura cúbica de corpo centrado, basicamente ligas Fe-Cr. Esses aços, por sua vez, podem ser divididos em dois grupos: os ferríticos propriamente ditos, que em geral apresentam o cromo mais alto e o carbono mais baixo, e os martensíticos, nos quais predomina teor de cromo mais baixo e de carbono mais alto, em comparação com os ferríticos. 45. Segundo a peticionária, os mercados norte-americano, europeu e brasileiro, tradicionalmente, desenvolveram o consumo dos aços 304 e 430 devido à sua elevada qualidade e, portanto, adequação a um maior alcance de aplicação. Enquanto o aço 304 seria o principal produto para os setores consumidores de aço inox, o aço 430 teria sido desenvolvido para apresentar qualidade similar em determinadas aplicações, em especial nos setores industriais e de construção, por lidar melhor com soldagens e ter melhor maquinabilidade, com o benefício de não ter a mesma dependência do níquel, o que leva a um custo menor. 46. Cada série de aço inoxidável é dividida em tipos distintos, conforme a composição específica, o que implica também, normalmente, distintas utilizações. Internacionalmente, utilizam-se para a definição dos distintos tipos de aços inoxidáveis nomenclaturas internacionais, sendo a mais utilizada a nomenclatura do American Iron and Steel Institute (AISI). O Brasil, por meio da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), segue a mesma nomenclatura do AISI. Existem, contudo, outras nomenclaturas internacionais que especificam os diferentes tipos de aços inoxidáveis que podem ser utilizados, a depender da região/país na qual o produto é fabricado/comercializado. A título exemplificativo, a tabela a seguir mostra a equivalência entre algumas dessas nomenclaturas. Equivalência de nomenclaturas internacionais ABNT/AISI Brasil/EUA Euronorm União Europeia W.N. Alemanha DIN 17707 Alemanha JIS Japão BSI Grã Bretanha AFNOR França SIS Suécia UNE Espanha 304 X6CrNi1810 1.4301 1.4303 X5CrNi1810 X5CrNi1812 SUS 304 304 S 31 304 S 15 Z6CN1809 2333 X6CrNi1910 304L X3CrNi1810 1.4307 1.4306 X2CrNi1811 SUS 304L 304 S 11 Z2CN1810 2352 X2CrNi1910 304H ---- 1.4948 ---- SUS F 304H 304 S 51 ---- ---- X6CrNi1910 430 X6Cr17 1.4016 1.4016 X6Cr17 SUS 430 430 S 17 Z8C17 2320 X6Cr17 47. Os aços inoxidáveis são fabricados e comercializados com uma grande variedade de acabamentos. Muito embora não seja exaustiva, a norma ASTM A-480 define os acabamentos mais utilizados nos aços inoxidáveis. Esses acabamentos são citados a seguir: a) Nº 1: Laminado a quente, recozido e decapado. A superfície é um pouco rugosa e fosca. É um acabamento frequente nos materiais com espessuras não inferiores a 3,00 mm, destinados às aplicações industriais. Muitas vezes, na fabricação da peça final, o material é submetido a outros acabamentos, como o lixado, por exemplo; b) Nº 2D: Laminado a frio, recozido e decapado. Muito menos rugoso que o acabamento No 1, mas mesmo assim apresenta uma superfície fosca, popularmente denominada "mate". Este acabamento não é utilizado, por exemplo, no aço 430, já que com este acabamento, durante a conformação, estes materiais dão lugar ao aparecimento de linhas de Lüder; c) Nº 2B: Laminado a frio recozido e decapado seguido de um ligeiro passe de laminação em laminador com cilindros brilhantes (skin pass). Apresenta um brilho superior ao acabamento 2D e é o mais utilizado entre os acabamentos da laminação a frio. Como a superfície é mais lisa, o polimento resulta mais fácil que nos acabamentos Nos 1 e 2D; d) BA: Laminado a frio com cilindros polidos e recozido em forno de atmosfera