DOU 29/10/2025 - Diário Oficial da União - Brasil

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37
Nº 206, quarta-feira, 29 de outubro de 2025
ISSN 1677-7042
Seção 1
PORTARIA SPA/MAPA Nº 451, DE 22 DE OUTUBRO DE 2025
Aprova o Zoneamento Agrícola de Risco Climático -
ZARC para a cultura do trigo para duplo propósito
(forragem + grão), em
sistema de cultivo de
sequeiro, 
no 
estado
do 
Paraná, 
ano-safra
2025/2026.
O SECRETÁRIO DE POLÍTICA AGRÍCOLA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E
PECUÁRIA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 49 do Decreto nº 11.332, de 1º
de janeiro de 2023, e tendo em vista o disposto no Decreto nº 9.841, de 18 de junho de
2019, na Portaria MAPA nº 412, de 30 de dezembro de 2020, na Instrução Normativa nº
3, de 14 de outubro de 2008, na Instrução Normativa nº 16, de 9 de abril de 2018, na
Instrução Normativa SPA/MAPA nº 1, de 21 de junho de 2022, e o que consta do processo
nº 21000.025905/2020-14,
resolve:
Art. 1º Fica aprovado o Zoneamento Agrícola de Risco Climático - ZARC para a
cultura do trigo para duplo propósito (forragem + grão), em sistema de cultivo de sequeiro,
no estado do Paraná, ano-safra 2025/2026, conforme anexo.
Parágrafo único. Esta Portaria tem vigência específica para o ano-safra definido
no caput.
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação.
GUILHERME CAMPOS JÚNIOR
ANEXO
1. Zoneamento agrícola de risco climático para a cultura do trigo para duplo
propósito (forragem + grão)
1.1. O trigo (Triticum aestivum L.) é cultivado no Brasil desde o extremo sul até
o norte do País. Nesta ampla região estão contempladas zonas climáticas temperadas,
subtropicais e tropicais, ocupando solos com e sem alumínio trocável, de classes texturais
e com aptidão para usos agrícolas distintos, fazendo com que seja fundamental o
entendimento das relações entre as necessidades da cultura e a disponibilidade de
recursos do ambiente para a produção desse cereal em bases competitivas e sustentáveis
no País.
1.2. Majoritariamente o trigo no Brasil é produzido em sistema sequeiro,
concentrado no Sul do Brasil. No centro do País, regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste,
produz-se trigo tanto no sistema sequeiro quanto no sistema irrigado. E, em sistemas
integrados com pecuária (forragem + grãos), exclusivamente na Região Sul.
1.3. O chamado trigo de duplo propósito, que possui aptidão para a produção
de forragem (pastejo/corte) e grãos na mesma estação de crescimento, conforme
experiências que têm sido levadas a cabo há vários anos no sul do Brasil, são alternativas
que visam à otimização do uso da terra no inverno, pela integração lavoura-pecuária,– –
facultando a cobertura do solo após a colheita dos cultivos de verão, atenuando o vazio
forrageiro de outono para a produção animal, diluindo os custos fixos de produção e
reduzindo os riscos pela colheita antecipada na forma de forragem.
1.4. A adoção desse sistema integrado de produção de trigo, lavoura-pecuária,
exige a adoção de tecnologia específica, envolvendo o manejo da lavoura e de animais, que
começa pela escolha da cultivar desse cereal que tenha aptidão para esse tipo de uso
(Grupo III, resistência ao pisoteio animal, maior número de afilhos, capacidade de rebrote
elevada e produção de biomassa, forragem + grão, também elevada). A semedura deve ser
antecipada (20 a 40 dias) em relação ao trigo apenas para produzir grão. Recomenda-se
usar 20% a mais de sementes (350 a 400 sementes/m2).
1.5. A realização do 1º pastejo/1ºcorte deve ser feita quando decorridos de 45
a 70 dias após emergência e as plantas atingirem de 25 a 35 cm ou produção de biomassa
contabilizar de 0,7 a 1,0 kg de matéria verde/m2 . No caso de opção pelo sistema de 2
pastejos/2cortes, deve-se respeitar o intervalo entre pastejos/cortes de 28 a 35 dias
(obervando que a base do colmo mantenha-se cheia), sempre deixando um altura de
resteva de 5 a 10 cm (retirada dos animas ou altura de corte). Após cada pastejo/corte,
deve ser aplicado 30 kg/ha de N.
