DOU 21/08/2024 - Diário Oficial da União - Brasil

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16
Nº 161, quarta-feira, 21 de agosto de 2024
ISSN 1677-7042
Seção 1
desenvolvimento (quanto mais adiantado o ciclo, maior o prejuízo). As principais doenças que
atacam a cultura, nessa zona manchas foliares e giberela (doença de difícil controle), além de
ferrugem.
Na região tropical, deficiência hídrica (em cultivos de sequeiro) e excesso de calor
(temperaturas elevadas, causando esterilidade nas espigas) são os principais limitantes. Em
termos de sanidade vegetal, pela dificuldade de controle, brusone, tanto no sistema sequeiro
quanto irrigado, destaca-se como a doença mais problemática para a produção de cevada.
Objetivou-se, com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, identificar os
municípios aptos e o período de semeadura, para o cultivo, em sistema de sequeiro, da cevada,
com probabilidades de perdas de rendimento de grãos inferiores a 20%, 30% e 40% devido à
ocorrência de eventos meteorológicos adversos. Assim, contribuindo, como ferramenta de
gestão de riscos, para a expansão das áreas agrícolas, redução das perdas de produtividade e
estabilidade da produção desse cereal no País.
O modelo para cálculo do balanço hídrico utilizado no ZARC foi o SARRA (Systeme
d'Analyse Regionale des Risques Agroclimatiques). Este modelo foi usado para se obter as
necessidades hídricas e o Índice de Satisfação da Necessidade de Água para a cultura (ISNA),
que foi definido como a razão entre a evapotranspiração real da cultura (ETr) e
evapotranspiração máxima ou potencial da cultura (Etc).
Ressalta-se que se trata de um modelo agroclimático, cujo pressuposto é de não
ocorrência de limitações por fertilidade de solo ou danos às plantas por ocorrência de plantas
daninhas, insetos-pragas e doenças.
Para delimitação das áreas aptas ao cultivo da cevada de sequeiro, em condições
de baixo risco, foram adotados os seguintes parâmetros e variáveis:
I. Precipitação Pluvial:
Foram utilizadas séries de dados de chuva preferencialmente com 30 anos de
dados. Somente em regiões com escassez de séries de dados de longa duração foram
consideradas séries com um mínimo de 15 anos de dados diários, contabilizando um total de
3.500 séries pluviométricas;
II. Evapotranspiração de referência (ETo):
A ETo foi utilizada através de médias decendiais calculadas pelo método de
Hargreaves e Samani, previamente adaptado e recalibrado para as condições brasileiras.
III. Coeficiente de cultura (Kc):
As curvas de Kc, conforme modelo conceitual FAO - 56, foram geradas para valores
decendiais, por meio de um modelo bilogístico ajustado a partir de valores de Kc iniciais (0,40),
máximo (1,00) e final (0,40). Os valores decendiais de Kc foram gerados para cada agrupamento
de cultivares. O Kc, utilizado para a determinação da Evapotranspiração Máxima da Cultura
(Etc.) decendial para cada unidade da federação, são apresentados nas tabelas abaixo:
.
Ciclo
(dias)
.Decêndios
. .
.1
.2
.3
.4
.5
.6
.7
.8
.9
.
.110
.0,4
.0,44
.0,56
.0,74
.0,89
.0,96
.0,98
.0,97
.0,92
.
.120
.0,4
.0,44
.0,55
.0,72
.0,88
.0,95
.0,98
.0,98
.0,96
.
.130
.0,4
.0,44
.0,54
.0,7
.0,86
.0,94
.0,98
.0,99
.0,98
.
.140
.0,4
.0,44
.0,53
.0,69
.0,84
.0,93
.0,97
.0,98
.0,99
.
.150
.0,4
.0,43
.0,52
.0,67
.0,83
.0,92
.0,97
.0,98
.0,99
.
.160
.0,4
.0,43
.0,51
.0,65
.0,81
.0,91
.0,96
.0,98
.0,99
.
.170
.0,4
.0,43
.0,51
.0,64
.0,79
.0,9
.0,96
.0,98
.0,99
.