inerte. Superfície lisa, brilhante e refletiva, características que são mais evidentes na medida em que a espessura é mais fina. A atmosfera do forno pode ser de hidrogênio ou misturas de hidrogênio e nitrogênio; e) Nº 3: Material lixado em uma direção. Normalmente o lixamento é feito com abrasivos de grana (tamanho do grão de diamante) de aproximadamente 100 mesh; f) Nº 4: Material lixado em uma direção com abrasivos de grana de 120 a 150 mesh. É um acabamento com rugosidade menor que a do No 3; g) Nº 6: Material com acabamento No 4, acabado com panos embebidos em pastas abrasivas e óleos. O aspecto é fosco, satinado, com refletividade inferior à do acabamento Nº 4. O acabamento não é dado em uma única direção e o aspecto varia a depender do tipo de pano utilizado; h) Nº 7: Acabamento com alto brilho. A superfície é finamente polida, mas conserva algumas linhas de polido. É um material com alto grau de refletividade obtido com polimentos progressivos cada vez mais finos; i) Nº 8: Acabamento espelho. A superfície é polida com abrasivos cada vez mais finos até que todas as linhas de polimento desapareçam. É o acabamento mais fino que existe e permite que os aços inoxidáveis sejam usados como espelhos. Também é utilizado em refletores; e j) Acabamento TR: Acabamento obtido por laminação a frio ou por laminação a frio com recozimento e decapagem de maneira que o material tenha propriedades mecânicas especiais. Geralmente as propriedades mecânicas são mais elevadas que a dos outros acabamentos e a principal utilização é em aplicações estruturais. 48. Há ainda outros tipos de acabamentos de aços inoxidáveis não incluídos na norma acima mencionada, dentre os quais podem ser citados: a) Nº 0: Laminado a quente e recozido. Apresenta a cor preta dos óxidos produzidos durante o recozimento. Não é realizada decapagem. Às vezes são vendidas desta forma chapas de grande espessura, particularmente de aços inoxidáveis refratários, que serão utilizados em altas temperaturas; b) Nº 5: O material do acabamento No 4 submetido a um ligeiro passe de laminação com cilindros brilhantes (skin pass). Apresenta um brilho maior que o acabamento Nº 4; c) RF (Rugged Finish): Obtido com lixas, com grana entre 60 e 100 mesh. A aparência é de um lixamento com alta rugosidade. A rugosidade varia de 2,00 a 2,50 microns Ra; d) SF (Super Finish): Acabamento do material com lixas com grana de 220 a 320 mesh. É um lixamento de baixa rugosidade, variando entre 0,70 e 1,00 microns Ra; e) ST (Satin Finish): Acabamento com Scotch Brite, sem uso de pastas abrasivas. O material possui uma rugosidade que varia entre 0,10 e 0,15 microns Ra, mesmo que sua aparência seja fosca; f) HL (Hair Line): Material com acabamento em linhas contínuas, realizado com lixas com grana de até 80 mesh. É também um lixamento de alta rugosidade (2,00 a 2,50 microns Ra); e BB (Buffing Bright): Polimento feito com granas que variam entre 400 e 800 mesh. É um material muito brilhante. A rugosidade é inferior a 0,05 microns Ra. 49. Os laminados a frio objeto do direito antidumping são fabricados e comercializados em diversas formas, dentre essas bobinas, chapas e tiras/fitas. 50. Os laminados a frio tipo 304 são utilizados na fabricação de torres, tubos, tanques, estampagem geral, profunda e de precisão, com aplicações diversas, como em utensílios domésticos, instalações criogênicas, destilarias, fotografia, assim como nas indústrias aeronáutica, ferroviária, naval, petroquímica, de papel e celulose, têxtil, frigorífica, hospitalar, alimentícia, de laticínios, farmacêutica, cosmética, química, dentre outras. 