1.6. Objetivou-se, com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, identificar os
municípios aptos e o período de semeadura do trigo de sequeiro para duplo propósito
(forragem + grão), envolvendo 1 Pastejo/1 Corte e 2 Pastejos/2 Cortes, em três níveis de
risco: 20%, 30% e 40%.
1.7. O modelo para cálculo do balanço hídrico utilizado no ZARC foi o SARRA
(Systeme d'Analyse Regionale des Risques Agroclimatiques). Este modelo foi usado para se
obter as necessidades hídricas e o Índice de Satisfação da Necessidade de Água para a
cultura (ISNA), que foi definido como a razão entre a evapotranspiração real da cultura
(ETr) e evapotranspiração máxima ou potencial da cultura (Etc).
1.8. Ressalta-se que por se tratar de um modelo agroclimático, parte-se do
pressuposto de que não ocorrerão limitações quanto à fertilidade dos solos ou danos às
plantas devido à ocorrência de plantas daninhas, pragas e doenças.
1.9. Para delimitação das áreas aptas ao cultivo do trigo irrigado, em condições
de baixo risco, foram adotados os seguintes parâmetros e variáveis:
a) Precipitação Pluvial: Foram utilizadas
séries de dados de chuva
preferencialmente com 30 anos de dados. Somente em regiões com escassez de séries de
dados de longa duração foram consideradas séries com um mínimo de 15 anos de dados
diários, contabilizando um total de 3.500 séries pluviométricas.
b) Evapotranspiração de referência (ETo): A ETo foi utilizada através de médias
decendiais calculadas pelo método de Hargreaves e Samani, previamente adaptado e
recalibrado para as condições brasileiras.
c) Coeficiente de cultura (Kc): As curvas de Kc, conforme modelo conceitual FA O
- 56, foram geradas para valores decendiais, por meio de um modelo bilogístico ajustado
a partir de valores de Kc iniciais (0,40), máximo (1,00) e final (0,40). Os valores decendiais
de Kc foram gerados para cada agrupamento de cultivares, usando-se como referência as
regiões homogêneas de adaptação de cultivares de trigo. O Kc, utilizado para a
determinação da Evapotranspiração Máxima da Cultura (Etc.) decendial para cada unidade
da federação, são apresentados nas tabelas abaixo:
.
Pastejo/Corte
.Decêndios
. .
.1
.2
.3
.4
.5
.6
.7
.8
.9
. .1P/1C
.0,4
.0,4
.0,4
.0,6
.0,7
.0,8
.0,4
.0,6
.0,8
. .2P/2C
.0,4
.0,4
.0,4
.0,6
.0,7
.0,8
.0,4
.0,6
.0,8
.
Pastejo/Corte
.Decêndios
. .
.10
.11
.12
.13
.14
.15
.16
.17
.18
.19
. .1P/1C
.0,9
.0,9
.0,9
.0,9
.0,8
.0,5
.0,2
.
.
.
. .2P/2C
.0,4
.0,6
.0,8
.0,9
.0,9
.0,9
.0,9
.0,8
.0,5
.0,2
d) Temperatura: Foi considerado o risco de geada foi estimado pela análise da
frequência de ocorrência de temperaturas do ar igual ou menor a 1,0 °C, com base na
temperatura do ar em abrigo meteorológico. O diagnóstico de risco de geada foi
considerado em dois decêndios (20 dias) ao redor do espigamento, incluindo o decêndio
imediatamente anterior (n-1) e no decêndio do espigamento (n).