Ciclo
(dias)
Decêndios
.
.
. .
.10
.11
.12
.13
.14
.15
.16
.17
.
.110
.0,76
.0,51
.
.
.
.
.
.
.
.120
.0,9
.0,74
.0,5
.
.
.
.
.
.
.130
.0,96
.0,89
.0,72
.0,5
.
.
.
.
.
.140
.0,98
.0,95
.0,87
.0,71
.0,49
.
.
.
.
.150
.0,98
.0,97
.0,94
.0,86
.0,69
.0,49
.
.
.
.160
.0,99
.0,98
.0,97
.0,93
.0,84
.0,68
.0,49
.
.
.170
.0,99
.0,99
.0,98
.0,96
.0,92
.0,83
.0,67
.0,49
IV. Temperatura:
Foi considerado o risco de geada foi estimado pela análise da frequência de
ocorrência de temperaturas do ar igual ou menor a 1,0 °C, com base na temperatura do ar em
abrigo meteorológico. O diagnóstico de risco de geada foi considerado em dois decêndios (20
dias) ao redor do espigamento, incluindo o decêndio imediatamente anterior (n-1) e no
decêndio do espigamento (n).
V. Ciclo e Fases fenológicas:
Fase I: Estabelecimento da cultura (semeadura/emergência); Fase II: Crescimento
Vegetativo; Fase III: Espigamento/floração/enchimento de grãos; Fase IV: Maturação. As
cultivares de cevada foram classificadas em três grupos de cultivares:
.
.Grupo
.Nº médio de dias da emergência à maturação
ponto de colheita
.
.Grupo I
.£ 130
.
.Grupo II
.131 - 150
.
.Grupo III
.> 150
VI. Capacidade de Água Disponível (CAD):
A Capacidade de Armazenamento de Água Disponível (CAD) para a cultura da
cevada foi estimada com base na profundidade efetiva do sistema radicular (Ze), e a Água
Disponível (AD) nas diferentes classes. Foram considerados 6 classes de solos, AD1, AD2, AD3,
AD4, AD5 e AD6; com capacidade de armazenamento de 24 mm, 32 mm, 42 mm, 55 mm, 72
mm e 95mm, respectivamente; e uma profundidade efetiva média do sistema radicular (Ze) de
60 cm.
Estas informações foram incorporadas ao modelo de balanço hídrico para a
realização das simulações necessárias para identificação dos períodos favoráveis para a
semeadura. Foram realizadas simulações para 36 períodos de semeadura, espaçados de 10
dias, entre os meses de janeiro a dezembro.
VII. Índice de Satisfação das Necessidades de Água (ISNA):
A partir das simulações foram obtidos os valores médios do ISNA para cada data de
simulação de semeadura. O modelo estimou os índices de satisfação da necessidade de água
(ISNA), definidos como sendo a razão existente entre evapotranspiração real (ETr) e a
evapotranspiração máxima da cultura (Etc.) para cada fase de interesse da cultura e para cada
estação pluviométrica.
Procedeu-se a análise frequencial das séries de resultados anuais para a verificação
da frequência de ocorrência de anos-safra com valores de ISNA abaixo do limite crítico para a
cultura em cada fase de interesse.
O evento adverso fica caracterizado quando o ISNA de uma determinada safra ficou
abaixo do limite crítico. Posteriormente, os valores de ISNA correspondentes aos percentis de
20%, 30% e 40% de risco foram georreferenciados por meio da latitude e longitude e, com a
utilização de um sistema de informações geográficas (SIG), foram espacializados por meio de
um estimador espacial geoestatístico (krigagem ordinária) para a determinação dos mapas
temáticos de risco.
Foi considerado um ISNA ³ 0,6 na Fase I - Estabelecimento da cultura, ISNA ³ 0,45
na Fase III - Espigamento/floração/enchimento de grãos.
VIII. Precipitação: O risco de excesso hídrico no final do ciclo na Fase IV (20 dias final
do ciclo) foi calculado pelo total de chuva maior ou igual a 185 mm.