51. Os laminados a frio tipo 430 são utilizados em aplicações diversas, tais como talheres, baixelas, pias de cozinha, fogões, tanques de máquinas de lavar roupa, lava- pratos, fornos micro-ondas, cunhagem de moedas, dentre outras. Esse tipo de aço também é utilizado em revestimentos de balcões e em gabinetes de telefonia. 52. Acerca do processo produtivo do produto objeto do direito antidumping, as principais etapas são as seguintes: redução, aciaria, laminação a quente e laminação a frio. 53. Na etapa da redução, os altos fornos são alimentados com fontes de ferro e coque, formando assim o ferro-gusa líquido. O coque é obtido pelo aquecimento a altas temperaturas do carvão mineral na coqueira. Pode haver diferenças na cesta das fontes de ferro utilizadas, que consistem em minério de ferro, sínter e pelotas. 54. Na etapa seguinte, o ferro-gusa líquido é colocado no carro torpedo e transferido para a aciaria, onde sofre um primeiro pré-tratamento, sendo removidas as impurezas como fósforo, enxofre, carbono e nitrogênio. O teor de carbono é reduzido de 4% para no máximo 0,5%. Na aciaria também é onde a sucata é reintroduzida no processo produtivo, por meio dos fornos a arco. 55. Na aciaria, é definido qual tipo de aço será fabricado através da adição das ferro-ligas. Nesta etapa são adicionados cromo (na forma de ferro-cromo ou sucata de aços inoxidáveis), menores quantidades de nióbio, titânio, ferro silício e ferro manganês, sendo feito um ajuste fino de temperatura e composição química, terminando na solidificação do aço líquido na forma de placas. No caso da fabricação de aço 304, é ainda adicionado níquel (na forma de níquel eletrolítico, ferro-níquel ou sucata de aços inoxidáveis tipo 304). Ao final da etapa da aciaria, o aço, ainda líquido, é enviado aos equipamentos de lingotamento contínuo, que o solidificam no formato de placas. 56. A etapa seguinte é a laminação a quente, que consiste na conformação a quente das placas com redução significativa de espessura. A laminação ocorre da seguinte forma: primeiro, as placas são reaquecidas. Posteriormente, é feito o ajuste preliminar de espessura, para, então, ser iniciada a laminação nos laminadores a fim de se obter bobinas a quente. 57. As bobinas laminadas a quente são, então, direcionadas para a laminação a frio. Até esta etapa, a linha de produção é em geral compartilhada com outros produtos em maior ou menor escala, em cada uma das principais etapas do processo de produção: redução, aciaria a laminação a quente. 58. Na laminação a frio, as bobinas passam pelas preparadoras de bobinas, linhas de recozimento e decapagem, laminadores a frio e equipamentos auxiliares, de modo a se atingir as espessuras conforme especificação desejada. 59. Sabe-se, por fim, que as siderúrgicas podem apresentar algumas diferenças de concepção, sendo que algumas usinas podem realizar o fluxo de produção via ferro- gusa, o qual seria utilizado pela maioria das empresas, e outras podem obter o aço exclusivamente por meio da sucata. Caso a usina utilize exclusivamente a sucata, estas seriam introduzidas no forno a arco no início da etapa seguinte (aciaria). Cumpre esclarecer que as usinas que produzem o aço por meio do ferro-gusa também utilizam a sucata como insumo, mas não de maneira exclusiva. 3.1.1. Do produto objeto da revisão anticircunvenção 60. O produto objeto da revisão anticircunvenção compreende os aços comumente classificados como aços do tipo 410 na ASTM-240 e NBR 5601, e os aços da série Cr-NiMn-N que são classificados pela ASTM–240 e pela NBR 5601 como os tipos da série 2xx e pela ASTM conforme UNS (Unified Numbering System) de prefixo S2xxxxx, exportados da China para o Brasil. 