DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DO AMAZONAS Manaus, segunda-feira, 15 de julho de 2024 4 B uscar dados sufi cientes para se chegar à identifi cação de uma vítima é uma das missões dos peritos do Departamen- to de Polícia Técnico-Científi ca (DPTC), órgão vinculado à Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM). No Amazonas, além dos métodos já conhecidos como o odontológico, o necropa- piloscópico e o de DNA, a polícia científi ca utili- za, também, a antropologia forense. A especialidade tem por objetivo realizar a perícia em ossada humana, utilizando ferra- mentas que são capazes de identifi car a causa da morte, o tempo decorrido, o sexo, a idade, estatura e demais elementos que caracterizem uma determinada pessoa. A odontolegista do DPTC, Izabella Goetten, explicou que toda ossada que é encontrada, passa por uma série de processos a serem re- alizados no setor de antropologia, uma delas é a radiografi a. “Sempre que um cadáver chega ao nosso setor de antropologia, nós fazemos uma ra- diografi a do corpo inteiro, para tentar identi- fi car qualquer fato individualizante que pos- sa nos ajudar no processo de identifi cação. E quando esse cadáver chega para nossa equi- pe, ele já está em um estado bem avançado, a partir disso, nós tentamos encontrar dados sufi cientes que possamos conseguir identifi - cá-los”, explicou. Após a radiografi a, o cadáver passa pela identifi cação do perfi l biológico da pessoa, e antropométrica, para avaliar seu gênero, o peso, a altura, entre outros aspectos físicos da- quele indivíduo. “O cadáver é processado para ser analisado, após esse processamento, nós analisamos osso por osso para tentar traçar um perfi l biológico. O perfi l biológico é composto pelo sexo, idade, estatura, ancestralidade, e após isso, consegui- mos afunilar um possível dado suposto para jogar no banco de dados de desaparecidos e conseguir encontrar identifi car a pessoa”, res- saltou a odontolegista. Casos solucionados Foi por meio deste método que as equipes do DPTC conseguiram identifi car que uma os- sada encaminhada ao IML, em fevereiro deste ano, era compatível com a de um homem de 26 anos, que estava desaparecido há alguns meses. A vítima foi identifi cada após os peritos notarem placas ortopédicas no cadáver. “No mês de fevereiro deu entrada no IML, um cadáver no processo de semi-esqueletização. E, durante o processo da radiografi a, nós verifi ca- mos que ele tinha vários traumas que provavel- mente tenham sido cometidos ainda em vida, e também notamos que tinha realizado alguns procedimentos cirúrgicos ortopédicos, porque ele apresentava placas em alguns ossos do cor- po dele”, disse a perita. Após uma análise minuciosa da equipe, os profi ssionais lo- calizaram a partir do número de protocolo das placas, o local em que homem fez as ci- rurgias e o nome dos familiares. “Nós temos um setor dentro do IML operacional que foi atrás dessa família, os chamamos para conversar e relataram que o homem vivia em situação de rua. Por muitas vezes, os próprios familiares acompanhavam ele nas internações do hospital e, durante esses procedimentos cirúrgicos que foram colocadas essas placas. “, disse Izabella. Apoio às famílias Izabella ressalta a importância que a antro- pologia forense e o serviço de psicossocial pro- porcionam às famílias de maneira humanitária, na identifi cação do cadáver e entrega para rea- lizarem o sepultamento. “Toda vez que chegam familiares à procura de um ente desaparecido, eles são direciona- dos ao psicossocial do IML, onde eles conver- sam, entendem a situação, preenchem um for- mulário onde constam algumas informações, esses dados são fundamentais para a nossa análise, durante a comparação”, ressaltou. Carlos Soares/SSP-AM O cadáver passa por diversos processos até fi nalizar a identifi cação da vítima Peritos do Amazonas usam antropologia forense para identifi car ossadas humanas A especialidade realiza a perícia em ossada humana, utilizando ferramentas capazes de identifi car a causa da morte, o tempo decorrido, o sexo e a idade VÁLIDO SOMENTE COM AUTENTICAÇÃOFechar