Considerou-se apto para o cultivo da cevada de sequeiro os municípios que
apresentaram, em no mínimo 20% de sua área, com condições climáticas dentro dos critérios
considerados.
Notas:
Os resultados do Zarc são gerados considerando um manejo agronômico adequado
para o bom desenvolvimento, crescimento e produtividade da cultura, compatível com as
condições de cada localidade. Falhas ou deficiências de manejo de diversos tipos, desde a
fertilidade do solo até o manejo de pragas e doenças; ou escolha de cultivares inadequados
para o ambiente edafoclimático, podem resultar em perdas graves de produtividade ou agravar
perdas geradas por eventos meteorológicos adversos. Portanto, é indispensável: utilizar
tecnologia de produção adequada para a condição edafoclimática; controlar efetivamente as
plantas daninhas, pragas e doenças durante o cultivo; adotar práticas de manejo e conservação
de solos.
A gestão de riscos de natureza climática na cultura de cevada de sequeiro pode ser
melhorada pela assistência técnica local, via a diluição de riscos, quando são associadas, ao
calendário de semeadura preconizado nas Portarias do ZARC Cevada Sequeiro, práticas de
manejo de cultivos que contemplem a rotação de culturas, o escalonamento de épocas de
semeadura e a diversificação de cultivares (com ciclos diferentes) em uma mesma propriedade
rural.
As lavouras irrigadas não estão restritas aos períodos de plantio indicados nas
Portarias para sequeiro, cabendo ao interessado observar as indicações: do ZARC específico
para a cultura irrigada (quando houver); ou da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER)
oficial para as condições locais de cada agroecossistema.
Informações detalhadas para a condução de uma lavoura de cevada sequeiro, da
semeadura à colheita, podem ser encontradas nas Informações Técnicas anuais da Comissão
Brasileira de Pesquisa de Cevada, disponíveis em (escolher a versão mais atual, conforme safra
alvo):
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1153987/1/
IndicacoesTecnicasCevada-Safra2023-2024-.pdf
2. TIPOS DE SOLOS APTOS AO CULTIVO
São aptos ao cultivo da cultura no estado as seis classes de água disponível
AD1,
AD2,
AD3,
AD4,
AD5
e
AD6, que
podem
ser
estimadas
por
função
de
pedotransferência em função dos percentuais granulométricos de areia total, silte e argila,
conforme especificado na Instrução Normativa SPA/MAPA nº 1, de 21 de junho de 2022.
Limite inferior e superior para seis classes de AD a serem utilizadas nas avaliações
de risco de déficit hídrico do Zoneamento Agrícola de Risco Climático.
. .Limite 
inferior
(mm cm-1)
Classes de AD
.
.Limite 
superior
(mm cm-1)
.
.0,34
£
AD1
.<
.0,46
.
.0,46
£
AD2
.<
.0,61
.
.0,61
£
AD3
.<
.0,80
.
.0,80
£
AD4
.<
.1,06
.
.1,06
£
AD5
.<
.1,40
.
.1,40
£
AD6
.£
.1,84*
* amostras de solo com composição granulométrica que eventualmente resulte em estimativa
de AD acima de 1,84 mm cm-1 serão representadas pela classe AD6.
Não são indicadas para o cultivo:
- áreas de preservação permanente, de acordo com a Lei 12.651, de 25 de maio de 2012;
- áreas com solos que apresentam profundidade inferior a 50 cm ou com solos muito
pedregosos, isto é, solos nos quais calhaus e matacões ocupem mais de 15% da massa e/ou da
superfície do terreno.
- áreas que não atendam às determinações da Legislação Ambiental vigente, do Zoneamento
Ecológico Econômico (ZEE) dos estados.
3. TABELA DE PERÍODOS DE SEMEADURA E EMERGÊNCIA ESPERADA
O Zarc indica os períodos de plantio em períodos decendiais (dez dias). Nas culturas
anuais, o intervalo entre a semeadura e a emergência das plântulas têm relevância para o
estabelecimento da cultura no campo e, portanto, para a correta estimativa da duração do
ciclo assim como para o cálculo do risco climático para o ciclo de cultivo como um todo. O risco
do ciclo de cultivo estimado para cada decêndio de semeadura considera um intervalo médio
entre 5 e 10 dias para ocorrência da emergência. A tabela abaixo indica a data e o mês que
corresponde cada período de plantio/semeadura decendial.
