DOU 03/02/2025 - Diário Oficial da União - Brasil

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Nº 23, segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025
ISSN 1677-7042
Seção 1
objetos uma força de preensão que, teoricamente, deve ser a menor possível, de tal forma
a não causar fadiga e problemas musculoesqueléticos a quem executa a atividade.
A preensão é a capacidade da mão em segurar um objeto. Existem dois tipos
básicos, quais sejam:
a) a preensão de força, que ocorre com a ação de flexão dos quatro dedos e
polegar de encontro com a palma da mão, com o propósito de transmitir força para um
objeto;
b) a preensão de precisão, que está relacionada à aproximação dos dedos
polegar e indicador ou outros para formar pinças funcionais, em movimentos de maior
precisão e pequenas forças.
A atividade do corte de cana-de-açúcar envolve, principalmente, a preensão de
força, cujas fases compreendem o fechamento dos dedos e polegar para agarrar o objeto
e adaptar-se à sua forma e exercer força suficiente para prender o objeto e executar a
atividade.
A força exercida pelas mãos sobre os objetos, a força de preensão, depende de
vários fatores, entre as quais a forma do objeto, o tipo de superfície do objeto, a presença
de materiais lubrificantes. No caso do corte de cana-de-açúcar, podem estar presente
umidade (chuva), suor e melaço da cana, por exemplo.
A força de preensão pode ser medida de várias formas. Geralmente essas
medições são realizadas no âmbito fisioterápico, na recuperação de pacientes que sofrem
algum tipo de lesão nos membros superiores. Existem várias formas de se realizar a
medição da força de preensão, sendo a mais comum a que utiliza um equipamento
simples, disponível comercialmente como dinamômetro tipo Jamar, como o ilustrado na
Figura 4 abaixo.
Figura 4 - Dinamômetro Jamar
1_MTE_3_005
A.2.2 Influência do uso das luvas na força de preensão
Em estudos realizados por diversos pesquisadores, visando quantificar a
influência
da
força de
preensão
quando
uma
pessoa
utiliza uma
luva,
ficou
demonstrado que a força de preensão sem o uso de luvas é significativamente menor
do que quando se utilizam luvas. A força de preensão pode ser, por exemplo, 10% ou
40% maior quando se usam luvas, se comparada com a força da mão nua para
executar a mesma atividade. Com relação a este aspecto, quanto menos aumentar a
força de preensão com a luva em relação à execução da mesma tarefa com a mão nua,
melhor será a luva.
O aumento de força de preensão quando se utilizam luvas consiste em maior
esforço do trabalhador para realizar uma tarefa e, logicamente, maior fadiga e maior risco
de acidente, como, por exemplo, deixar escapar a ferramenta de trabalho. No entanto,
existem atividades que não podem ser realizadas sem luvas de proteção.
O uso da luva visa proteger o trabalhador de riscos mecânicos (abrasão,
corte e perfuração).
Os principais fatores que determinam a força de preensão quando se
utilizam luvas, aliados aos já citados anteriormente, são:
I - fatores relacionados à luva de proteção:
a) materiais da luva;
b) materiais da superfície palmar, que deve proporcionar a "pega";
c) espessura da luva;
d) adaptação do formato da luva ao formato da mão, incluindo a disponibilidade
e o uso do tamanho correto de luva, sem que esta fique apertada ou folgada;
e) sensibilidade tátil com o uso da luva;
f) destreza dos dedos (sensibilidade tátil dos dedos);
g) flexibilidade, não devendo a luva impedir ou dificultar os movimentos da mão;
h) posicionamento e tipo de costuras;
i) tipo de junção de peças, tipo de chanfração de peças, como, por exemplo,
em luvas de couros;
j) peso da luva;
II - outros fatores:
a) formato e volume do objeto, se for uma ferramenta, como, por exemplo, o
facão, o cabo deve se adaptar ao formato do fechamento da mão, devendo ser anatômico;
b) superfície do objeto, devendo a superfície do cabo proporcionar a "pega";
c) presença de elementos lubrificantes entre a mão e o objeto manuseado,
como a umidade, suor, melaço da cana, entre outros;
d) tipo e frequência de movimentos e fadiga do trabalhador.