61. Conforme dados obtidos a partir da petição inicial, das informações complementares submetidas à apreciação do DECOM e das manifestações das partes, os aços das séries 2xx e 410 objeto de circunvenção), foram criados nos Estados Unidos, no contexto de guerras comerciais que antecederam a segunda guerra mundial, e teriam continuado a serem desenvolvidos na China e na Índia, ainda na década de 1930, com o intuito de reduzir o conteúdo de níquel presente em sua composição, substituindo-o por manganês. 62. Segundo a peticionária, outros mercados tradicionais, como europeu, japonês e norte-americano não frequentemente o utilizam, e somente passaram a ser introduzidos no mercado brasileiro após a imposição do direito antidumping. Em relação a este tema, ressalte-se que a Aprodinox afirmou, em sua manifestação, que estes aços são utilizados também na Europa. 63. Os aços da série 2xx são aços austeníticos, assim como os AIs 304, não magnéticos, mas seu sistema é diferente da série 3xx por conter menor quantidade de níquel. Nos aços da série 2xx, o níquel é substituído por manganês e/ou nitrogênio. 64. Segundo a peticionária, estão sendo exportadas para o Brasil variações de aços da família 2xx que não estão normatizadas na norma brasileira. Nos termos da norma ASTM-240, que também relaciona outras ligas desse tipo de aço que seguem o denominado Unified Numbering System (UNS), o produto objeto de circunvenção é da família 2xx e tem código iniciado com o prefixo S2, conforme apresentado na tabela a seguir: Composição química, ASTM 240 (%) . Designação UNS Tipo C Mn P S Si Cr Ni Mo N Cu Outros Elementos . S20100 201 0,15 5.50-7.50 0,060 0,030 1,00 16.0-18.0 3.5-5.5 . . . 0,25 . . . . . . . S20103 . . . 0,03 5.50-7.50 0,045 0,030 0,75 16.0-18.0 3.5-5.5 . . . 0,25 . . . . . . . S20153 201LN 0,03 6.40-7.50 0,045 0,015 0,75 16.0-17.5 4.0-5.0 . . . 0.10-0.25 1,00 . . . . S20161 . . . 0,15 4.00-6.00 0,040 0,040 3.00-4.00 15.0-18.0 4.0-6.0 . . . 0.08-0.20 . . . . . . . S20200 202 0,15 7.50-10.00 0,060 0,030 1,00 17.0-19.0 4.0-6.0 . . . 0,25 . . . . . . . S20400 . . . 0,030 7.00-9.00 0,040 0,030 1,00 15.0-17.0 1.50-3.00 . . . 0.15-0.30 . . . . . . . S20431 . . . 0,12 5.00-7.00 0,045 0,030 1,00 17.0-18.0 2.0-4.0 . . . 0.10-0.25 1.50-3.50 . . . . S20432 . . . 0,08 3.00-5.00 0,045 0,030 1,00 17.0-18.0 4.0-6.0 . . . 0.05-0.20 2.00-3.00 . . . . S20433 . . . 0,08 5.50-7.50 0,045 0,030 1,00 17.0-18.0 3.5-5.5 . . . 0.10-0.25 1.50-3.50 . . . . S20910 XM-19 0,06 4.00-6.00 0,040 0,030 0,75 20.5-23.5 11.5-13.5 1.50-3.00 0.20-0.40 . . . Nb 0.10-0.30 . S21400 XM-31 0,12 14.00-16.00 0,045 0,030 0.30-1.00 17.0-18.5 1,00 . . . 0.35 min . . . V 0.10-0.30 . . . . S21600 XM-17 0,08 7.50-9.00 0,045 0,030 0,75 17.5-22.0 5.0-7.0 2.00-3.00 0.25-0.50 . . . . . . . S21603 XM-18 0,03 7.50-9.00 0,045 0,030 0,75 17.5-22.0 5.0-7.0 2.00-3.00 0.25-0.50 . . . . . . . S21640 . . . 0,08 3.50-6.50 0,060 0,030 1,00 17.5-19.5 4.0-6.5 0.50-2.00 0.08-0.30 . . . Nb 0.10-1.00 . S21800 . . . 0,10 7.00-9.00 0,060 0,030 3.5-4.5 16.0-18.0 8.0-9.0 . . . 0.08-0.18 . . . . . . . S21904 XM-11 0,04 8.00-10.00 0,060 0,030 0,75 19.0-21.5 5.5-7.5 . . . 0.15-0.40 . . . . . . . S24000 XM-29 0,08 11.50-14.50 0,060 0,030 0,75 17.0-19.0 2.3-3.7 . . . 0.20-0.40 . . . . . . . S30400 304 0,08 2,00 0,045 0,030 0,75 18.0-20.0 8.0-11.0 . . . 0,10 . . . . . . . S30403 304L 0,030 2,00 0,045 0,030 0,75 18.0-20.0 8.0-12.0 . . . 0,10 . . . . . .Fechar