.
.Períodos
.1
.2
.3
.4
.5
.6
.7
.8
.9
.10
.11
.12
.
.Datas
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a 28
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
30
.
.Meses
.Janeiro
.Fe v e r e i r o
.Março
.Abril
.
.Períodos
.13
.14
.15
.16
.17
.18
.19
.20
.21
.22
.23
.24
.
.Datas
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
30
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.
.Meses
.Maio
.Junho
.Julho
.Agosto
.
.Períodos
.25
.26
.27
.28
.29
.30
.31
.32
.33
.34
.35
.36
.
.Datas
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
30
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
30
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.
.Meses
.Setembro
.Outubro
.Novembro
.Dezembro
4. CULTIVARES INDICADAS
Para efeito de indicação dos períodos de plantio, as cultivares indicadas pelos
obtentores/mantenedores para o estado, foram agrupadas conforme a seguir especificado.
GRUPO I
AGRICOLA E SEMENTES SCHERER: LONGA VIDA 2001;
COOPERATIVA AGRÁRIA AGROINDUSTRIAL: Princesa, Duquesa;
EMBRAPA TRIGO - CNPT: BRS Farewell, BRS Cryst;
FADISOL SEMILHA SEMENTES LTDA: Irina;
FAPA - FUNDAÇÃO AGRARIA DE PESQUISA AGROPECUARIA: Imperatriz, ANA 02.
GRUPO II
COOPERATIVA AGRÁRIA AGROINDUSTRIAL: Fandaga;
EMBRAPA TRIGO - CNPT: BRS Quaranta, BRS Korbel, BRS Aurine, BRS Cauê, BRS
BRAU, BRS GPetra, BRS Kolinda;
FAPA - FUNDAÇÃO AGRARIA DE PESQUISA AGROPECUARIA: ANAG 01, Danielle;
FILIAL MALTARIA PASSO FUNDO: ABI Rubi, ABI Valente, ABI Invicta.
Com base nas informações prestadas pelos obtentores/mantenedores, nenhuma
das cultivares indicadas para o estado obteve enquadramento no Grupo III.
Notas:
1. Informações específicas sobre as cultivares indicadas devem ser obtidas junto
aos respectivos obtentores/mantenedores.
2. Devem ser utilizadas no plantio sementes produzidas em conformidade com a
legislação brasileira sobre sementes e mudas (Lei nº 10.711, de 5 de agosto de 2003, e Decreto
nº 10.586, de 18 de dezembro de 2020).
5. RELAÇÃO DOS MUNICÍPIOS APTOS AO CULTIVO, PERÍODOS INDICADOS PARA
SEMEADURA E PERÍODOS ACEITOS DE EMERGÊNCIA
NOTA: Para culturas anuais, o ZARC faz avaliações de risco para períodos decendiais
(10 dias) de semeadura e assume que a emergência ocorra, majoritariamente, em até 10 dias
após a semeadura. Para os casos excepcionais em que a emergência ocorrer com 11 ou mais
dias de atraso em relação a semeadura, deve-se considerar como referência o risco do
decêndio imediatamente anterior ao da emergência identificada.
A relação dos municípios aptos ao cultivo e os períodos indicados para implantação
da cultura estão disponibilizados no Painel de Indicação de Riscos no site do Ministério da
Agricultura e Pecuária, conforme o Art. 6º da Portaria MAPA nº 412, de 30 de dezembro de
2020.
Para consultar o Zarc Cevada, deve-se acessar o "Zarc Oficial" e selecionar os
campos obrigatórios para obter o resultado da pesquisa, conforme indicado abaixo:
1. Safra: "2024/2025";
2. Cultura: "Cevada";
3. Outros Manejos: "Sequeiro";
4. Clima: "Não se aplica";
5. Grupo: Selecionar o grupo desejado;
6. Solo: Selecionar a classe de AD desejada;
7. UF: "SC".

                            

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