Pelos
fatores acima
expostos, as
luvas
podem apresentar
algumas
características para não proporcionar um grande aumento da força de preensão por
parte do trabalhador quando as utilizar, comparando- se com a força de preensão se
a mão estivesse nua que, de forma exemplificativa, são:
a) o formato da luva deve se adaptar o mais fielmente possível à forma das
mãos, proporcionando no nível mais elevado possível os seguintes fatores: sensibilidade
tátil (capacidade de sentir o objeto quando em contato com o mesmo), destreza dos
dedos, flexibilidade e liberdade de movimentos, o que pode ser obtido através da
utilização de materiais com a menor espessura possível, respeitando- se a proteção e
os níveis de desempenho esperados, e da disponibilização de uma gama de tamanhos
suficientes para atender a todos os tamanhos de mão;
b) 
utilização 
de 
materiais 
que 
proporcionem 
conforto 
térmico 
e
propriedades, tais como, a permeação do suor para o ambiente;
c) uso de materiais na palma da mão, incluindo face palmar dos dedos, que
proporcionem alto coeficiente de atrito com os materiais a serem manuseados (cabo do
facão e cana), principalmente em relação à mão do facão;
d) tipo de construção que não traga dificuldades para pegar objetos, que
não cause dores e fadiga, tais como costuras inadequadas, materiais sobrepostos ou
saliências.
A.3 Corte por impacto
Deve ser esclarecido que o ensaio de corte previsto neste Regulamento é
um método normatizado e mundialmente conhecido por meio da norma EN 388 - Luvas
de proteção contra riscos mecânicos.
A norma EN 388 também fornece como opção a realização do ensaio de
corte através de um método que usa o princípio de corte por uma navalha de
movimento alternativo (movimento de vai-e-vem), conforme a norma ISO 13999.
Estes métodos servem para comparar materiais e também para estabelecer
níveis de desempenho mínimo em alguns tipos de produtos como, por exemplo, luva
para uso em operações de combate a incêndio, ensaiada pela norma EN 659 - Luvas
para bombeiros, que deve ter nível de desempenho dois para corte, quando realizado
o ensaio por um dos métodos acima.
Este Regulamento Técnico também referência o ensaio de corte pela EN
388, um dos métodos descritos acima, e estabelece o nível de desempenho mínimo de
dois na palma da mão do (facão/cana) e no dorso da mão da cana. Quanto à definição
do mesmo desempenho mínimo para a palma da luva da mão da cana e do facão,
considerou-se o risco de corte na palma da mão da cana pelo manuseio da cana-de-
açúcar, como também na mão do facão, pois existe o manuseio da cana-de-açúcar após
o corte, conferindo total coerência ao critério adotado.
No entanto, com relação a um possível corte por impacto do facão no dorso
da mão da cana, a utilização deste critério deve-se à falta de um método normatizado
ou mesmo experimental, para medir um eventual corte provocado pelo impacto do
facão contra a mão da cana. Existe um método para medição de corte por impacto
descrito na norma ISO 13999, que é utilizado para ensaiar luvas de proteção contra
cortes por facas manuais e objetos cortantes similares, fabricadas em malha de aço ou
outros materiais alternativos. O método, entretanto, simula o impacto da ponta da
faca, bastante diferente do que ocorre no corte de cana-de-açúcar, pois, se houver
algum acidente, este será causado pelo impacto do gume da faca (meio da faca).
Todavia, algumas considerações de construção foram abordadas no decorrer
do texto deste Regulamento Técnico, que podem ser observadas no item 4. O
estabelecimento de um nível de desempenho mínimo para a resistência ao corte,
conforme ensaio pela
norma EN 388, visa
a não utilização de
materiais que,
reconhecidamente, não protegeriam nem sequer para pequenos impactos e eventuais
cortes como, por exemplo, os provocados no desponte das canas.