e) 
Ciclo 
e 
Fases 
fenológicas:
Fase 
I: 
Estabelecimento 
da 
cultura
(semeadura/emergência); 
Fase 
II: 
Crescimento 
Vegetativo; 
Fase 
III:
Espigamento/floração/enchimento de grãos; Fase IV: Maturação. As cultivares de trigo que
possuem aptidão para uso em sistemas de produção e duplo propósito (forragem + grão)
são classificadas no Grupo III, conforme as características homogêneas, observadas as
regiões de adaptação (Instrução Normativa nº 3, de 14 de outubro de 2008 - SPA/MAPA ,
publicada no Diário Oficial da União, de 15 de outubro de 2008)
f)
Capacidade de
Água
Disponível (CAD):
Foi
estimada
com base
na
profundidade efetiva do sistema radicular (Ze), e a Água Disponível (AD) nas diferentes
classes. Foram considerados 6 classes de solos, AD1, AD2, AD3, AD4, AD5 e AD6; com
capacidade de armazenamento de 24 mm, 32 mm, 42 mm, 55 mm, 72 mm e 95mm,
respectivamente; e uma profundidade efetiva média do sistema radicular (Ze) de 60 cm.
g) Índice de Satisfação das Necessidades de Água (ISNA): Foi considerado um
ISNA ³ 0,6 na Fase I - Estabelecimento da cultura, ISNA ³ 0,45 na Fase III -
Espigamento/floração/enchimento de grãos.
h) Risco de Excesso Hídrico: O risco de excesso hídrico no final do ciclo na Fase
IV (20 dias final do ciclo) foi calculado pelo total de chuva maior ou igual a 185 mm.
1.10. Considerou-se apto para o cultivo do trigo duplo propósito os municípios
que apresentaram, em no mínimo 20% de sua área, condições climáticas dentro dos
critérios considerados.
1.11. Os resultados do Zarc são gerados considerando um manejo agronômico
adequado para o bom desenvolvimento, crescimento e produtividade da cultura,
compatível com as condições de cada localidade. Falhas ou deficiências de manejo de
diversos tipos, desde a fertilidade do solo até o manejo de pragas e doenças; ou escolha
de cultivares inadequados para o ambiente edafoclimático, podem resultar em perdas
graves de produtividade ou agravar perdas geradas por eventos meteorológicos adversos.
Portanto, é indispensável: utilizar tecnologia de produção adequada para a condição
edafoclimática; controlar efetivamente as plantas daninhas, pragas e doenças durante o
cultivo; adotar práticas de manejo e conservação de solos.
1.12. A gestão de riscos de natureza climática na cultura do trigo pode ser
melhorada pela assistência técnica local, via a diluição de riscos, quando são associadas, ao
calendário de semeadura preconizado nas Portarias de ZARC, práticas de manejo de
cultivos que contemplem a rotação de culturas, o escalonamento de épocas de semeadura
e a diversificação de cultivares (com ciclos diferentes) em uma mesma propriedade
rural.
1.13. Reitera-se que a adoção do sistema de produção de trigo para duplo
propósito (forragem e grãos) exige o acompanhamento técnico para um manejo adequado
dessa prática, com relação ao momento da realização de pastejos/cortes ou a entrada e
retirada dos animais nas lavouras, obedecendo critérios de desenvolvimento fenológico da
cultura, de forma que não sejam causados danos aos pontos de crescimento das plantas (a
base dos colmos deve ser mantida cheia. Se ocas, pode haver redução drástica no
rendimento de grãos). Uma vez que, em algumas circunstâncias, o rendimento final de
grãos nesse tipo de lavoura pode ser inferior ao sistema sem pastejo/corte, deve ser
contabilizado no rendimento final, nesse tipo de lavoura, a receita decorrente do ganho de
peso animal ou outra função zootécnica especializada, como produção de leite, por
pastejo/corte realizados: 100 kg/ha de carne (1 a 3 animais/ha) ou 1000 kg/ha de leite (1
a 2 animais/ha).
2. Tipos de solos aptos ao cultivo
2.1. São aptos ao cultivo da cultura no estado as seis classes de água disponível
AD1,
AD2,
AD3,
AD4,
AD5
e
AD6, que
podem
ser
estimadas
por
função
de
pedotransferência em função dos percentuais granulométricos de areia total, silte e argila,
conforme especificado na Instrução Normativa SPA/MAPA nº 1, de 21 de junho de
2022.
2.2. Limite inferior e superior para seis classes de AD a serem utilizadas nas
avaliações de risco de déficit hídrico do Zoneamento Agrícola de Risco Climático.
. .Limite 
inferior
(mm cm-1)
Classes de AD
.
.Limite superior
(mm cm-1)
.
.0,34
£
AD1
.<
.0,46
.
.0,46
£
AD2
.<
.0,61
.
.0,61
£
AD3
.<
.0,80
.
.0,80
£
AD4
.<
.1,06
.
.1,06
£
AD5
.<
.1,40
.
.1,40
£
AD6
.£
. 1,84*
* amostras de solo com composição granulométrica que eventualmente resulte
em estimativa de AD acima de 1,84 mm cm-1 serão representadas pela classe AD6.
2.3. Não são indicadas para o cultivo:
a) áreas de preservação permanente, de acordo com a Lei 12.651, de 25 de
maio de 2012;
b) áreas com solos que apresentam profundidade inferior a 50 cm ou com solos
muito pedregosos, isto é, solos nos quais calhaus e matacões ocupem mais de 15% da
massa e/ou da superfície do terreno.
c) áreas que não atendam às determinações da Legislação Ambiental vigente,
do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) dos estados.
3. Tabela de períodos de semeadura e emergência esperada
3.1. O Zarc indica os períodos de plantio em períodos decendiais (dez dias). Nas
culturas anuais, o intervalo entre a semeadura e a emergência das plântulas tem relevância
para o estabelecimento da cultura no campo e, portanto, para a correta estimativa da
duração do ciclo, assim como para o cálculo do risco climático para o ciclo de cultivo como
um todo. O risco do ciclo de cultivo estimado para cada decêndio de semeadura considera
um intervalo médio entre 5 e 10 dias para ocorrência da emergência.
3.2. Para os casos excepcionais em que a emergência ocorrer com 11 ou mais
dias de atraso em relação a semeadura, deve-se considerar como referência o risco do
decêndio imediatamente anterior ao da emergência identificada.
3.3. A tabela abaixo indica a data e o mês que corresponde a cada período de
plantio/semeadura decendial.
. .Períodos
.1
.2
.3
.4
.5
.6
.7
.8
.9
.10
.11
.12
.
.Datas
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
28
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
30
.
.Meses
.Janeiro
.Fe v e r e i r o
.Março
.Abril
. .Períodos
.13
.14
.15
.16
.17
.18
.19
.20
.21
.22
.23
.24
.
.Datas
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
30
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.
.Meses
.Maio
.Junho
.Julho
.Agosto
. .Períodos
.25
.26
.27
.28
.29
.30
.31
.32
.33
.34
.35
.36
.
.Datas
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
30
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
30
.1º
a
10
.11
a
20
.21
a
31
.
.Meses
.Setembro
.Outubro
.Novembro
.Dezembro
4. Cultivares indicadas
4.1. Para efeito de indicação dos períodos de plantio, as cultivares que possuem
aptidão para duplo propósito (forragem + grãos), envolvendo 1 Pastejo/1 Corte e 2
Pastejos/2 Cortes, indicadas pelos obtentores/mantenedores para o estado, foram
agrupadas conforme a seguir especificado.
Região 1
GRUPO III
EMBRAPA TRIGO - CNPT: BRS Tarumã, BRS TR733, BRS TR874, BRS TR931, BRS
TR133, BRS TR429;
GDM GENETICA DO BRASIL S/A: BIO182617, TBIO Ponteiro, TBIO Pastejo I,
BIO188035,
WBC192099, 
WBC201314,
WBC212666,
TBIO
Motriz, 
TBIO
Blanc,
WBC2220600.
Região 2
GRUPO III
EMBRAPA TRIGO - CNPT: BRS Pardela, BRS Tangará, BRS 374, BRS Reponte;
GDM GENETICA DO BRASIL S/A: BIO182617, TBIO Ponteiro, BIO188035,
BIO198050, BS Etanol, WBC192099, TBIO Motriz, WBC201314, TBIO Blanc, WBC2220600;
OR MELHORAMENTO DE SEMENTES LTDA: ORS 1405, ORS SELVAGEM.
Região 3
GRUPO III
EMBRAPA TRIGO - CNPT: BRS Pardela, BRS Tangará, BRS Gralha Azul, BRS
327;
GDM GENETICA DO BRASIL S/A: BIO182617, TBIO Sossego, BIO188035,
BIO188027, BIO198050, BS Etanol;

                            

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