Assim, cabe esclarecer que uma luva fabricada sob a luz deste Regulamento
Técnico pode minimizar, mas não evitar sequelas ao trabalhador caso haja um acidente
envolvendo corte por impacto do facão. Deve também ser citado que o impacto pode
provocar esmagamento da área atingida.
Através do histórico de algumas empresas, relacionado com a ocorrência de
acidentes por corte por impacto, percebe-se que esses acidentes vêm diminuindo com
o tempo. Alegam as empresas envolvidas que esse tipo de acidente está relacionado,
principalmente, à questão de treinamento do trabalhador, já que a mão da cana não
deve ficar na trajetória do facão. Existe uma forma de trabalho em que o risco de
corte por impacto pode ser evitado, pois o abraço da cana deve fazer com que a mão
fique longe do impacto do facão.
Então, recomenda-se às empresas usuárias de luvas de proteção que
enfatizem essa questão aos trabalhadores, treinando-os e verificando periodicamente a
eficácia desses treinamentos. Deve-se ponderar, também, que as condições de trabalho
podem influenciar na ocorrência desses acidentes, principalmente quando os
trabalhadores prestam serviços sob forte fadiga, que pode decorrer das condições
climáticas, sistemas de produção, terrenos acidentados ou em desnível, entre outros,
devendo essas situações serem consideradas.
Quanto aos fabricantes de luvas, é importante esclarecer que esforços têm
sido realizados no sentido de diminuir possíveis sequelas em acidentes provocados pelo
impacto do facão. A construção de luvas com mecanismos que visam diminuir esses
danos tem surgido com o decorrer dos anos, como, por exemplo, o uso do fio de aço
para proteger a região do dorso do polegar e do indicador da mão da cana.
Durante a elaboração deste Regulamento Técnico discutiu-se longamente
sobre a necessidade de que a proteção fosse estendida a todo o dorso da mão,
incluindo a região do punho e parte do antebraço.
No entanto, um maior nível de proteção nesta região envolve a utilização de
materiais que podem impedir ou dificultar a movimentação da mão e a flexibilidade
dos dedos, o que exigiria a utilização de materiais com níveis de proteção bem maiores
com relação à questão de corte por impacto. Então, a exigência de um requisito para
proteção contra o risco de corte por impacto poderia atrapalhar a questão da
flexibilidade, que é bastante citada em pesquisas envolvendo trabalhadores. Assim,
concluiu-se pela não criação de um requisito específico para proteção contra corte por
impacto.
No entanto, mesmo com a falta de um requisito específico, os fabricantes
podem e devem continuar realizando pesquisas no sentido de que novos produtos
sejam lançados, visando uma melhor proteção do usuário contra o risco de corte por
impacto e, se possível, principalmente, no dorso da mão da cana.
A.4 A influência do ambiente de trabalho no desempenho das luvas de
proteção
A atividade de corte de cana-de-açúcar é realizada em ambiente aberto e
sujeito a condições que podem influenciar no desempenho e durabilidade das luvas de
proteção.
A atividade realizada no campo inclui a presença de terra, poeira, fuligem da
queima da cana, suor, melaço da cana e, às vezes, a presença de água ou umidade
proveniente de chuva ou tempo úmido. Além disso, como as luvas ficam sujas ao final
de um dia de trabalho, os trabalhadores tendem a lavar as luvas, mesmo, às vezes, não
sendo isso recomendado, como, por exemplo, em relação a algumas luvas de couro.
Assim, ainda acresce-se aos outros agentes, a água para a lavagem e produtos de
limpeza.
Esses agentes podem provocar a aceleração do desgaste ou alterações,
como o endurecimento ou a degradação dos materiais das luvas.
Este Regulamento Técnico prevê que, se existirem instruções de uso para
lavagem das luvas, estas devem ser repassadas ao usuário e, neste caso, o processo de
lavagem ou limpeza deve ser seguido pelo número de ciclos recomendado pelo
fabricante (até cinco ciclos ou considerar cinco ciclos se o número recomendado for
maior) para, posteriormente, as luvas passarem pelos ensaios pertinentes.

                            

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